quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

 



SEMEANDO NOVOS RUMOS!

“(…) Alentejo de esperança e de raiva, de muita labuta

de muitos sonhos e (algumas) conquistas.

Alentejo por aqui, dentro de cada um do nós Alentejo do nosso orgulho,

da nossa força, da nossa perenidade…”

Manuel da Fonseca

 

Quando este texto estiver nas mãos dos leitores do Jornal do Alto Alentejo já todos teremos conhecimento das decisões tomadas pelos cidadãos eleitores, estaremos a procurar compreender os resultados e, sobretudo a tentar perceber qual vai ser a tradução prática desses resultados para a sua região e para o país.

Não é essa situação no momento em que escrevo. Agora, no “imposto” dia de reflexão, quando os resultados das eleições está apenas no campo dos desejos, proponho-vos reflectirmos sobre as temáticas que as várias candidaturas trouxeram (ou não) à discussão e se elas são ilustrativas dos problemas sentidos.

Pessoalmente procurei reflectir no que cada uma das forças políticas e das candidaturas que promoveram ou apoiaram no nosso círculo eleitoral apresentou (ou escondeu) sobre a Regionalização do país e a criação do terceiro pilar do Poder Local Democrático, as Regiões Administrativas.

Esperei que as diferentes forças politicas em presença aproveitassem o momento eleitoral para nos colocarem quer a sua posição de partida sobre esta matéria, quer as propostas concretas para a sua implantação, agora que pela pressão dos autarcas, Presidente da República e Primeiro Ministro se viram “obrigados” a vir a terreiro reconhecer a sua necessidade.

Engano meu. As diferentes candidaturas que se apresentaram pelo nosso círculo eleitoral mantiveram os seus posicionamentos tradicionais: a CDU a reafirmar o seu propósito de continuar a bater-se pela sua concretização e as demais a fingirem que não sabem dessa necessidade.

Já as direções nacionais dos partidos até então com assento parlamentar não quiseram deixar de pronunciar-se, tanto mais que o próprio Presidente da República se viu “coagido” a lançar o tema em vésperas de eleição da nova Assembleia da Republica.

Das posições vindas a público e apesar das roupagens que as vestiam é fácil constatar que todos os partidos que construíram e votaram a Constituição da República se posicionam favoráveis à criação de serem discutidas as formas de descentralização politica e administrativa da governação do país. Dos partidos com grupo parlamentar, só o CDS não “aplaude” a Regionalização, na mesma linha do seu posicionamento face à Constituição que a consagra e que, como é sabido, votou contra.

Feita a constatação olhemos agora, com o olhar dos alentejanos, para a alteração, positiva, do posicionamento político de quantos, partidos e personalidades, estiveram por diversas vezes (demasiadas) em confronto com os defensores da Regionalização e com a vontade das populações que os elegiam.

Registemo-la e passemos à fase seguinte. Procuremos de imediato partir para a construção de convergências no desenho da Região Administrativa do Alentejo, das suas competências e da sua governança.

Há já trabalho (muito) feito. O acervo documental saído de cada Congresso sobre o Alentejo, que realizámos entre 1985 e o presente são a prova das potencialidades da Região e uma poderosa afirmação da vontade de milhares de homens e mulheres de contribuir para um Alentejo de progresso e bem-estar.

Em cada um dos Congressos realizados, que percorreram cada um dos distritos do Alentejo – do primeiro realizado em 1985 em Beja ao último que efetivámos em Castelo de Vide foi sempre sublinhada a importância da regionalização como um instrumento fundamental para a definição de uma verdadeira estratégia de desenvolvimento.

Que seja agora!

Diogo Serra


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