“Felizmente nasceram branquinhos e de
olhos azuis…”
A invasão militar da Ucrânia pelas tropas da Rússia suscitou por todo o
chamado “Ocidente” uma imensidão de condenações e uma verdadeira onda de
solidariedades.
Mesmo no país de onde partiu a invasão as manifestações de condenação e
em defesa da Paz se fizeram e fazem sentir. Independentemente das razões que as
“justificaram”, a favor da guerra só os loucos ou os que vivem do negócio da
guerra e a quem a guerra faz “o negócio prosperar”.
Em Portugal e em particular na nossa região também tem sido grande a
mobilização das populações, seja para condenarem a guerra, seja para se/nos
solidarizarmos com as suas vítimas e particularmente, as mulheres e as crianças
que procuram garantir a sua segurança fugindo das zonas atacadas.
Os países vizinhos e toda a União Europeia, a Inglaterra e outros
países não integrados afirmam a sua solidariedade e organizam-se para retirar
do teatro da guerra e acolher os muitos milhares de ucranianos idosos, mulheres
e crianças que necessitam e procuram acolhimento e paz.
“Felizmente” (dentro da tragédia que os atingiu) nasceram “branquinhos
e de olhos azuis” e não verão, como outros, a sua tragédia ser aumentada por
arame farpado, recusas de entrada e morte mais ou menos acelerada. Ainda bem.
Para eles e, talvez, para os milhões de refugiados a quem tem vindo a ser
negada, quer a entrada nos países da União Europeia, quer as condições mínimas
de sobrevivência.
Por cá, no nosso distrito, também temos assistido e saudamos as
evoluções significativas na solidariedade com as vítimas da guerra ou da fome.
São diversas as instituições que por solidariedade, por “moda” ou por marketing
passaram da indiferença à ação.
Ainda bem que evoluíram. Espero que o façam com sinceridade embora, por
mais que o tente, não consiga esquecer que em 2002, quando em representação da
União dos Sindicatos procurava defender e apoiar os ucranianos e outros
deslocados dos países do Leste, só encontrava ao meu lado os dirigentes e
técnicos da Cáritas e a irmã Emanuel, uma freira em que o coração e a coragem
eram inversamente proporcionais ao tamanho do corpo.
Os outros, muitos dos outros, afadigavam-se a ganhar dinheiro à custa
da sua desgraça. Fosse alugando a preços indecentes qualquer buraco a que
chamavam habitação, fosse sugando-lhes a força de trabalho a troco de migalhas.
Que a evolução seja uma realidade. Tanto mais que agora é a guerra que
os “empurra” para cá.
Tenhamos esperança embora agora como antes, o posicionamento face à
guerra não seja uniforme:
Uns, onde eu claramente me incluo são pela Paz e contra a Guerra, seja
onde seja, envolva quem envolver:
Outros, demasiados, são contra a Invasão da Ucrânia e contra os Russos;
Outros, muitos, são contra a guerra se ela estiver perto da nossa/sua
porta;
Outros ainda, são contra as guerras se estas não forem apoiadas pelos
Donos Disto Tudo: os senhores da guerra e da propaganda.
E por último, também temos por cá, os inconscientes. Os que dizem
querer Paz mas promovem a escalada do ódio.
Que a preguiça em separar a propaganda da informação e a iliteracia ou
o preconceito que impedem a opinião informada, não nos leve a apoiar um novo
desastre!
Que também aqui nos empenhemos a fazer o que tem que ser feito: apoio
solidário a todas as vítimas da guerra que são agora as mulheres, as crianças e
os idosos ucranianos que a guerra empurrou do seu país; gritar pela recuperação
da Paz e batermo-nos com firmeza contra a Guerra, esteja ela onde esteja,
atinja quem atingir.
Nesse percurso, lembremos aos governantes nacionais a necessidade de
cumprir e fazer cumprir a nossa Constituição. Lembremos aos governantes do
Mundo a necessidade de cumprir os acordos e resoluções que apontam como caminho
para a paz o desarmamento e o fim dos blocos militares!
E no que aos exércitos diz respeito, gritemos bem alto e sem medo:
Russos fora da Ucrânia/Americanos fora da Europa!
Ainda é tempo!
Diogo Serra
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