TOMAR PARTIDO!
Quando
nos aproximamos de novo acto eleitoral, desta vez para os órgãos de poder mais
próximos dos cidadãos e quando a campanha eleitoral já está no terreno a partir
de quem, ainda, exerce o poder, importa, penso, tomar partido.
Em
1975 um revolucionário que era então primeiro ministro de Portugal afirmou
convictamente que não há meios-termos “ ou se está com a Revolução ou se está
com a Reação!”.
Passados
46 anos é-nos fácil perceber que também aqui, Vasco Gonçalves estava com a
razão. Mas também é acertado pensarmos que hoje, quarenta e sete anos depois de
Abril e passados 45 (cumprem-se em Dezembro) das primeiras eleições livres para
as autarquias locais aqueles termos mesmo que certos não se adequam à linguagem
actual e por isso prefiro colocá-lo assim: Hoje, em Portalegre, também não pode
haver “meias tintas”: ou se está com o desenvolvimento e o bem-estar de
Portalegre e dos portalegrenses ou se está com quem está a destruir a cidade e
o concelho a favor de uns poucos, se está com o passado.
O
concelho e a cidade estão num estado de retrocesso acelerado nos seus
interesses e valores: de cidade industrial passou, por culpas próprias e alheias,
a cidade de mão estendida.De concelho reconhecido como motor de desenvolvimento
da região envolvente, para concelho da inércia e do atraso face aos restantes
seus vizinhos.De detentor e promotor de uma cultura industrial, a promotor de
uma “indústria/angústia do desemprego, da descrença e da paralisia.
Está
na hora de “Tomar Partido”! Talvez nos esteja a ser oferecida a última
oportunidade de retomar os caminhos do progresso que merecemos, do
desenvolvimento que aspiramos, do orgulho que já tivemos.
As candidaturas
começam a ser conhecidas, as movimentações dos diferentes actores já são bem
visíveis e para lá dos anúncios já feitos quanto a candidatos e das normais
especulações, todos sabemos quais as forças políticas que irão estar em
presença e conhecemos quer as suas promessas, quer sobretudo, os seus
objectivos.
Voltaremos
a poder escolher entre o grupo que deteve a governação (ou falta dela) na
última década, os comunistas e verdes coligados, os defensores da Social-democracia
divididos (como sempre) em dois grupos distintos: uns apresentando-se sozinhos e
outros em coligação com os democratas cristãos que restam no CDS.
Os
saudosistas que durante décadas, por cobardia, se espalhavam por diferentes
forças políticas do chamado arco da governação aparecerão agora com o partido
que encomendaram e pagam, depois de perderam o medo de dar a cara pelo
retrocesso que anseiam.
Assim,
no quadragésimo quinto aniversário das primeiras eleições livres, em Portalegre
vamos ter que TOMAR PARTIDO e também aqui e agora, como o afirmou o Militar de
Abril, então Primeiro-ministro, não pode haver outras vias. Ou se está com a
Liberdade, a Democracia e o Futuro ou se está com o Preconceito, o Ódio e o
Passado Retrógrado Colonial/Salazarista.
E, porque estamos num tempo em que
as palavras proferidas e escritas nem sempre correspondem ao que se quer e ao
que se faz permito-me transcrever porque com ele me identifico o que o Primeiro-ministro
de Portugal nos 4º e 5º Governos Provisórios entendia por Liberdade.
“A liberdade não se define ou não se consubstancia, apenas, nos direitos
políticos, no direito de poder falar livremente, no direito de opinar e
contestar ou de se organizar colectivamente sem ser preso. …São necessárias
estruturas políticas, económicas, sociais, culturais que garantam o exercício
das liberdades consagradas na Constituição. O desemprego, a miséria, a fome, a
falta de instrução, a falta de habitação, as relações sociais de exploração são
contrários ao exercício livre da liberdade. Mesmo esta (a liberdade política) tem
condicionamentos económicos e sociais, culturais e até, ambientais. Por
exemplo, o novo código de trabalho, as novas leis aprovadas em 2004 nos
domínios da segurança social, da saúde, da educação, do arrendamento urbano,
limitam claramente as condições de vida das pessoas… Têm uma influência
decisiva sobre a igualdade de oportunidades, condição indispensável para o
exercício das liberdades. Outro exemplo: o domínio dos meios de comunicação
social de maior difusão pelo sistema do capital. A desinformação deliberada
influencia negativamente a formação cultural, a formação da consciência social
e política dos cidadãos, e, consequentemente, o exercício do direito à
liberdade.”
Tomemos partido!
Como não me canso de afirmar “O
Futuro tem Partido”! Nas autárquicas, em Portalegre, o Passado (parece) Também.
Saibamos escolher!
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