quarta-feira, 6 de outubro de 2021

PORTALEGRE FICOU (quase) SEM SOLUÇÃO!

 

Portalegre ficou (quase) sem SOLUÇÃO!(*)

No futebol quando as coisas “correm mal” muda-se o treinador, nunca a equipa. Assim terá que ser, por acrescidas razões com plataformas eleitorais e os projectos que defendem.

No primeiro caso, no futebol, por uma questão de custos…na política por uma das mais elementares regras da Democracia e por uma impossibilidade real: não se pode (um democrata nem o poderá conceber) mudar de povo (os eleitores) logo, o que há a fazer é mudar de estratégia e,quando muito, de treinador.

E tudo isto a propósito das eleições autárquicas do passado dia 26 e dos seus resultados, por todo o país e particularmente, porque aqui estive e estou envolvido nos, concelho e distrito de Portalegre.

No distrito as candidaturas em que me revejo triunfaram e perderam, ganharam e perderam eleitorado e no fim, apesar da perda de votos e de mandatos é possível continuar a sorrir embora que de forma (muito) moderada.

No concelho de Portalegre a “coisa” foi bem mais “dolorosa” e nem o alcançar do objetivo há muito traçado - mudar de políticas e de protagonistas para Portalegre, consegue “adoçar” a acidez dos resultados: Perda de 1325 votos, do vereador municipal, de três dos quatro deputados municipais e de dois dos três lugares na Assembleia de Freguesia da Sé e S.Lourenço, ficando agora a voz da CDU a ser assegurada por um eleito na assembleia municipal e um eleito na assembleia de freguesia da cidade.

A hecatombe aconteceu quando as expectativas estavam, justamente, num patamar elevado. A composição das listas e a competência reconhecida aos que as integravam, a aceitação e entusiasmo ao longo da campanha, o termos “ganho” todos os debates realizados e a pertinência do compromisso/solução assim o faziam prever…

Não foi assim. Um vendaval laranja, tão forte quanto inesperado varreu o concelho colocando na presidência da Câmara, da Assembleia Municipal e de duas das maiores Juntas de Freguesia, o partido que oito anos atrás “quase desaparecera” e que nos últimos tempos lutava pela manutenção dos lugares que conseguira no último acto eleitoral.

Há explicação? Claro que há, mesmo que ainda não tenha sido encontrada por todos ou alguns dos protagonistas.

No que à CDU diz respeito registo a lúcida análise que o meu camarada Pedro Tadeu publicou no Jornal Público do passado dia 22. Trata-se de uma reflexão focada no todo nacional mas que, a meu ver, se aplica bem a Portalegre embora sem os ganhos que a postura nacional garantiu.

Todavia em Portalegre, cidade e concelho, é fundamental que consigamos ir mais fundo. Importa compreender até que ponto “pesa” o “medo de perder o médico” e a forma como esse medo é disseminado pelos especialistas da boataria que em Portalegre sabemos serem de grande eficácia.

Importa “medir” o peso do preconceito anti-comunista e as razões porque se mantem quando, ali ao lado já não se coloca. Importa analisar e medir os impactos da acção politica nos vários órgãos e, apesar da sua justeza, como foram compreendidos e aceites pela população.

Importa analisar quem é o nosso eleitorado na cidade e no concelho e adaptarmos a comunicação aos seus interesses e posturas.

Temos agora (o voto popular assim o impôs) um tempo e um espaço para a reflexão, a análise e o construir de respostas. Façamo-lo mantendo e reforçando a nossa acção cívica e politica em todo o concelho e em todo o espaço de intervenção ao nosso dispor.

É este o tempo. Só reconhecendo as debilidades e com disponibilidade para as suprir poderemos ser/continuaremos a ser a Solução!

Diogo Serra

(*) publicado no Jornal do Alto Alentejo de 6 de Outubro de 2021

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