quarta-feira, 26 de junho de 2024

De farol mundo a capacho de quem manda.

 


De farol mundo a capacho de quem manda.

Quo Vadis Europa!

As eleições para o Parlamento Europeu e a guerra que alguns só descobriram oito anos depois do seu início recolocaram a Europa no centro da discussão politica e mediática.

Não poucas vezes ouvimos juras ou acusações de maior ou menor europeísmo, seja lá isso o que for. E todavia, europeístas ou eurocéticos, podem ter conotação diferente conforme o “olhar” de quem usa tais vocábulos.

Muitas vezes, quase sempre, ambos os vocábulos se restringem ao conjunto de países que formaram a união económica e politica que começou por ser uma comunidade europeia do carvão e do aço, que alargou geográfica e politicamente e apelidamos agora de União Europeia.

Fora do conceito ficam todos os países ou partes deles que se encontram no Continente Europeu, o tal espaço que vai do Atlântico aos Urais e durante séculos foi o Farol do Mundo.

Mesmo de entre os países que aderiram e se mantém na União Europeia a sua classificação difere conforme o olhar de quem os adjetiva.

Após o desmantelamento da URSS e a absorção de países até então ditos do socialismo, acabado o equilíbrio entre as duas superpotências saídas do rescaldo da Segunda Grande Guerra, eram os representantes da superpotência vencedora da “guerra fria” a dividi-los entre a Nova e a Velha Europa, considerando Velha Europa o conjunto dos países que haviam construído o que de menos mau encerra o sistema capitalista a Nova Europa os países que saídos da URSS ou da sua órbita se ajoelhavam já, por convicção ou necessidade, aos pés do imperialismo Ianque.

Daí até aos dias de hoje foi toda uma ação concertada de sedução, chantagem e prepotências até extirpar desta União Europeia o sondo dos seus fundadores e em particular, Jacques Delors que sonhava com um Europa capaz de falar de igual para igual com as grandes potências e um espaço comum de cidadãos iguais e fraternos.

Usaram-se todos os instrumentos. O pão e o circo, a adulação e a submissão levando-a a atual postura de subserviência face aos Estados Unidades da América elevados ao endeusamento enquanto potência única e omnipresente.

E assim nos mantivemos durante algumas décadas. Fingindo não ver nem sentir como o mandante se transformava em dono do mundo, comprando a subserviência com dinheiro ou com sangue, conforme a resistência com que se deparava. E não, não foi um tempo de paz na Europa. Estimularam-se guerras para destruir países, organizaram-se golpes de estado disfarçados de primaveras, fabricaram-se inimigos para garantir o negócio da guerra. E impuseram-se guerras (sempre na Europa) disfarçadas de defesa da liberdade para todos quando eram e são a tentativa de evitar o desmembramento da ordem internacional assente num único pilar.

E chegámos aqui, hoje. Com uma Europa à beira de transformar o morticínio na Rússia e na Ucrânia em novo holocausto tendo como pagantes (em dinheiros e em vidas) os europeus e como beneficiários do dinheiro e do poder os mesmos que vendem a morte do outro lado do mundo e recusando-nos a classificar as guerras como instrumentos de morte antes, classificando-as como boas ou más consoante a geografia que as acolhe ou os protagonistas que as executam.

Este é um exercício fundamental para cada um poder responder com verdade se é “europeísta” ou “eurocético”.

Quanto a mim, sou cada vez mais um cidadão português que se revê no sonho de uma Europa do Atlântico aos Urais, uma Europa dos povos, capaz de efetivar nos dias de hoje o grito saída da Revolução Francesa, mas agora assumindo todos os humanos como cidadãos: Liberdade, Igualdade, Fraternidade!

Diogo Júlio Serra

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