segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Não Passarão!

 




E se Abril ficar distante
desta terra e deste povo
Nós temos força bastante
Prá fazer um Abril novo.

Os resultados eleitorais de ontem deixaram-me magoado e preocupado.

Frente ao televisor, bombardeado pela verborreia dos comentadores que se afadigavam a replicar a sua nefasta actuação nos últimos tempos e mais uma vez sem a presença da voz da candidatura que ao longo de centenas de horas ocultaram, deturparam e atacaram foi-me difícil resistir à reacção a quente e, por isso, quase sempre incorrecta.

Muitos amigos e companheiros não conseguiram resistir e aí estão a declararem-se envergonhados de serem alentejanos, a acusarem os seus/nossos amigos e vizinhos de traição às ideias, aos antepassados à nossa cultura e à nossa região.

Amplificam as mentiras e o ódio de quantos pensam ter chegado o momento para ocuparem o território e as nossas gentes com as políticas do ódio.

Vamos lá por os pontos nos is.

Quem se pode e deve envergonhar-se dos resultados eleitorais que na nossa região e quase na totalidade do país, reelegeram uma personalidade assumidamente de direita e colocaram em segundo lugar o megafone de quantos sonham com o regresso das ditaduras terroristas de capitalistas e agrários e semeiam o discurso do ódio e da divisão, são os que neles votaram e os que com as suas práticas tacticistas permitiram a eleição à primeira volta do representante da direita democrática.

Quem tem que se envergonhar (se tiverem vergonha) são os que trocaram o jornalismo pelo megafone, e a liberdade (a sua e a do país) por um qualquer cargo de manajeiro dos patrões, bem remunerado mas servil.

Eu, e muitos outros, a maioria dos que não desertámos, podemos e devemos sair à rua, já o fiz, de cara bem levantada.

Cara ao alto porque fiz o que tinha que ser feito. Porque com muitos outros, me empenhei esclarecimento possível, na divulgação das propostas, do candidato que apoio, no combate, sempre, pela liberdade e pelos direitos que a nossa Constituição garante.

Fiz ao longo da campanha eleitoral o que faço no dia a dia: lutar pelos direitos dos que aqui vivem e trabalham e tentei que juntos pudéssemos levar toda essa luta até ao voto.

Mas, sobretudo, cara ao alto porque hoje, amanhã e sempre cá estarei, cá estaremos, a combater as políticas xenófobas e do ódio, a exigir que o pós pandemia não seja tão letal como o vírus, a afirmar que a pandemia não se combate com o restringir das liberdade, que é fundamental valorizar o trabalho e os trabalhadores.

Cara ao alto porque aqui estamos a renovar a esperança e a confiança.

Envergonhados? Era o que faltava!

Aqui estamos orgulhosos e firmes na defesa do regime democrático e imunes aos profetas da desgraça e da divisão.

E, como diz a canção da resistência e um camarada hoje bem lembrou " cada fio de vontade são dois braços e cada braço uma alavanca.”

 

No pasarón!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

QUE NINGUÉM FIQUE PARA TRÁS!

 


Que ninguém fique para trás!

 

De novo com as liberdades “cassadas” enquanto crescem os números de doentes e mortes em Portugal e no mundo por acção de um vírus que, comidas as filhós e visionados os espectáculos do fogo preso, voltou mais robustecido.

Mais uma vez os governantes foram mais rápidos a cercear do que a garantir os nossos direitos constitucionais.

Iniciou-se um novo “sequestro” de pessoas e empresas enquanto no sector da saúde só as palmas e as palavras que o eleitoralismo impõe, chegam aos profissionais e aos serviços há muito exauridos de pessoal, meios materiais e organização e a necessitarem mais do que aplausos da coragem dos decisores.

O nosso território é nos dias de hoje a montra que nos mostra tudo o que de melhor e de pior se passa no país.

Aqui, como em todo o país, os trabalhadores e os serviços que garantem as primeiras linhas de combate à doença, continuam o combate diário para salvar vidas, a garantir-nos a produção e distribuição dos bens alimentares, a higienização e a limpeza, o ensino aos nossos filhos e a guarda e os cuidados aos nossos idosos, os que garantem a nossa segurança. Continuam a fazê-lo de forma abnegada, agora mais cansados e fragilizados pelas baixas que também a eles tem sido infligidas.

Fazem-no esquecendo as suas próprias dificuldades e problemas e fingindo acreditar que os meios humanos hão-de ser reforçados, que os meios matérias e o justo reconhecimento do seu labor (para além das palmas) também irão chegar.

No Norte Alentejano, como no país, alguns autarcas arregaçaram mangas e integraram-se no combate sem perdas de tempo ou discussões sobre o que eram ou não competências suas, mas também vimos os outros que mesmo cercados pelas dificuldades dos seus munícipes continuaram a assobiar para o lado ou, pior, a protegerem apenas a sua vaidade e os seus amigos.

Com o tecido produtivo a meio gás, com as micro-empresas, os empresários em nome individual e os trabalhadores por conta própria, que são a maioria dos empregadores, encerrados ou sem clientes e assim condenados a engrossarem a legião dos desempregados, a perda de rendimentos das famílias faz disparar o número de pedidos de apoio, nomeadamente de bens alimentares e faz emergir mais e maiores bolsas de pobreza.

O “xico-espertismo” também se fez notar. Desde logo pela mão dos que, quais aves de rapina, procuraram absorver a totalidade dos fundos e apoios disponibilizados a empresas e trabalhadores, se aproveitaram da situação pandémica para despedir todos os que por serem precários não lhes impediam a candidatura ao “subsidiozinho” apesar de saberem que, por serem precários, aqueles não teriam quaisquer apoios.

Também existiu o muito bom. Entre esses exemplos um sector que tem vindo a sofrer de grandes e injustas recriminações: as instituições que garantem a guarda e os cuidados dos nossos idosos, muitas delas locais de heroísmo.

O medo, a “injusta” situação de confinamento a que foram e estão sujeitos os seus utentes, a dor que as infecções e mortes verificadas e que continuam nos causavam e causam, levaram-nos mais vezes do que deveriam a desviarmos para eles as críticas e acusações que outros devem assumir. Por tudo isso, para quantos no distrito de Portalegre e nas outras regiões esquecidas (todo o interior) cuidam dos nossos idosos: direcções e todos os seus trabalhadores, uma palavra de enorme apreço. Tão forte quanto a acusação a quantos no governo e nas suas “sucursais” no território pretenderam fingir que não sabiam que os nossos lares não poderiam nunca aplicar, sem meios, os muitos planos de contingência que à distância foram rabiscando.

Fingiam e fingem não saber que enquanto mantiverem as formas de financiamento actuais (uma comparticipação fixa - e igual para todo o país- complementada com as pensões e reformas dos utentes) as instituições do interior com utentes que recebem pensões de miséria e familiares que recebem o salário mínimo, nunca sairão dos patamares da mera sobrevivência.

Agora, em que de novo é preciso o contributo de cada um para ajudar travar a doença e aliviar a brutal pressão sobre os estabelecimentos hospitalares, que saibamos todos resistir ao discurso do ódio, às pequenas vaidades que por vezes nos cegam e afirmemos a nossa condição de cidadãs e cidadãos solidários e actuantes.

Sim, e que não deixemos ninguém para trás!

 

Diogo J. Serra

 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Do Grémio Planetário ao Grémio Transtagano

 


O Grémio Transtagano –uma instituição da cidade

Das diversas associações cívicas e culturais que ao longo do último século deram vida à cidade e ao concelho só a Sociedade Musical Euterpe, a Associação dos Bombeiros, a Associação Comercial, a Sociedade Musical Alegretense, a Cooperativa Operária e o Grémio Transtagano resistiram e, menos ainda, continuam com funcionamento regular uma vez que a Associação Comercial se encontra encerrada.

No passado dia 3 de Dezembro em Assembleia Geral, os meus companheiros do Grémio Transtagano concederam-me a honra de presidir a equipa que irá dirigi-lo no próximo mandato.

É uma honra, mas é também uma enorme responsabilidade. Não apenas por continuar a fazer caminho com uma instituição com mais de um século mas, sobretudo, para darmos continuidade ao lema que norteou todos quantos a dirigiram, desde os fundadores Capitão Nunes da Silva e Coronel Velez Caroço, ao último dos seus presidentes o Professor Doutor António Ventura: Defender a Cultura e os Direitos Humanos, servir Portalegre.

O Grémio Transtagano que nasceu em 1916 com o nome de Grémio Planetário assumiu-se desde o nascimento como uma associação Recreativa e Democrática, defensora da Cultura e dos Direitos humanos. O seu nome e a sua acção estão ligados ao nome de Portalegre e desde logo através de uma das suas primeiras iniciativas: a instalação na nossa cidade do Monumento aos Mortos da Grande Guerra e, cem anos depois, às cerimónias com que assinalámos o centenário do fim da Guerra.

Nos últimos tempos e após a sua revitalização em 2016 (quando se cumpria o seu centenário), o Grémio Transtagano organizou conferências, exposições documentais e bibliográficas e nos últimos meses procurou, na medida das suas possibilidades, ajudar as instituições de solidariedade no combate à pandemia que nos atinge.

Lembro com enorme emoção duas iniciativas realizadas na sua sede, na Rua Tenente Valadim. A exposição documental sobre Mouzinho da Silveira e a Conferência Integrada nas Comemorações do Centenário do Armistício que teve como Conferencistas o Professor Bentes Bravo (o monumento aos mortos da Grande guerra) e o Professor Doutor António Ventura (do Grémio Planetário ao Grémio Transtagano) que contou com a presença da Sra. Presidente da Câmara e do Sr. Presidente da Comissão de Evocação dos 100 anos da Grande Guerra.

A situação pandémica que nos atinge e a necessidade de a combater tem imposto dificuldades acrescidas à vivência regular das populações e à actividade das instituições. O Grémio como quaisquer outras associações tem que saber reinventar-se para continuar o caminho.

Assim vai ser no próximo mandato.

Já em 2021 o Grémio Transtagano comemora 100 anos com a “nova” designação e quer comemorá-los dignamente.

As conferências, os debates e as exposições desenvolver-se-ão utilizando os meios e as técnicas que minimizem os riscos e os impedimentos de contactos próximos e, quando o for possível, estimulando o contacto directo e fraterno entre portalegrenses. E como sempre, afirmando-se sem dependências ou intuitos que não sejam servir a cidade e a região.

Diogo Júlio Serra