quinta-feira, 17 de março de 2022

RUSSOS FORA DA UCRÂNIA/AMERICANOS FORA DA EUROPA!

 


“Felizmente nasceram branquinhos e de olhos azuis…”

A invasão militar da Ucrânia pelas tropas da Rússia suscitou por todo o chamado “Ocidente” uma imensidão de condenações e uma verdadeira onda de solidariedades.

Mesmo no país de onde partiu a invasão as manifestações de condenação e em defesa da Paz se fizeram e fazem sentir. Independentemente das razões que as “justificaram”, a favor da guerra só os loucos ou os que vivem do negócio da guerra e a quem a guerra faz “o negócio prosperar”.

Em Portugal e em particular na nossa região também tem sido grande a mobilização das populações, seja para condenarem a guerra, seja para se/nos solidarizarmos com as suas vítimas e particularmente, as mulheres e as crianças que procuram garantir a sua segurança fugindo das zonas atacadas.

Os países vizinhos e toda a União Europeia, a Inglaterra e outros países não integrados afirmam a sua solidariedade e organizam-se para retirar do teatro da guerra e acolher os muitos milhares de ucranianos idosos, mulheres e crianças que necessitam e procuram acolhimento e paz.

“Felizmente” (dentro da tragédia que os atingiu) nasceram “branquinhos e de olhos azuis” e não verão, como outros, a sua tragédia ser aumentada por arame farpado, recusas de entrada e morte mais ou menos acelerada. Ainda bem. Para eles e, talvez, para os milhões de refugiados a quem tem vindo a ser negada, quer a entrada nos países da União Europeia, quer as condições mínimas de sobrevivência.

Por cá, no nosso distrito, também temos assistido e saudamos as evoluções significativas na solidariedade com as vítimas da guerra ou da fome. São diversas as instituições que por solidariedade, por “moda” ou por marketing passaram da indiferença à ação.

Ainda bem que evoluíram. Espero que o façam com sinceridade embora, por mais que o tente, não consiga esquecer que em 2002, quando em representação da União dos Sindicatos procurava defender e apoiar os ucranianos e outros deslocados dos países do Leste, só encontrava ao meu lado os dirigentes e técnicos da Cáritas e a irmã Emanuel, uma freira em que o coração e a coragem eram inversamente proporcionais ao tamanho do corpo.

Os outros, muitos dos outros, afadigavam-se a ganhar dinheiro à custa da sua desgraça. Fosse alugando a preços indecentes qualquer buraco a que chamavam habitação, fosse sugando-lhes a força de trabalho a troco de migalhas.

Que a evolução seja uma realidade. Tanto mais que agora é a guerra que os “empurra” para cá.

Tenhamos esperança embora agora como antes, o posicionamento face à guerra não seja uniforme:

Uns, onde eu claramente me incluo são pela Paz e contra a Guerra, seja onde seja, envolva quem envolver:

Outros, demasiados, são contra a Invasão da Ucrânia e contra os Russos;

Outros, muitos, são contra a guerra se ela estiver perto da nossa/sua porta;

Outros ainda, são contra as guerras se estas não forem apoiadas pelos Donos Disto Tudo: os senhores da guerra e da propaganda.

E por último, também temos por cá, os inconscientes. Os que dizem querer Paz mas promovem a escalada do ódio.

Que a preguiça em separar a propaganda da informação e a iliteracia ou o preconceito que impedem a opinião informada, não nos leve a apoiar um novo desastre!

Que também aqui nos empenhemos a fazer o que tem que ser feito: apoio solidário a todas as vítimas da guerra que são agora as mulheres, as crianças e os idosos ucranianos que a guerra empurrou do seu país; gritar pela recuperação da Paz e batermo-nos com firmeza contra a Guerra, esteja ela onde esteja, atinja quem atingir.

Nesse percurso, lembremos aos governantes nacionais a necessidade de cumprir e fazer cumprir a nossa Constituição. Lembremos aos governantes do Mundo a necessidade de cumprir os acordos e resoluções que apontam como caminho para a paz o desarmamento e o fim dos blocos militares!

E no que aos exércitos diz respeito, gritemos bem alto e sem medo:

Russos fora da Ucrânia/Americanos fora da Europa!

Ainda é tempo!

Diogo Serra

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