Agora é que é. Agora é que
é!
…”Quando estive em
Portalegre, já lá vão quatorze meses, foi-me prometido que as obras no Palácio
da Justiça (de Portalegre) estariam concretizadas no prazo de um ano…volto
quatorze meses depois e está tudo rigorosamente na mesma…Estou indignado!”
Foi assim que o Presidente
do Supremo Tribunal de Justiça reagiu no passado dia 14 ao facto, de
continuarmos dez anos consecutivos com o Tribunal encerrado por falta de obras
que permitam o seu funcionamento. E se o Senhor Juiz Henrique Araújo está
indignado (justamente) como estarão os magistrados, os funcionários judiciais e
todos quantos há mais de dez anos trabalham “provisoriamente” nas instalações
da ex-Junta Autónoma de Estradas? Como estamos nós portalegrenses?
Todavia a Senhora Secretária
de Estado Adjunta e da Justiça, recentemente empossada, informou-nos no próprio
dia e local que até final de Maio (este?) será lançado o novo concurso e, se
tudo correr bem, estará para breve a resolução deste problema…
Tão acostumados a que nos
gritem “agora é que é!” já não nos deixamos convencer. Desculpem, mas não
acreditamos. Só vendo!
E não, não é por ser este
governo. Não é por ser esta Senhora Secretária de Estado. É por estarmos
cansados de sermos esquecidos, ignorados, desrespeitados!
A nossa (legitima
desconfiança) não tem a ver (só) com o tribunal fechado há dez anos. Assenta
num histórico de promessas não cumpridas, no arrastar de decisões ou na não execução de medidas que possam minimizar o
nosso isolamento face à rapidez com que se decidem e executam todas as outras
que nos tornam mais vulneráveis aos malefícios da interioridade.
Não esquecemos as décadas de
promessas para o Pisão, para a escola da GNR, para a concretização do IC 13…
Não esquecemos que os discursos pela inclusão são acompanhados de medidas que
transformam o nosso território em “terra de ninguém” e mesmo quando nos atiram
investimentos de milhões ou medidas e obras que no conjunto da Região Alentejo
podem ser de aplaudir, em geral tornam o Alto Alentejo e Portalegre ainda mais
debilitados. Exemplos? Aqui estão:
·
Duas autoestradas que nos tocam a norte a A23
e a sul a A6 e que funcionam não como pontes que ligam, mas como muros que
separam o Alto Alentejo do país e da Ibéria;
·
A anunciada linha férrea de alta velocidade
entre Lisboa e Madrid (para já entre Sines e Caia) que um dia servirá um/dois
dos quinze concelhos do distrito, deixando a totalidade do território sem
transporte ferroviário ou (depois de muita luta pela reativação do serviço
encerrado) com transporte a “velocidade de caracol” e com material circulante
recuperado aos tempos primeira revolução industrial;
·
A supressão do estrangulamento na estrada
Santa Eulália Elvas que impedem a passagem de veículos pesados de transporte de
pessoas e mercadorias;
·
A criação de alternativas à estrada da morte
em que se transformou a estrada entre Elvas e Campo Maior;
Mas há mais, muitos mais.
São os casos da (não) resolução de problemas menos velhos, mas igualmente
“esquecidos” que lesam gravemente a cidade capital de distrito. Recordo apenas
dois: o nó rodoviário para retirar o transito de pesados do centro de
Portalegre e a passagem desnivelada na entrada sul da cidade pondo fim ao
somatório de acidentes que ali se verificam.
Por todas as razões
apontadas e pelas muitas outras que aqui não vieram, não só é compreensível a
indignação do Senhor Juiz como é totalmente incompreensível que nós, os que
aqui vivemos e trabalhamos não expressemos a nossa indignação e a transformemos
em ação.
Que ninguém acredite que
“agora é que é” se não formos nós os alentejanos do alto a fazerem acontecer.
É a hora!
Diogo Serra