CONSTRUAM-ME PORRA!
O Título do presente texto é a
reprodução da exigência que se mostrou durante décadas num muro junto a
Alqueva.
Hoje nem o muro nem a pintura
existem, substituídos que estão pelo grande lago que modificou a paisagem e a
vida de milhares de alentejanos.
Talvez valha a pena reproduzi-lo no
nosso território onde desde os anos 50 do século passado terras e gentes
esperam a construção da barragem do Pisão, também ela integrada no Plano de
Rega do Alentejo, lançado em 1957 e cuja execução se iniciou dois anos mais
tarde com o início da construção da barragem do Rio Mira. Até hoje!
O agora denominado empreendimento
de aproveitamento hidráulico de fins múltiplos do Crato inclui uma central
fotovoltaica, uma mini-hídrica e uma vasta rede de canais de regadio permitindo
o abastecimento de água para consumo público a mais de cinquenta mil pessoas e uma
agricultura de regadio em milhares de ha de terras de diversos concelhos do
Alto Alentejo.
Pelo meio a necessidade de
construir uma nova aldeia capaz de acolher os habitantes do Pisão que ficará
submerso.
É esta obra que foi sonho de
desenvolvimento e prometida por diversas vezes e diferentes primeiros-ministros
que vislumbrámos, finalmente, a ensaiar os primeiros passos entretanto travados
pela persistência de quem se lhe opõe e (talvez) pela ligeireza como os seus
defensores não acautelaram todo o vasto caminho processual que uma obra desta
envergadura pressupõe e exige.
Quando governo e CIMAA nos
garantiam que “agora é que é.. e vários milhões já foram aplicados, as dúvidas
e o cenário de “mais do mesmo” voltam a atormentar os que vivem tal ansiedade
há décadas e desde logo os habitantes da Aldeia do Pisão cuja espectativa de
mudar de lar os atinge há meio século e lhes tem impedido quaisquer possibilidades
de programarem o seu futura e o das suas famílias.
Por solicitação dos opositores da
construção o Tribunal de Castelo Branco anulou um documento imprescindível à construção
da obra, a Declaração de Impacte Ambiental do projeto o que impõe a paralisação
total da construção.
Seguir-se-ão recursos e
contrarrecursos e o inevitável arrastar da decisão. Situação que já levou a que
a sua construção já não possa ser financiada pelo PRR em cuja reprogramação já
não está incluído.
Os governantes já vieram afirmar
que serão encontradas outras fontes de financiamento com o objetivo, penso, de
acalmar as suas fileiras e não como real garantia de que o Alto Alentejo
encontrará no Estado centralista a possibilidade e vontade para encontrar os
150 milhões de euros que a obra custa e que agora o PRR deixou de contemplar.
E é fundamental para o Alto
Alentejo e as nossas gentes que a afirmação dos governantes e da própria CIMAA
tenha suporte efetivo. Este território não pode continuar adiado.
O encontrar os financiamentos
necessários à pressecução das obras logo que as questões processuais e legais
estejam ultrapassadas é fundamental. Porque, no meu entender, a “Barragem do
Pisão” é absolutamente necessária, e também porque a desistência do projeto terá
custos financeiros avultadíssimos que importa evitar.
Que o Alto Alentejo mantenha a unidade conseguida!
Que este grito seja bandeira e senha: Construam-na, Porra!
Diogo Júlio Serra
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