De farol
mundo a capacho de quem manda.
Quo Vadis
Europa!
As eleições para o Parlamento
Europeu e a guerra que alguns só descobriram oito anos depois do seu início
recolocaram a Europa no centro da discussão politica e mediática.
Não poucas vezes ouvimos juras ou
acusações de maior ou menor europeísmo, seja lá isso o que for. E todavia,
europeístas ou eurocéticos, podem ter conotação diferente conforme o “olhar” de
quem usa tais vocábulos.
Muitas vezes, quase sempre, ambos
os vocábulos se restringem ao conjunto de países que formaram a união económica
e politica que começou por ser uma comunidade europeia do carvão e do aço, que
alargou geográfica e politicamente e apelidamos agora de União Europeia.
Fora do conceito ficam todos os
países ou partes deles que se encontram no Continente Europeu, o tal espaço que
vai do Atlântico aos Urais e durante séculos foi o Farol do Mundo.
Mesmo de entre os países que
aderiram e se mantém na União Europeia a sua classificação difere conforme o
olhar de quem os adjetiva.
Após o desmantelamento da URSS e
a absorção de países até então ditos do socialismo, acabado o equilíbrio entre
as duas superpotências saídas do rescaldo da Segunda Grande Guerra, eram os
representantes da superpotência vencedora da “guerra fria” a dividi-los entre a
Nova e a Velha Europa, considerando Velha Europa o conjunto dos países que
haviam construído o que de menos mau encerra o sistema capitalista a Nova
Europa os países que saídos da URSS ou da sua órbita se ajoelhavam já, por
convicção ou necessidade, aos pés do imperialismo Ianque.
Daí até aos dias de hoje foi toda
uma ação concertada de sedução, chantagem e prepotências até extirpar desta
União Europeia o sondo dos seus fundadores e em particular, Jacques Delors que
sonhava com um Europa capaz de falar de igual para igual com as grandes
potências e um espaço comum de cidadãos iguais e fraternos.
Usaram-se todos os instrumentos.
O pão e o circo, a adulação e a submissão levando-a a atual postura de
subserviência face aos Estados Unidades da América elevados ao endeusamento
enquanto potência única e omnipresente.
E assim nos mantivemos durante
algumas décadas. Fingindo não ver nem sentir como o mandante se transformava em
dono do mundo, comprando a subserviência com dinheiro ou com sangue, conforme a
resistência com que se deparava. E não, não foi um tempo de paz na Europa.
Estimularam-se guerras para destruir países, organizaram-se golpes de estado
disfarçados de primaveras, fabricaram-se inimigos para garantir o negócio da
guerra. E impuseram-se guerras (sempre na Europa) disfarçadas de defesa da
liberdade para todos quando eram e são a tentativa de evitar o desmembramento
da ordem internacional assente num único pilar.
E chegámos aqui, hoje. Com uma
Europa à beira de transformar o morticínio na Rússia e na Ucrânia em novo
holocausto tendo como pagantes (em dinheiros e em vidas) os europeus e como
beneficiários do dinheiro e do poder os mesmos que vendem a morte do outro lado
do mundo e recusando-nos a classificar as guerras como instrumentos de morte
antes, classificando-as como boas ou más consoante a geografia que as acolhe ou
os protagonistas que as executam.
Este é um exercício fundamental
para cada um poder responder com verdade se é “europeísta” ou “eurocético”.
Quanto a mim, sou cada vez mais
um cidadão português que se revê no sonho de uma Europa do Atlântico aos Urais,
uma Europa dos povos, capaz de efetivar nos dias de hoje o grito saída da
Revolução Francesa, mas agora assumindo todos os humanos como cidadãos:
Liberdade, Igualdade, Fraternidade!
Diogo Júlio Serra