domingo, 14 de dezembro de 2008

O tempo dos “jovens turcos”.




Em tempo de crise para o capitalismo e de dificuldades para quem o serve são grandes as dificuldades do Governo e do Partido que o suporta em manterem os portugueses e portuguesas adormecidos e indiferentes às malfeitorias que lhes são impostas.

Por todo o país a contestação ao governo e às suas políticas tem vindo em crescendo e a essa tendência o distrito de Portalegre não ficou imune. Também aqui têm vindo a afirmar-se os descontentamentos e as vontades de impor aos governantes o cumprimento das promessas não cumpridas, a mudança das políticas que já provaram não servir, o travão na sanha anti-trabalhadores e dos seus direitos.

Este movimento que tem vindo em crescendo já não engloba apenas os sectores operários privados de salário a tempo e horas ou empurrados para o desemprego pelo encerramento das suas empresas ou pela sua deslocalização para paragens onde os lucros do capital se perspectivem mais elevados.

Este “rio” arrasta consigo os utentes e os profissionais da saúde vitimados pelas políticas de encerramento de centros de saúde de serviços de atendimento permanente e pela redução de valências, de técnicos e outro pessoal. Arrasta consigo os professores, os alunos e os pais que não aceitam o encerramento das escolas, a diminuição da qualidade do ensino, o desmantelamento da escola pública e a tentativa de humilhação aos docentes e dá visibilidade ao elevado preço que o Norte Alentejano tem vindo a pagar por não ter sabido resistir ao “canto do partido socialista”

Esse tomar de consciência que tem levado à rua muitos milhares de Norte Alentejanos, na sua maioria antigos ou potenciais votantes do partido socialista tem vindo a alarmar o governo e as suas estruturas regionais e o partido que o sustém. E têm razões para alarme.

No próprio dia em que realizavam, em Nisa, o Congresso Regional a quase totalidade dos professores do país exigiam em Lisboa o direito a serem professores, a suspensão do modelo de avaliação e o estatuto da carreira que o governo lhes quer impor.

Os profissionais de saúde continuam a contestar o modelo de funcionamento da USLNA que persiste em pagar ordenados principescos a médicos exteriores ao SNS em vez de valorizar os seus profissionais, impõe a precariedade contratual a jovens enfermeiros e persiste na utilização de trabalhadores desempregados para suprir necessidades de trabalho que são efectivas.

O desemprego e o encerramento de empresas continuam a crescer, começam a aparecer os resultados (cortes nas já magras pensões) das medidas impostas na segurança social.

Todavia ao alarme perfeitamente justificado não corresponderam as medidas acertadas.

O governo que recusa aos trabalhadores a reposição do poder de compra perdido, não hesita em utilizar o erário publico em socorro dos banqueiros e do grande capital e, no que respeita ao Norte Alentejano o que se tem vindo a verificar por parte das estruturas desconcentradas de poder é um silêncio ensurdecedor enquanto por parte do partido do poder é o lançamento dos jovens turcos (boys e girls) na defesa publica do que sabem ser indefensável em tudo quanto é comunicação social que controlam ou onde têm voz.

Nessa estratégia não tem faltado os ataques aos trabalhadores em luta e aos sindicatos que os representam sejam os Sindicatos dos Professores, dos Enfermeiros, da Administração Local ou da Função Pública. Tem faltado isso sim, é a humildade em procurar reconhecer a razão dos protestos e, sobretudo, a capacidade para assumirem perante os órgãos nacionais do PS e perante o “seu” Governo a defesa da região e do direito que temos a viver aqui, com dignidade.
Diogo Serra
artigo publicado no Jornal Alto Alentejo

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