Da Terra dos
Sonhos, um até para o ano!
É de dentro da
Terra dos Sonhos, no espaço de Portalegre que termino o texto para o nosso Alto
Alentejo e que agora está nas vossas mãos. Escrevo-o imediatamente a seguir a
ter, neste mesmo local participado como orador num debate sob o lema “ Abril é
mais futuro – 50 anos da Revolução” e onde abordei a “contrarrevolução, o 25 de
Novembro e as tentativas de revisionismo histórico que pretendem esconder a
Revolução e os seus heróis.
Em meu redor,
mesas fartas de produtos regionais e de conversas, dão cor e som à construção
do meu texto. Ao longe vindo do Pavilhão Central as vozes dos representantes
das diferentes organizações da resistência palestinianas que participam como
oradores numa conferência da solidariedade ao Povo Palestino lembra-me o
genocídio atual e a necessidade imperiosa de lhe pormos fim, enquanto ao lado,
no pavilhão político do Alentejo, na exposição sobre o Centenário da Casa do
Alentejo, o Cante alentejano nos recorda os tempos heroicos da Reforma Agrária
e os seus resultados que ainda hoje perduram.
É pois neste
cenário que procurei responder a uma das perguntas que no debate em que
participei me foi colocada por um jovem presente: Quais foram as razões que
levaram a que a Revolução de Abril fosse derrotada?
Eu que tinha
acabado de apresentar na minha comunicação que O Processo Revolucionário de
Abril se tinha desenvolvido durante dois anos e, a partir daí tinha passado a
uma fase de resistência. Que tinha denunciado quem e quantos, em minha opinião.
Haviam estado, desde o próprio dia 25 de Abril de 1974, em conspiração e
golpadas procurando travar o processo revolucionário e retornar ao
“antigamente”, consciencializei-me de que não é possível, ainda, falarmos do
futuro sem ter plena consciência do passado recente. Das políticas e dos seus
autores. Dos que agiam de cara destapada e dos que só muito mais tarde “saíram
do armário.
Não é
possível, estou certo, construir o futuro, replicar a alegria, a fraternidade e
o empenho que se constrói em cada ano, ali na Terra dos Sonhos se não dermos
combate aos que persistem em reescrever a história, a impor a ideologia do
capital e o pensamento único alinhado com as narrativas que cria como
instrumento de domínio do mundo.
Importa dizer
a cada um o que o Poeta escreveu: Vai gritar em toda a parte…
Que a grave
situação que vivemos no país é o resultado da contrarrevolução. É o resultado
direto das politicas de direita gizadas, aplicadas e aplaudidas pelos
sucessivos governos do PPD, do CDS e do PS, sozinhos ou em grupo e sob o
aplauso dos que enriquecem com o empobrecimento do país, que acumulam riqueza
com a doença dos portugueses, que aplaudem as guerras que lhes alimentam o
negócio da morte, que como os Bancos lucram milhões de euros por dia com o
esmagamento das nossas vidas, com o aumento dos que não tem casa, dos que não
tem emprego, dos que não tem futuro.
Que a
Revolução de Abril não foi derrotada. Está tão-somente adiada!
Não está
derrotada porque nunca desistiu de lutar, porque resiste em cada dia, porque
aqui temos (e tão bem lembrados na Terra dos Sonhos) o Poder Local Democrático, inacabado é certo, mas vivo e atuante. Os direitos laborais (sob ofensiva
permanente), muito debilitados mas presentes, o direito à saúde sob o
escandaloso ataque dos que lucram com o negócio da doença, mas presente e
sobretudo, porque continuamos a dispor como Lei Suprema a Constituição de
Abril. A constituição da Republica Portuguesa que absorveu e integra todas as
grandes conquistas da Revolução de Abril.
Não. A
Revolução de Abril não morreu!
Diogo Júlio Serra
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