quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Está tudo grosso, está tudo louco!



Este país é um colosso. Está tudo grosso!

Está tudo louco!

Titulei o presente escrito com uma rábula popularizada nos anos 80 do século passado num popular programa televisivo com os atores Ivone Silva e Camilo de Oliveira.

Era assim que terminava uma rábula revisteira dos “Agostinho e Agostinha” que denunciava a situação vivida em Portugal, quando o país “sofria” a governação da direita protagonizada pela AD (PPD+CDS+PPM).

Quarenta e três anos depois, no mesmo país, uma qualquer resposta ou comentário de um treinador de futebol a um jornalista desportivo, durante uma conferência de imprensa, transforma-se em motivo de acesas discussões e levanta entre os comentadores do futebol uma onda de protestos e análises e levou mesmo a associação que representa os jornalistas desportivos a exigir desse treinador e da sua entidade patronal um pedido de desculpas.

Eu, como certamente a maioria dos portugueses e até dos que se sentiram ofendidos. Não ouvi tais afirmações e não tenho nenhum interesse em ouvi-las, compreendo a agitação.

Até aqui “tudo bem”. Sei, embora tal me desgoste, que uma parte significativa dos portugueses tem maior facilidade em indignar-se com um pontapé mal dado, com o livre não marcado ou com uma resposta de um qualquer agente do futebol do que a indignar-se com a abertura (por encomenda?) de mais uma crise politica em Portugal, com os horrores das guerras, com o genocídio do povo palestiniano que o Estado Terrorista de Israel leva a cabo em Gaza e nos territórios ocupados da Cisjordânia.

Contesto mas percebo! Já tenho uma grande dificuldade em perceber e aceitar, certamente por estar muito marcado por uma vida inteira dedicada à acção sindical, que uma associação sindical portadora de um passado de luta contra a censura e o cerceamento das liberdades que o fascismo lhes/nos impunha, se sinta “obrigada” a vir a terreiro tomar posição sobre este incidente.

Trata-se de defender um seu associado (o jornalista desportivo) dir-me-ão. E eu estaria “obrigado” a perceber tal posição. Só que essa associação sindical tem vindo, nos últimos anos, a fingir que não vê, não ouve, nem lê os ataques soezes, as perseguições e a violência exercida sobre jornalistas, também portugueses, só porque estes não se deixam corromper e não são megafones dos poderosos.

Refiro-me como facilmente já perceberam da mesma associação sindical que não levantou um “pio” quando camaradas seus eram vilipendiados e presos por persistirem em serem jornalistas no lado “dito errado” das guerras. Não tiveram uma palavra de censura perante uma “comentadeira” portuguesa que quase apelava a que assassinassem o jornalista Bruno Carvalho que cobria a guerra da Ucrânia a partir das Repúblicas do Donbass. Uma associação que mantém o mesmo silêncio ensurdecedor, face às intervenções policiais nas escolas e universidades que nos trazem à memória as incursões do famigerado capitão Maltez nos tempos do fascismo.

“Arrumado” este assunto do pontapé na bola, dois pequenos apontamentos esses sim, a meu ver, passíveis do nosso enérgico protesto.

Primeiro os olhares diferentes que a auto intitulado “Mundo Ocidental” lança sobre a guerra da Ucrânia e o genocídio do Povo Palestiniano e sobretudo a ligeireza com que cataloga de terroristas uns ou outros, não pelas suas praticas mas pelos ideais e sobretudo pelas “ordens” que lhes chegam dos centros de decisão que os/nos controlam sejam os sedeados no Vaticano ou na Casa Branca.

Por último, a campanha de destabilização interna visando alinhar o nosso país nas cartilhas da U.E. e dos USA que endeusam o capital e usam as políticas de ódio e as guerras como instrumento de garantia para os seus mandantes, de que continuarão a acumular riqueza, independentemente de qual seja o preço a pagar pelos povos.

Que não cometamos os erros do passado! Que saibamos semear e manter a PAZ!

Diogo Júlio Serra

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

VEMOS, OUVIMOS E LEMOS...

 VEMOS OUVIMOS E LEMOS...


Vemos, ouvimos e lemos…

Cumpriram-se este ano duas décadas, desde o dia em que o chamado Ocidente (leia-se EE.UU. e seus apaniguados) invadiram militarmente o Iraque. Fizeram-no, como bem sabemos, alicerçados numa mentira deliberada porque bem sabiam, particularmente a CIA, americana e o MI6, inglês, que não existia qualquer programa de armas de destruição maciça.
Entre os dirigentes e países que construíram a mentira e estimularam a guerra, Portugal e o então Primeiro-Ministro Durão Barroso que viria a ver premiada a sua postura com a oferta da cadeira de Sr. Europa e posteriormente com empregos milionários ao serviço dos mesmos senhores.
Sobre essa mentira usada e abusada pela comunicação domesticada pelos mesmos interesses gastaram-se rios de tinta e ouviram-se milhares de discursos, incentivou-se o ódio, rapinaram-se recursos, arrasou-se um país e assassinou-se o seu Presidente, Saddam Hussein.
Hoje, sabemos todos quais os resultados e sabemos particularmente que o Iraque e o mundo não ficaram melhores.
Vinte anos depois o Médio Oriente volta a viver momentos dramáticos e os mesmos de então afadigam-se em inventar narrativas, outra vez, para fazerem crer à opinião pública que os horrores que todos vimos não são assim tão graves e que estão a fazer de tudo para os minorarem.
Enquanto o genocídio do Povo Palestino se mantém e se acelera através da terraplanagem bombista em Gaza e das acções terroristas dos colonos judeus na Cisjordânia, os “bem-pensantes” do mundo dito ocidental dividem-se entre, o assobiar para o lado ou o aplauso mais ou menos entusiástico.
Sempre ouvi dizer que “Tão ladrão é o que vai à vinha como o que fica a vigiar” e é à luz desse ensinamento que analiso a posição das inúmeras “virgens ofendidas” sempre disponíveis para condenarem “invasões”, “crimes de guerra”, “bombardeamentos de civis” e “mortes de crianças” quando perpetrados por quem identificam por “inimigo” e que estão agora de olhos e ouvidos tapados ou, pior, se afadigam na procura de justificações para a matança que um estado terrorista desencadeou e mantém num território que, ocupa ilegalmente há décadas e contra um povo que mantém prisioneiro numa pequena parcela de terreno que lhe roubou.
Neste turbilhão de cobardia, hipocrisia e maldade inclui-se o estado português e os seus governantes. Uma postura tanto mais grave por se comportar no panorama internacional da mesmíssima maneira a que já nos habituou nos casos domésticos: leão para com os fracos, cachorrinho para com os fortes.
Já o havíamos registado quando na sua sede de agradar ao Tio Sam permitiu todas as diatribes à embaixadora da Ucrânia que não se coibiu de estimular e participar em manifestações contra partes de estado português ou manifestações de ódio desenvolvidas por cidadãos desse país que a embaixada apoiava, contra cidadãos e autarquias portuguesas.
Vemo-lo agora, de novo, quando permite que o representante sionista em Portugal ataque tudo e todos que recusem seguir a cartilha de Telavive; sejam jornalistas, partidos políticos ou, até o Secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres.
A passividade do governo português perante tais posturas de arrogância intolerável e desrespeito pelo estado que os acolhe é simplesmente chocante. Em qualquer país “a sério” tais posturas garantir-lhes-iam um bilhete só de ida, para os seus países.
Também os ataques do Estado de Israel ao Secretário-geral da ONU e à própria Organização deveriam ter originado a chamada do Embaixador de Israel em Lisboa para dar explicações das razões da suas acusações ao Secretário-geral que se limitara a constatar o óbvio: O Estado de Israel desrespeita sistematicamente as resoluções das Nações Unidas.
O mesmo ensurdecedor silêncio das “virgens ofendidas” perante as afirmações de ódio do Sr. Netanyahu, um fugitivo à justiça do seu próprio país através duma golpada judicial e que agora aposta no extermínio de todo um povo.
Sim, eu sei, que o Estado Terrorista tem o “colinho” dos Estados Unidos mas nada justifica que calemos o genocídio que decorre sob os nossos olhos.
Freedom for Palestine!
Diogo Serra