quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Construam-me PORRA


 

CONSTRUAM-ME PORRA!

O Título do presente texto é a reprodução da exigência que se mostrou durante décadas num muro junto a Alqueva.

Hoje nem o muro nem a pintura existem, substituídos que estão pelo grande lago que modificou a paisagem e a vida de milhares de alentejanos.

Talvez valha a pena reproduzi-lo no nosso território onde desde os anos 50 do século passado terras e gentes esperam a construção da barragem do Pisão, também ela integrada no Plano de Rega do Alentejo, lançado em 1957 e cuja execução se iniciou dois anos mais tarde com o início da construção da barragem do Rio Mira. Até hoje!

O agora denominado empreendimento de aproveitamento hidráulico de fins múltiplos do Crato inclui uma central fotovoltaica, uma mini-hídrica e uma vasta rede de canais de regadio permitindo o abastecimento de água para consumo público a mais de cinquenta mil pessoas e uma agricultura de regadio em milhares de ha de terras de diversos concelhos do Alto Alentejo.

Pelo meio a necessidade de construir uma nova aldeia capaz de acolher os habitantes do Pisão que ficará submerso.

É esta obra que foi sonho de desenvolvimento e prometida por diversas vezes e diferentes primeiros-ministros que vislumbrámos, finalmente, a ensaiar os primeiros passos entretanto travados pela persistência de quem se lhe opõe e (talvez) pela ligeireza como os seus defensores não acautelaram todo o vasto caminho processual que uma obra desta envergadura pressupõe e exige.

Quando governo e CIMAA nos garantiam que “agora é que é.. e vários milhões já foram aplicados, as dúvidas e o cenário de “mais do mesmo” voltam a atormentar os que vivem tal ansiedade há décadas e desde logo os habitantes da Aldeia do Pisão cuja espectativa de mudar de lar os atinge há meio século e lhes tem impedido quaisquer possibilidades de programarem o seu futura e o das suas famílias.

Por solicitação dos opositores da construção o Tribunal de Castelo Branco anulou um documento imprescindível à construção da obra, a Declaração de Impacte Ambiental do projeto o que impõe a paralisação total da construção.

Seguir-se-ão recursos e contrarrecursos e o inevitável arrastar da decisão. Situação que já levou a que a sua construção já não possa ser financiada pelo PRR em cuja reprogramação já não está incluído.

Os governantes já vieram afirmar que serão encontradas outras fontes de financiamento com o objetivo, penso, de acalmar as suas fileiras e não como real garantia de que o Alto Alentejo encontrará no Estado centralista a possibilidade e vontade para encontrar os 150 milhões de euros que a obra custa e que agora o PRR deixou de contemplar.

E é fundamental para o Alto Alentejo e as nossas gentes que a afirmação dos governantes e da própria CIMAA tenha suporte efetivo. Este território não pode continuar adiado.

O encontrar os financiamentos necessários à pressecução das obras logo que as questões processuais e legais estejam ultrapassadas é fundamental. Porque, no meu entender, a “Barragem do Pisão” é absolutamente necessária, e também porque a desistência do projeto terá custos financeiros avultadíssimos que importa evitar.

Que o Alto Alentejo mantenha a unidade conseguida!

Que este grito seja bandeira e senha: Construam-na, Porra!

Diogo Júlio Serra

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