ACORDAI!
A nossa cidade e concelho foi recentemente “abanada” por uma reportagem
televisiva assinada por um ilustre portalegrense, que nos mostrava o estado
comatoso para onde temos sido sistematicamente empurrados.
Mostrava, também, os rostos e as falas de alguns que teimam em remar
contra a maré mas também rostos e falas de gente desiludida, que não
percepciona a gravidade da coisa ou que já atirou a toalha ao chão.
Para os portalegrenses que há muito denunciam as politicas e as acções
que impõem ou permitem a estagnação que nos atinge, a peça televisiva serviu
para confirmar a justiça das denúncias e animar para novos “combates”.
Esperámos, eu encontro-me entre estes, que a exposição pura e dura da situação
para onde fomos atirados nos arrancaria, a todos, do “torpor” em que nos
deixámos envolver.
Não foi o que sucedeu, a acreditarmos no que se ouviu dos apoiantes da
“inércia” e das forças políticas que a têm imposto. Nas redes sociais e nas
“conversas da treta” em que se especializaram e cujo palco privilegiado é o
espaço que as redes sociais permitem o “povo lagóia” reagiu como tem sido seu
costume: fingir que não se passa nada, culpar os outros, a notícia não é boa? “Mate-se”
o mensageiro…
Mais do mesmo… afinal a culpa é das “forças de bloqueio”- onde e quando
já ouvimos isto? – é a oposição que não nos deixa governar! E nem repararam que
a principal responsável pela política municipal numa demonstração do que tem
sido o seu papel no concelho, colocada perante as câmaras de uma televisão
nacional, em vez de aproveitar o tempo de antena que lhe está a ser oferecido
para promover o concelho a que preside, optou por mostrar ao país o que aqui já
todos sabemos: É a líder de uma equipa que há muito desistiu de ser solução e é
cada vez mais o problema.
Recordemos. É verdadeiro o papel nefasto dos governos centrais e
centralistas para com todo o designado “interior”, é conhecido o efeito nefasto
para cidades como Portalegre, da eliminação dos distritos (sim eu sei que
formalmente não foram extintos) sem que tivesse sido cumprida a imposição
constitucional da criação das Regiões Administrativas.
Sabemos, todos, das criminosas
decisões sobre para onde vão e onde acabam os investimentos públicos e
privados, as empresas e os empregos. Sabemo-lo, mas sabemos igualmente e
sofremo-lo, que a esse quadro se adicionam, no caso de Portalegre, uma
governação local sem capacidade de liderar, de prever e antecipar
acontecimentos, de congregar esforços e projetos, de construir e liderar uma
estratégia para o concelho e, até, sem capacidade de ouvir.
Um concelho que só mexe ao ritmo dos calendários eleitorais pode, por
vezes, atingir os objectivos eleitorais de quem o dirige, não chegará nunca a
bom porto. É assim Portalegre.
E agora? Não há nada a fazer?
Claro que há! Como o poeta nos ensina, importa acordar. … pois quando
um povo acorda é sempre cedo!
Diogo Júlio Serra