quarta-feira, 8 de abril de 2020

Isto vai camaradas, Isto vai!




Isto vai camaradas, Isto vai!*

À data em que escrevo, 3 de Abril, não deveria estar por aqui, fechado em casa, mas em Estremoz, cidade que deveria estar a assumir-se como a capital do Alentejo e a receber os alentejanos das quatro sub-regiões e de toda a diáspora.

Na verdade, se o ciclo natural das nossas vidas não tivesse sido interrompido pela pandemia que nos mantém em sobressalto iniciar-se-ia hoje, naquela cidade, o Congresso dos Alentejanos.

Ali, no Congresso que a defesa da saúde de todos nos fez adiar, iríamos debater o futuro que queremos para a Região e em particular, a necessidade de encontrarmos caminhos que permitam testar as vantagens, ou não, que advirão do cumprimento do preceito constitucional e da vontade dos alentejanos, da criação das Regiões Administrativas.
Fá-lo-ia-mos um dia depois do 45º aniversário da Constituição da Republica Portuguesa, quando na Presidência da Republica está um deputado da Assembleia Constituinte e em vésperas de comemorarmos, com constrangimentos mas em liberdade os 46 anos da Revolução dos Cravos.

A grave situação que vivemos no país e no mundo, a necessidade de combatermos e vencermos a Covid 19 que já matou mais de um milhão de cidadãos, impôs-nos o adiamento desta importante iniciativa. Fá-la-emos mais adiante.

Agora é tempo de outras batalhas e apesar dos resultados mais nefastos da pandemia estarem, até agora, a poupar o nosso território a mobilização de todos é fundamental, como será fundamental esse mesmo empenhamento quando vencida a pandemia, for necessário recuperar a economia, o emprego, os direitos…e fazer o luto.

Para os trabalhadores, os micro e pequenos empresários de todos os ramos de actividade, o tempo é de resistência. Para os primeiros de resistência aos aproveitadores que a pretexto da crise pretendem impor o regresso da lei da selva às relações laborais. Para os segundos, de resistência à gula dos predadores que querem aproveitar-se da sua debilidade para os sacrificar ao “deus capital” e à sua insanável sede de lucros.

Quando pela primeira vez nos 45 anos de democracia que Abril nos trouxe o país vive sob os constrangimentos impostos pela proclamação do estado de emergência. Quando, também por aqui, se fazem ouvir, e sentir, os “apetites do grande capital e as acções dos seus governos, da sua comunicação social e das suas máquinas repressivas contra os trabalhadores, os seus direitos e as suas organizações é fundamental que saibamos impor, mesmo nesta situação de emergência o que o próprio Primeiro-ministro lembrou: “a democracia não está suspensa!”

Aos trabalhadores impõe-se hoje mais que ontem, que saibamos comemorar Abril defendendo os direitos alcançados e as suas organizações representativas!

Assim, estou certo, Abril Vencerá!

Diogo J. Serra
* publicado no Jornal do Alto Alentejo de 8 de Abril de 2020

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