POLICIAS (?) SIM, BANDIDOS (?) NÃO!
Por detrás de uma faixa com esta
“palavra de ordem” marcharam no passado dia 26 pelas ruas de Lisboa, algumas dezenas
de saudosistas dum passado que morreu, alguns que reconheço como bandidos e,
espero, alguns outros que o não sejam de todo.
Tratou-se de uma contra-manifestação
convocada pelo partido novo formado pelos do partido velho, que procura
aprisionar as forças de segurança e diariamente promove políticas de ódio e de
afrontamento à democracia e à Constituição que a consagra. Pretendia confrontar
uma outra manifestação anteriormente convocada pelo movimento Vida Justa para
pedir justiça face à morte de um cidadão efetivada por um agente da PSP.
Sem querer entrar quer na guerra dos
números das manifestações, (a comunicação social falava em muitos milhares na
Avenida e em três centenas junto ao Parlamento), quer na absolvição ou
condenação do agente que abateu Odair Moniz e cujo inquérito de averiguações
foi anunciado, não posso deixar de me surpreender por ter sido autorizado a um
grupo de arruaceiros, convocar e realizar uma manifestação para o mesmo dia,
hora e local de conclusão para os quais já havia sido convocada uma outra,
tanto mais que pelos objetivos de cada uma e pela “dramatização” que a
comunicação social vinha anunciando era espectável a ocorrência de confrontos.
Ao que nos é dado saber foi a
clarividência do movimento Vida Justa ao decidir alterar o local de termo da
sua manifestação quem desmontou a previsibilidade de confrontos e tornou menos
difícil o papel das forças de segurança na manutenção da da ordem pública.
Este movimento que sob a bandeira “ Sem
Justiça não há paz” mobilizou milhares de pessoas podia, é a minha opinião,
transportar também a faixa passeada pelos saudosistas até à escadaria do
Parlamento. Na verdade quem ali estava mobilizado para exigir justiça e
escrutínio sério aos acontecimentos que levaram a que um cidadão fosse abatido
por um agente da PSP poderia perfeitamente ter como palavra de ordem Policias
Sim, Bandidos Não!
Eu próprio não hesitaria em pegar nessa
faixa tendo apenas que precisar melhor o que para mim significam cada uma das
palavras ali registadas.
Vejamos:
“Policias Sim!” Claro. Agentes duma
polícia democrática e respeitadora da Constituição, com preparação e meios
necessários para garantir a segurança de todos, eles incluídos, sem estarem
manietados por preconceitos, sejam ditados pela sua formação ou pelas práticas
da instituição onde se inserem.
“Bandidos Não!” Claro que subscrevo.
Todos os bandidos estejam onde estiverem, tenham a cor que tiverem, estejam nos
bairros superlotados e desprezados das periferias das grandes metrópoles, em
intervenções no espaço mediático a exortarem à violência e ao assassínio, ou aboletados
por detrás do Pano com que alguns desfilaram entre a Praça do Município e o
Parlamento.
Sabemos agora (estou a escrever mais de
24 horas depois do termo de ambas as manifestações) que estas decorreram de
forma pacífica e ordeira. Ainda bem. Mas fica a mensagem deixada quer pelos
organizadores das manifestações quer pelo poder politico. De responsabilidade
(do movimento), de irresponsabilidade (dos organizadores da
contra-manifestação) e de “desleixo”? de quem não cuidou de evitar
(preventivamente) possíveis confrontos.
Agora é o tempo para que se desenvolvam
os inquéritos ao que aconteceu, se apurem responsabilidades e se faça justiça
e, mais importante ainda, que se tomem as medidas que permitam a todos os
portugueses as condições mínimas necessárias a vivermos com dignidade.
Diogo Júlio Serra