SEMEANDO
NOVOS RUMOS!
“(…) Alentejo de esperança e de
raiva, de muita labuta
de muitos sonhos e (algumas)
conquistas.
Alentejo por aqui, dentro de cada
um do nós Alentejo do nosso orgulho,
da nossa força, da nossa
perenidade…”
Manuel da Fonseca
Quando este
texto estiver nas mãos dos leitores do Jornal do Alto Alentejo já todos teremos
conhecimento das decisões tomadas pelos cidadãos eleitores, estaremos a procurar
compreender os resultados e, sobretudo a tentar perceber qual vai ser a
tradução prática desses resultados para a sua região e para o país.
Não é essa
situação no momento em que escrevo. Agora, no “imposto” dia de reflexão, quando
os resultados das eleições está apenas no campo dos desejos, proponho-vos
reflectirmos sobre as temáticas que as várias candidaturas trouxeram (ou não) à
discussão e se elas são ilustrativas dos problemas sentidos.
Pessoalmente
procurei reflectir no que cada uma das forças políticas e das candidaturas que
promoveram ou apoiaram no nosso círculo eleitoral apresentou (ou escondeu)
sobre a Regionalização do país e a criação do terceiro pilar do Poder Local
Democrático, as Regiões Administrativas.
Esperei que as
diferentes forças politicas em presença aproveitassem o momento eleitoral para
nos colocarem quer a sua posição de partida sobre esta matéria, quer as
propostas concretas para a sua implantação, agora que pela pressão dos autarcas, Presidente da República e Primeiro Ministro se viram “obrigados” a vir a
terreiro reconhecer a sua necessidade.
Engano meu. As
diferentes candidaturas que se apresentaram pelo nosso círculo eleitoral
mantiveram os seus posicionamentos tradicionais: a CDU a reafirmar o seu
propósito de continuar a bater-se pela sua concretização e as demais a fingirem
que não sabem dessa necessidade.
Já as direções
nacionais dos partidos até então com assento parlamentar não quiseram deixar de
pronunciar-se, tanto mais que o próprio Presidente da República se viu
“coagido” a lançar o tema em vésperas de eleição da nova Assembleia da Republica.
Das posições
vindas a público e apesar das roupagens que as vestiam é fácil constatar que
todos os partidos que construíram e votaram a Constituição da República se
posicionam favoráveis à criação de serem discutidas as formas de
descentralização politica e administrativa da governação do país. Dos partidos
com grupo parlamentar, só o CDS não “aplaude” a Regionalização, na mesma linha
do seu posicionamento face à Constituição que a consagra e que, como é sabido,
votou contra.
Feita a
constatação olhemos agora, com o olhar dos alentejanos, para a alteração,
positiva, do posicionamento político de quantos, partidos e personalidades,
estiveram por diversas vezes (demasiadas) em confronto com os defensores da
Regionalização e com a vontade das populações que os elegiam.
Registemo-la e
passemos à fase seguinte. Procuremos de imediato partir para a construção de
convergências no desenho da Região Administrativa do Alentejo, das suas
competências e da sua governança.
Há já trabalho
(muito) feito. O acervo documental saído de cada Congresso sobre o Alentejo,
que realizámos entre 1985 e o presente são a prova das potencialidades da
Região e uma poderosa afirmação da vontade de milhares de homens e mulheres de
contribuir para um Alentejo de progresso e bem-estar.
Em cada um dos
Congressos realizados, que percorreram cada um dos distritos do Alentejo – do
primeiro realizado em 1985 em Beja ao último que efetivámos em Castelo de Vide
foi sempre sublinhada a importância da regionalização como um instrumento
fundamental para a definição de uma verdadeira estratégia de desenvolvimento.
Que seja
agora!
Diogo Serra
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