Isto
vai camaradas, Isto vai!*
À data em que escrevo, 3 de Abril,
não deveria estar por aqui, fechado em casa, mas em Estremoz, cidade que
deveria estar a assumir-se como a capital do Alentejo e a receber os
alentejanos das quatro sub-regiões e de toda a diáspora.
Na verdade, se o ciclo natural
das nossas vidas não tivesse sido interrompido pela pandemia que nos mantém em
sobressalto iniciar-se-ia hoje, naquela cidade, o Congresso dos Alentejanos.
Ali, no Congresso que a defesa da
saúde de todos nos fez adiar, iríamos debater o futuro que queremos para a
Região e em particular, a necessidade de encontrarmos caminhos que permitam
testar as vantagens, ou não, que advirão do cumprimento do preceito
constitucional e da vontade dos alentejanos, da criação das Regiões
Administrativas.
Fá-lo-ia-mos um dia depois do 45º
aniversário da Constituição da Republica Portuguesa, quando na Presidência da
Republica está um deputado da Assembleia Constituinte e em vésperas de
comemorarmos, com constrangimentos mas em liberdade os 46 anos da Revolução dos
Cravos.
A grave situação que vivemos no
país e no mundo, a necessidade de combatermos e vencermos a Covid 19 que já
matou mais de um milhão de cidadãos, impôs-nos o adiamento desta importante
iniciativa. Fá-la-emos mais adiante.
Agora é tempo de outras batalhas
e apesar dos resultados mais nefastos da pandemia estarem, até agora, a poupar
o nosso território a mobilização de todos é fundamental, como será fundamental
esse mesmo empenhamento quando vencida a pandemia, for necessário recuperar a
economia, o emprego, os direitos…e fazer o luto.
Para os trabalhadores, os micro e
pequenos empresários de todos os ramos de actividade, o tempo é de resistência.
Para os primeiros de resistência aos aproveitadores que a pretexto da crise pretendem
impor o regresso da lei da selva às relações laborais. Para os segundos, de
resistência à gula dos predadores que querem aproveitar-se da sua debilidade
para os sacrificar ao “deus capital” e à sua insanável sede de lucros.
Quando pela primeira vez nos 45
anos de democracia que Abril nos trouxe o país vive sob os constrangimentos
impostos pela proclamação do estado de emergência. Quando, também por aqui, se
fazem ouvir, e sentir, os “apetites do grande capital e as acções dos seus
governos, da sua comunicação social e das suas máquinas repressivas contra os
trabalhadores, os seus direitos e as suas organizações é fundamental que
saibamos impor, mesmo nesta situação de emergência o que o próprio Primeiro-ministro
lembrou: “a democracia não está suspensa!”
Aos trabalhadores impõe-se hoje
mais que ontem, que saibamos comemorar Abril defendendo os direitos alcançados
e as suas organizações representativas!
Assim, estou certo, Abril Vencerá!
Diogo J. Serra
* publicado no Jornal do Alto Alentejo de 8 de Abril de 2020
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