Da autarquia à comunicação social uma “Cortina de …indiferença” abate-se sobre tudo o que soe a Robinson.
Cumpriu-se
no passado dia 17 de Setembro mais um aniversário do nascimento de George
Robinson, data que a Fundação Robinson institucionalizou como o Dia Robinson e
costumava ser comemorado na cidade e particularmente no Núcleo Museológico do
Convento de S. Francisco.
Essa
“tradição” foi interrompida quando a própria administração da Fundação optou
por interromper quer as suas obrigações, quer a atividade da Fundação e dos
seus trabalhadores.
Perante
a deserção de Administradores e Curadores e da total demissão do Executivo
Municipal onde tinha assento o próprio Presidente do Conselho de Administração,
os portalegrenses fomos assistindo à delapidação dos principais ativos da
fundação. Desde logo os seus trabalhadores e pasme-se, a “jóia da coroa”- o
Núcleo Museológico do Convento de S. Francisco.
O
assassínio do Núcleo Museológico da Igreja do Convento de S. Francisco é
verdadeiramente um caso de estudo.
Num
edifício dos mais antigos e emblemáticos da cidade foi instalado um núcleo
museológico que expunha a coleção de arte religiosa adquirida pela Fundação à
família Sequeira. O núcleo foi instalado na Igreja após importantes e onerosas
obras de requalificação e rapidamente se afirmou no panorama cultural da
cidade.
Por
falta de pagamento de um recibo de poucas dezenas de euros de eletricidade à
EDP, a empresa fornecedora de energia corta o fornecimento da eletricidade
colocando inoperacional o museu e pondo em risco todo o acervo ao privá-lo das
condições ótimas de luminosidade e temperatura. Aos trabalhadores e técnicos
deixaram de ser pagos os salários obrigando-os a rescindirem os contratos que
os ligavam à Fundação. E, assim, devagarinho se desmantelou aquele espaço de
cultura e se desbarataram milhões de euros ali investidos ao longo de anos.
Entretanto,
a luta político-partidária ia transformando a mais leve ligação à Robinson,
fundação, espaço e corticeira em produto tóxico que era preciso isolar, calar
e, sobretudo remeter ao esquecimento.
E
a cidade permite-o. E a cidade somos nós.
O
ruidoso silêncio com que passámos mais um 17 de Setembro não iliba nenhum dos
atores locais e, sobretudo não apaga as consequências ruinosas para a cidade e
para os portalegrenses, da destruição do património que poderia/deveria ser um
instrumento de desenvolvimento de Portalegre. Salvam-se muito poucos. Os que
não desistem de furar o silêncio dos culpados e as vítimas do processo (os
danos colaterais): os trabalhadores e técnicos da Fundação, os trabalhadores
corticeiros a quem não foram pagas as indeminizações devidas, os portalegrenses
privados de usufruir o espaço Robinson e de verem a “sua corticeira”
transformar-se em museu e perpetuar as memórias dos milhares de operários que a
“alimentaram” e construíram a Portalegre Industrial.
E
este calar “da coisa” é ainda mais grave por não ser caso único.
Já esquecemos o ICTVR (International Center for Technology in
Virtual Reality) o tal investimento de 7.5 milhões de euros que deixou vários
milhões para os portalegrenses pagarem? Eu não!
Diogo
Serra