OU O
DESENVOLVIMENTO VAI À FRONTEIRA, OU A FRONTEIRA VAI AO DESENVOLVIMENTO!
Através da nossa comunicação social tomámos conhecimento de que os
deputados eleitos pelo Partido Socialista nos círculos eleitorais do Alentejo
constituíram-se em grupo “regional” com o objetivo de coordenar a sua acção
política, visando reforçar o peso político do Alentejo no seio da Assembleia da
República.
Saúdo a iniciativa e apesar de a entender como “curta” – ela devia, em
meu entender, abarcar todos os eleitos pelos quatro círculos eleitorais do
Alentejo, mais aqueles que eleitos por outros círculos eleitorais, são
alentejanos por nascimento ou por opção. Espero que possa, mesmo assim,
transformar-se numa ferramenta importante para o trabalho que é necessário
fazer e, acima de tudo, que permita ao Alentejo não voltar a perder
oportunidades e investimentos por falta de unidade, quando há verdadeiras e
suicidas divisões inter-regionais.
Recordo quando da abertura da discussão de abrir o ensino da medicina
fora das academias tradicionais de Coimbra, Lisboa e Porto, da regionalização
que não se fez, das vias de comunicação rodoferroviárias ou do aeroporto de que
o país precisa e o Alentejo tem “fechado”. Não esqueço que são sempre os
territórios mais frágeis (é o caso do nosso distrito) quem paga o preço mais
alto e, para o ilustrar lembremos as décadas de espera pelo arranque da
“barragem do Pisão”, o completar do IP2 e do IC 13, a ligação entre a A6 e a
A23, a electrificação da Linha do Leste que nos serve ou o encerramento do
Ramal de Cáceres e a perda da ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid.
Sempre defendi e continuo a fazê-lo que a nossa “crónica” fragilidade
numérica, empresarial, social e política só poderá ser minimizada com a unidade
de acção das diferentes instituições e vontades, alicerçadas na iniciativa de
quem tem a obrigação política de, nos diversos areópagos dar voz à nossa voz.
Também por tal razão não poderia agora deixar de saudar a iniciativa dos
deputados eleitos pelo Partido Socialista, apesar de considerar, reafirmo, que
é necessário ir mais longe, quer na composição, quer nos objectivos.
Mais, espero sinceramente que a iniciativa agora anunciada, não seja um
mero grupo de pressão virado para o interior do PS e destinado tão só, a potenciar
aspirações de promoção interna e de melhorias posicionais na grelha de partida
na corrida aos lugares do aparelho central na Região que agora, parece, irão
ser “sorteados” e que passarão pela presidência da CCDR e de outros lugares de
dimensão regional.
Se for essa a intenção, o Alentejo e as suas sub-regiões continuarão,
mais que adiados, a caminhar para o abismo vendo o futuro fugir-lhes através
das vias rodoferroviárias que a União Europeia quis, sejam as auto-estradas que
nos tocam a sul (Elvas) e a norte (Nisa/Gavião) seja a via ferroviária que
levará as mercadorias dos portos portugueses aos centros da Europa, passando
por aqui sem sequer nos verem.
Se for outra a intenção, a anunciada (assim o desejo) e enquanto não
for possível o seu alargamento a todos os deputados “alentejanos” há muito
trabalho para fazer e desde logo só no nosso distrito, o garantir que o
empreendimento do Pisão não trave, dar execução à decisão mil vezes prometida
da Escola de Formação da GNR, garantir a electrificação e modernização da Linha
do Leste, que continua afastada das preocupações e do Orçamento do Estado.
No que à Região diz respeito o trabalho também aí está. É imperioso
trabalhar para que o seu Partido e o seu governo não continuem a alhear-se da
discussão dos problemas, aspirações e potencialidades de uma Região que é um
terço do território do país (continente) e que quer a regionalização e o
desenvolvimento.
Uma boa resposta poderá ser já dada no imediato, levando o PS e o
governo a estarem presentes com todas as restantes forças políticas, económicas
e sociais no congresso dos alentejanos marcado para os dias 3 e 4 de Abril em
Estremoz.
Porque é o amor ao Alentejo que nos une!
Porque se o desenvolvimento não vier à fronteira será a fronteira a ir
ao desenvolvimento!
Diogo Júlio Serra
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