quinta-feira, 31 de julho de 2008

Até Sempre ...Álvaro Rana


FALECEU ÁLVARO RANA

Foi com pesar que a USNA/cgtp-in tomou conhecimento do falecimento de Álvaro Rana.
Álvaro Rana foi um activo sindicalista, desde a primeira hora, no processo de fundação da Intersindical, em 1970.
Foi um destacado dirigente do Sindicato dos Delegados da Propaganda Médica, antes e depois do 25 de Abril de 1974.
Integrou o 1º Secretariado estruturado da Intersindical desde 1973 e foi eleito Dirigente no 1º Congresso.
Foi membro da Comissão Executiva da CGTP-IN desde o Congresso de Todos os Sindicatos até Março de 1993, nela tendo assumido diversas responsabilidades, particularmente na direcção da área da Relações Internacional.
Na qualidade de dirigente da CGTP-IN esteve por diversas vezes no nosso distrito dando um precioso contributo na organização e na luta dos/as norte alentejanos/as.
Mesmo nos últimos anos, já reformado ou mesmo doente, manteve sempre estreita ligação e atenção aos problemas dos trabalhadores do seu sector de actividade.
Foi destacado militante do PCP e deputado à Assembleia da República eleito nas listas do seu partido.
Álvaro Rana foi um lutador perene pelas causas sociais e políticas dos trabalhadores e, nesse sentido, a sua morte constitui uma perda assinalável que se lamenta.

A Direcção da União dos Sindicatos do Norte Alentejano

(nota distribuída pelo Depº de Informação da USNA/cgtp-in

INACEITÁVEL

Primeiro o Governo, o Patronato e a UGT cozinharam as lei para retirarem direitos aos trabalhadores e construirem um Código de Trabalho à vontade dos patrões, depois os deputados do PS decidiram ir de férias descansados mas impuseram que a discussão pública da revisão do código de trabalho, em Agosto.Nada disto foi por acaso. É o presidente dos patrões que o comprova: "Vieira da Silva fez melhor que um governo de direita"..."quando a proposta final apareceu, já estava tudo discutido". A imposição da discussão pública em período de férias também não é inocente. O PS tem muitas dificuldades em defender perante o seu próprio eleitorado que a pedido do Capital quer: Destruir os contratos colectivos de trabalho e os seus direitos;Poder por-nos a trabalhar 12 horas por dia e 60 horas por semana, sem pagamento de trabalho extraordinário;"Legalizar" a precariedade, com um pequeno acréscimo da taxa para a segurança social, à custa da redução dos salários dos trabalhadores contratados;Desarticular e desestabilizar a fida familiar dos trabalhadores.É inaceitável não podemos permiti-lo!Diogo Serra

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O Ranking da Precariedade



Esta relação acompanhava a candidatura da Associação de Municipios à contratualização do QREN. Se olharmos com atenção verificaremos que dessas maiores empregadoras uma parte significativa já encerrou, outras tem a morte anunciada.

A primeira da lista tem a morte anunciada para 31 de Dezembro deste ano; as 3ª, 4ª e 16º já estão encerradas, a 17º tem salários em atraso e tem vindo a perder inúmeros trabalhadores.

Entretanto, diversas outras, que não incluem o "ranking" também estão em dificuldades ou já estão sentenciadas. São os casos entre outros da Lactogal de Avis - a encerrar dia 31 de Dezembro de 2008, da Singranova - Nisa, com salários em atraso, do Restaurante Quinta da Saúde - Portalegre, já encerrado.

Estes são os factos. Quanto às promessas dos Josés (os 150 mil postos de trabalho de Sócrates e as dezenas de empresas na zona industrial Mata Cáceres) são por enquanto, apenas isso.

Diogo Serra

terça-feira, 29 de julho de 2008

...Há sempre alguém que resiste....



… há sempre alguém que resiste…*

Nas últimas décadas, vividas em democracia política, os alentejanos têm vindo a reivindicar as condições necessárias ao desenvolvimento que ambicionam e merecem.
Os trabalhadores e trabalhadoras do Alentejo e o seu movimento sindical de classe têm persistentemente denunciado as políticas geradoras de desemprego e de desigualdades e exigido o fim das medidas penalizadoras da Região e das suas gentes.
Essa atitude de coerência e de combate tem merecido o apoio dos trabalhadores e da generalidade da população mas tem merecido também a censura, aberta ou camuflada, de sectores da sociedade alentejana que dizem, é necessário atenuar a postura reivindicativa e abandonar o discurso de exigência e denuncia que tais sectores gostam de apelidar de “cassete”.
Não querendo assumir as ligações ao capital e aos governos que em representação deste nos têm imposto tais políticas, esgrimem como argumento os importantes envelopes financeiros disponibilizados para a região ao longo dos três quadros comunitários de apoio entretanto concretizados.
Em alguns momentos, no seio do movimento sindical, foi questionada a vantagem, ou não, de continuarmos a insistir na reivindicação e denuncia a par da postura propositora que sempre desenvolvemos, ou ceder aos argumentos dos que apostam no branqueamento das razões e dos responsáveis pela manutenção do Alentejo afastado dos caminhos do progresso e do bem-estar.
Venceu a razão!
Continuamos a acreditar na justeza de nos batermos por politicas que permitam o desenvolvimento que queremos e merecemos e na necessidade de manter o discurso e a acção de acordo com a realidade vivida.
Não podemos pôr de lado a preocupação desde sempre demonstrada face ao desemprego na região, porque este continua a ser um dos principais flagelos do Alentejo e das suas gentes e, apesar da perda acentuada de população e em particular de activos, teima em não se afastar das três dezenas de milhar.
Não podemos deixar cair a denúncia da falta de investimentos, do empobrecimento das populações, do aumento das desigualdades ou da necessidade de emigrar, porque os níveis de desenvolvimento do Alentejo continuam a impor aos que aqui vivem e trabalham um rendimento significativamente abaixo do já baixíssimo rendimento médio Português.
Em 2005 o Rendimento Colectável/per capita era no Alentejo, de 12,8 mil euros enquanto a média do país se cifrava em 13,7 mil euros e o nosso poder de compra fixava-se 14 pontos percentuais abaixo da média nacional.
Esta situação é ainda mais grave se atendermos que uma parte muito significativa da população alentejana é constituída por reformados e pensionistas que auferem reformas e pensões de miséria, por um número muito significativo de desempregados e por uma população empregada (TCO) que aufere salários muito baixos. Daqui resulta que um número muito significativo sobrevive com dificuldades e conforme tem vindo a ser denunciado, um em cada três alentejanos sobrevive com um rendimento que não ultrapassa os 10 euros/dia.

Quanto às desigualdades, basta lembrar quer os números do Eurostat quer o estudo do Prof. Bruto da Costa sobre a situação no país (o detentor da maior desigualdade entre todos os membros da comunidade), para aferirmos a situação vivida no Alentejo, mas importa também recordar que a situação de desequilíbrio se faz sentir no interior da Região.
Os vários indicadores sócio-económicos começam a evidenciar a emergência de manifestações de disparidades entre as sub-regiões e, por essa via, a fragilizar uma das nossas principais valias: a unidade e coesão territorial interna da Região Alentejo.
Em tempo de congresso regional podemos concluir, que vinte e três anos depois de termos realizado em Évora o 1º Congresso do Alentejo e esgotado o ciclo de aplicação de três significativos envelopes financeiros disponibilizados por três quadros comunitários de apoio, o Alentejo manifesta o mesmo tipo de problemas estruturais e os sintomas de fragilidade económica e social, assinalados na década de 80 do século passado e esta conclusão impõe-nos, aos sindicatos e à Região, a necessidade de manter e intensificar o registo reivindicativo, a denúncia da falência das políticas impostas e dos responsáveis pela sua imposição ao país e ao Alentejo.
Estamos conscientes, que não chega constatar e denunciar esta realidade.
É fundamental que consigamos alterar o rumo e delinear e aplicar politicas que tenham em conta as necessidades e as potencialidades desta região e, sobretudo que possamos garantir que o actual QREN não venha a sofrer das mesmas insuficiências dos pacotes financeiros anteriores e possa ajudar a colocar-nos nos caminhos do desenvolvimento económico e social que ambicionamos e merecemos.
São estas as razões que têm mobilizado os alentejanos e alentejanas para a participação empenhada em todas as grandes e pequenas lutas travadas pelos trabalhadores portugueses.
Em cada momento e em cada batalha travada na região ou noutros pontos do país, a voz do Alentejo esteve sempre presente. Foi assim ao longo das últimas décadas. Foi assim nas imponentes jornadas de 2007: na greve geral de Maio, nas Mega Manifestações de Lisboa em Março Outubro na manifestação em Guimarães ou na Marcha dos Professores. Tem sido assim ao longo deste ano: no 25 e no 1º de Maio em Beja, Évora e Portalegre e, mais recentemente, na acção que colocou mais de duzentos mil trabalhadores em Lisboa, entre o Marquês e os Restauradores.
Na mega manifestação de 5 de Junho, com mais de 200 mil participantes o Alentejo voltou a estar presente com uma significativa delegação de mais de três milhares de homens e mulheres que, de forma vibrante e entusiástica, responderam ao apelo do Secretariado Inter Regional do Alentejo, contribuindo para inundar a Av. da Liberdade e dessa forma evidenciar as injustiças sociais que resultam de políticas que não têm em conta a dignidade das pessoas e impõem cada vez mais sacrifícios a quem trabalha, conforme é dolorosamente sentido na nossa Região.
Assim será no futuro próximo, porque os alentejanos e o Alentejo o exigem e merecem.

Diogo J. Serra
* publicado na revista Alentejo nº21

sexta-feira, 18 de julho de 2008

CONCERTAÇÃO SIM, SOCIAL NÃO!*


No Norte Alentejano, como no país, os trabalhadores e trabalhadoras têm vindo a perder, ano após ano, valor real nos salários.
Grande parte das famílias trabalhadoras não consegue já fazer face às necessidades do dia a dia e continuam a endividar-se.
Igualmente uma parte muito significativa do nosso tecido económico debate-se com enormes dificuldades.
Neste quadro de grandes dificuldades é no mínimo escandaloso que persistam os lucros escandalosos de algumas empresas e o governo assuma posições classistas a favor do capital financeiro e do grande patronato.
A proposta de revisão do Código do Trabalho que o governo preparou e acordou com os patrões significa um profundo retrocesso social e a aposta na matriz de baixos salários, de trabalho pouco qualificado e muito precário e constitui para regiões como a nossa, que sofrem de significativa debilidade empresarial e de um profundo “esquecimento” por parte do poder central uma enorme barreira ao desenvolvimento que reivindicamos e merecemos.
Tal como já tinha sucedido, quando da aprovação do Código do Trabalho em vigor, o actual processo de revisão foi justificado pelo governo como necessário para resolver os problemas do mercado do trabalho que os anteriores não tinham conseguido ultrapassar.
Mas a verdade é que Sócrates e Viera da Silva rasgaram as propostas e fundamentações então sustentadas pelo PS e apressaram-se a dar ao capital e ao grande patronato, o pouco que não haviam conseguido na anterior revisão.
O acordo do governo e do patronato a que a UGT deu cobertura destina-se exclusivamente à destruir a contratação colectiva, a aumentar os horários do trabalho e a embaratecer ainda mais o custo do trabalho.
É face a estes objectivos que patronato, governo e ugt não hesitaram em fazer tábua rasa do direito fundamental da contratação colectiva; não hesitaram em eliminar inúmeros direitos dos trabalhadores já hoje sujeitos a brutal exploração e baixos salários; não hesitaram em colocar a generalidade dos trabalhadores a trabalhar mais e a receber ainda menos.
Esta revisão do Código do Trabalho configura-se como um autêntico acto de banditismo político-social porque visa impor a caducidade dos contratos enquanto fonte de direitos e de progresso. Jornadas diárias de 12 horas de trabalho são um retrocesso de dois séculos.
O governo sabe que subverter um dos princípios fundamentais do Direito do trabalho, que é o do tratamento mais favorável ao trabalhador, é abria a porta aos patrões para que estes possam impor, por via de negociatas e prepotências, a introdução de normas mais desfavoráveis do que as estabelecidas na lei geral.
Reconhecidos que são os objectivos desta Revisão aceita-se a posição patronal – é a possibilidade de cada vez mais lucros; compreende-se a cobertura dada pela ugt – foi para isso que foi criada; não se compreende nem se aceita que um governo que se diz do socialismo não só faça mais um frete ao grande patronato e ao capital financeiro como para isso mande às urtigas o discurso e os compromissos usados para garantir os votos que levaram Sócrates ao governo.

De facto, É UMA VERGONHA!

Diogo Serra
* publicado no Jornal Alto Alentejo (Julho 2008)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O Alentejo face aos novos desafios.*

Trazer-vos o contributo da mais representativa organização de trabalhadores é não só motivo de orgulho pessoal mas também de significativa responsabilidade. Esforçámo-nos, por isso, para corresponder aos objectivos deste 14º Congresso e, também, às preocupações partilhadas por todo o Secretariado de que o Congresso deixasse de vez a constatação da “desgraça”, para se concentrar no futuro.

Procurámos trazer ao 14º Congresso as propostas dos trabalhadores e trabalhadoras que no Alentejo, organizados na CGTP - Intersindical Nacional, desenvolvem diariamente uma acção sindical combativa e propositora visando o duplo objectivo de combater as desigualdades e garantir o desenvolvimento.

Nas discussões travadas nas diversas estruturas da CGTP na Região, não foram poucas as vezes que nos confrontámos com a necessidade de vos trazer aqui um discurso “diferente” despido dos chavões tradicionais ou, como gostam de dizer os nossos adversários, esquecermos a “cassete”. Todavia a razão imperou sobre a vontade: não é possível discurso diferente quando se mantêm inalteradas as politicas que o tornam inevitável.

Não é possível construir novos caminhos se não tivermos em conta as razões que nos impõem o actual posicionamento.

Caras e Caros Congressistas

Em Maio de 1987 quando da realização do 2º Congresso do Alentejo, também em Beja, uma das comunicações do Movimento Sindical apresentada por José Figueira e José Serra em nome da União dos Sindicatos do Distrito de Évora, denunciava o desemprego como o maior flagelo da região que (cito) “…aliado à falta de investimentos em sectores e subsectores e ao boicote de outros (Reforma Agrária), estrategicamente importantes para o desenvolvimento desta região, tem levado ao empobrecimento de muitas populações bem como ao aumento da emigração.”

Hoje, vinte e um anos depois e de novo na cidade de Beja, é possível termos um discurso diferente?

Podemos pôr de lado a preocupação então demonstrada face ao desemprego na região? Deixou de ser verdadeira a denúncia da falta de investimentos, do empobrecimento das populações, do aumento das desigualdades ou da necessidade de emigrar?

Vejamos:

No que se refere ao desemprego a situação não melhorou e o Alentejo mantém, apesar da perda acentuada de população (despovoamento) e em particular de activos, (na maioria jovens) um desemprego que teima em não se afastar das três dezenas de milhar.




No que respeita ao empobrecimento das populações e ao aumento das desigualdades a situação não é diferente: O Alentejo continua a garantir aos que aqui vivem e trabalham um rendimento significativamente abaixo do já baixíssimo rendimento médio Português.

Em 2005 o Rendimento Colectável/ per capita era no Alentejo, de 12,8 mil euros enquanto a média do país se cifrava em 13,7 mil euros e o poder de compra das famílias, no Alentejo, fixava-se 14 pontos percentuais abaixo da média nacional.

Esta situação é ainda mais grave se atendermos que uma parte muito significativa da população alentejana é constituída por reformados e pensionistas que auferem reformas e pensões de miséria, por um número muito significativo de desempregados e por uma população empregada (TPCO) que aufere salários muito baixos. Daqui resulta que um número muito significativo vive com dificuldades e conforme tem vindo a ser denunciado, um cada três alentejanos sobrevive com um rendimento que não ultrapassa os 10 euros/dia.

Quanto às desigualdades, basta lembrar quer os números do Eurostat quer o estudo do Prof. Bruto da Costa sobre a situação no país (o detentor da maior desigualdade entre todos os membros da comunidade), para aferirmos a situação vivida no Alentejo, mas importa também recordar que a situação de desequilíbrio se faz sentir entre as diferentes regiões.
Num país, que comanda o pelotão Europeu das desigualdades, o Alentejo é camisola amarela.

O movimento sindical, não é indiferente ao fenómeno político nacional e internacional bem pelo contrario, durante décadas temos alertado e feito propostas.

No período de tempo que medeia entre 2000 e 2005 a riqueza continuou a concentrar-se em Lisboa, passando de 36,8% do PIB nacional, em 2000 para 37% em 2005

No que respeita à situação no interior da Região, os vários indicadores sócio-económicos começam a evidenciar a emergência de manifestações de disparidades entre as sub-regiões e, por essa via, a fragilizar uma das nossas principais valias: a unidade e coesão territorial interna da Região Alentejo.

Podemos assim concluir, que vinte e um anos depois e esgotado o ciclo de aplicação de três significativos envelopes financeiros disponibilizados por três quadros comunitários de apoio, o Alentejo manifesta o mesmo tipo de problemas estruturais e os sintomas de fragilidade económica e social, caracterizados pelo 2º Congresso em 1987 e esta conclusão impõe-nos, aos sindicatos e à Região, a necessidade de manter o registo reivindicativo, a denúncia da falência das políticas impostas e dos responsáveis pela sua imposição ao país e ao Alentejo.

Estamos conscientes, que não chega constatar e denunciar esta realidade.

É fundamental que consigamos alterar o rumo e delinear e aplicar politicas que tenham em conta as necessidades e as potencialidades desta região e, sobretudo que possamos garantir que o actual QREN não venha a sofrer das mesmas insuficiências que os anteriores pacotes financeiros e possa ajudar a colocar-nos nos caminhos do desenvolvimento económico e social que ambicionamos e merecemos.

O Congresso deverá, em nossa opinião, assumir os compromissos necessários a garantir o crescimento, diversificação e modernização da base económica regional, o reforço da coesão territorial interna, a criação e qualificação do emprego e da valorização do trabalho e o combate à proliferação das situações de pobreza e ao aprofundar das desigualdades.

Tais compromissos pressupõem a unidade necessária para apresentar, discutir e conseguir a definição e aplicação de políticas nacionais de combate às disparidades regionais e de diferenciação positiva das regiões mais debilitadas. Mas pressupõem igualmente a disponibilidade da região para assumir desafios e quantificar metas para o seu próprio desenvolvimento.

É nesse sentido que propomos ao Congresso e aos alentejanos e alentejanas que assumamos como objectivo regional:

- Aumentar, no período de vigência do QREN, a participação do Alentejo no PIB nacional em 1,3% passando em 2013 a representar 8% pondo fim à estagnação dos últimos anos que nos mantêm a contribuir com apenas 6,7% do PIB nacional.
- Aumentar os rendimentos médios do trabalho de forma a atingirmos em 2013, 90% da média nacional.

Como conseguir tais objectivos?

Impõe-se-nos convencer o país que Portugal nunca poderá desenvolver-se se persistir em manter um terço do seu território, detentor de enormes potencialidades e capacidades essenciais para a modernização do país, impedido de contribuir para esse desenvolvimento.

Para tanto é absolutamente necessário que os alentejanos (os homens e mulheres que aqui nasceram, os/as que aqui vivem e trabalham, os/as que amam o Alentejo) sejam chamados a opinar sobre o seu próprio futuro, que possam dispor de órgãos de poder regional de capazes de pensarem e operacionalizarem as politicas indispensáveis ao potenciar da riqueza e do desenvolvimento.

Entendemos, temo-lo aprovado nos nossos congressos em cada um dos distritos da região, que não é sensato, continuar a adiar a regionalização.

Esta Região, e entendemo-la enquanto o Alentejo histórico, incluindo os distritos de Beja, Évora e Portalegre e os concelhos do litoral integrados no distrito de Setúbal, deverá ser dotada de um poder regional legitimado pelo voto e dotado de poderes que até agora estão na esfera do governo central.

Será este Alentejo e este poder legitimado pela vontade dos alentejanos e alentejanas quem deterá as condições e a vontade de aproveitar todas as capacidades existentes na Região e as que advém da sua privilegiada localização no contexto ibérico para definir uma verdadeira estratégia de desenvolvimento:

Uma estratégia de desenvolvimento assente na criação e valorização do trabalho que permita dar resposta à necessidade de qualificar e fixar os recursos humanos e atrair novos activos.

Que garanta a manutenção de uma das nossas principais potencialidades – a coesão territorial - e que os modelos de gestão profundamente centralizados e politicamente governamentalizados dos anteriores Quadros Comunitários de Apoio vêm pondo em causa e que a governação do actual QREN estimula quer através da aposta na competitividade face à coesão territorial quer pela discriminação que impõe no que se refere a investimentos âncora com particular ênfase no norte alentejano.

Que aposte na definição de uma nova base económica regional, apostada no aumento do produto regional e de criação de emprego, assente na valorização dos produtos endógenos e em particular nas fileiras de produtos e serviços claramente diferenciadores face às regiões limítrofes como o são os produtos agro-alimentares de qualidade certificada, o riquíssimo património cultural e paisagístico, a fileira do montado e da cortiça, a existência de Alqueva e das suas potencialidades.

Apostada em dotar a região com as infra-estruturas ainda em falta e que passam por uma aposta séria na modernização da rede ferroviária a par da aposta na rede de alta velocidade, no terminar a malha rodoviária que garanta a ligação norte sul e a ligação por auto-estrada a todas as capitais de distrito e de todas as capitais de distrito às províncias extremenhas limítrofes.

Assumindo a importância estratégica do sector industrial em diferentes centros urbanos da região e a necessidade de multiplicação de projectos inovadores em parceria com as instituições de ensino superior.

Apostando no papel da Universidade e dos Politécnicos como centros de investigação, de construção de saber e motor de desenvolvimento.

São estas as premissas, aliadas à construção de espaços onde seja afirmada e consolidada a vontade dos alentejanos e alentejanas, que podem alterar para melhor a situação existente e impulsionarem a consolidação do Alentejo Desenvolvido Solidário e Coeso que tem sido a referência e a razão da luta de gerações de alentejanos.

Não devemos esperar, nem queremos, que outros façam o que a nós nos compete mas também não devemos, nem queremos, deixar de exigir aquilo que é nosso direito:

- o direito de viver e trabalhar no Alentejo. O direito a sermos nós a decidir e a construir o nosso futuro.

* Comunicação da CGTP/Alentejo no Congresso do Alentejo