O Alentejo tem Futuro. O Alto Alentejo Também!
A campanha eleitoral que agora decorre, trouxe de novo aos
nossos olhos o facto de o Distrito de Portalegre ser o único círculo eleitoral
do país a eleger apenas 2 deputados. Mais grave ainda, elege dois deputados
porque a legislação impõe que esse seja o número mínimo. Se tivesse apenas em
conta o número de eleitores, previsivelmente elegeria ainda menos.
Como, também, já se tornou um hábito todas as candidaturas
lamentam a perda de população e elegem a questão demográfica como o maior
problema que aqui se nos coloca.
Fazem-no, quase todas as candidaturas, como se a questão da
perda e envelhecimento populacional fossem obra do acaso e os culpados fossem
os “transtaganos” que perderam o gosto em procriar. Daí as medidas, demagógicas
e erradas: oferta de uns tostões aos pais, quando nasce uma criança, planos e
“planozinhos” de apoio financeiro ao regresso de jovens que tenham emigrado,
mais uns milhões para construir e inaugurar uns quantos “semilleros” de
empresas mais ou menos informatizados e, quanto mais à direita sejam os seus
autores, propostas de mais e mais cortes nos impostos a pagar (em particular
pelas grandes empresas).
E assim, como as receitas (e os deputados eleitos) são sempre
as mesmas, desajustadas e inúteis, não só não combatem como ampliam a doença
que nos vai minando.
Todos sabemos, particularmente os que cá nos mantemos, que o
Alto Alentejo como a restante Região não é um território pobre e muito menos
condenado a viver de mão estendida. Pelo contrário tem inúmeras riquezas,
começando pelo seu povo, a sua rica cultura e os seus recursos naturais e
paisagísticos.
Sabemos igualmente, que a gravíssima situação demográfica com
que nos debatemos, é o resultado das políticas de direita que nos têm sido
sistematicamente impostas, independentemente das forças políticas que no
governo central e centralista a cada momento se instalam.
Independentemente da “côr” do governo: PS e PPD sozinhos, em
conjunto ou acompanhados, cada um, com apêndices ainda mais à direita, as políticas
não diferem, como na difere o apoio cego dos seus representantes no terreno.
Para os que como eu se situam entre os que entendem que é à
esquerda que lá vamos. O movimento Operário e Sindical e as forças políticas
que representam os seus valores entendem, que a nossa região não é pobre, é sim
uma região sem projeto, está perfeitamente claro que o combate à perda e
envelhecimento demográfico desta região só terá êxito se for à raiz dos
problemas que o originam. Desde logo a questão salarial e a estabilidade
laboral.
Só com a melhoria salarial e o fim da precariedade será
possível manter na região os nossos jovens, todos, e particularmente as muitas
centenas que em cada ano são formados nas nossas escolas e no nosso IPP.
Só garantindo o direito à saúde, à habitação e ao ensino de
qualidade, será possível atrair novos habitantes e famílias em idade ativa.
Só com horários de trabalho que permitam e estimulem a
fruição da família e com rendimentos familiares minimamente dignos se estimula
a vontade de trazer ao mundo mais crianças e, no curto prazo, a minimização da
perda demográfica tem que passar por conseguirmos captar e manter mais
imigrantes no nosso território.
Tal só possível se a quem nos
procura em busca de segurança ou de melhorias económicas soubermos garantir as
condições dignas de trabalho e de habitação que quem trabalha merece e que são
exatamente o contrário do que a direita defende e que recentes iniciativas de
extremistas da direita mais radical têm vindo a estimular e promover,
inventando e filmando e afirmando manifestações de ódio e xenófobas.
Não estamos condenados à pobreza,
ao despovoamento e à desertificação.
Ainda podemos dar a volta a isto
se combatermos em vez de estimularmos os responsáveis pela situação a que
chegámos.
Assim o queiramos!
Diogo Júlio Serra