ANO NOVO VIDA…VELHA!
O Novo Ano veio encontrar Portalegre com o seu Município
“privado” dos principais instrumentos de gestão municipal - o orçamento e as
Grandes Opções do Plano.
Não é uma novidade para os portalegrenses que há muito se habituaram
a conviver com um executivo municipal e a organização de que emana, incapazes
de gerarem os consensos necessários para suprir tais necessidades.
O que é novidade em
2019 é o facto de pela mesmíssima razão que o executivo municipal não tem nem orçamento
nem GOPs não tem também, neste caso para 2020, uma fatia importante das
receitas que antevia receber com o IRS pago pelos portalegrenses.
As razões são basicamente as mesmas que aconteceram nos
anos anteriores e que se resumem à dificuldade da maioria CLIP e dos seus
eleitos no Executivo Municipal compreenderem que em democracia há mais mundo
para além do “seu umbigo”.
Desta vez a situação repetiu-se e foi agravada pela decisão
da CLIP de, no Executivo, ter optado por iniciar uma campanha de vitimização em
vez de apostar nos consensos necessários para verem aprovados quer o Orçamento
e GOPs, quer as propostas para não prescindir de quaisquer parcelas do IRS que
a lei lhe atribui.
Depois de mais uma vez terem afrontado as restantes forças
politicas que não integram a “sua maioria” e desrespeitado a própria Assembleia
Municipal e terem visto como se esperava e, talvez eles pretendessem, chumbadas
as suas propostas nada aprenderam.
Essa incapacidade da CLIP em questionar-se e procurar novos
caminhos levou a que a última Assembleia Municipal de 2019 (extraordinária) convocada
a solicitação do Executivo Municipal para permitir, em tempo útil, discutir e
votar novas propostas de política fiscal do município não trouxe nada de novo.
Esperava-se que o Executivo Municipal e em particular a sua
Presidente tivessem feito o “trabalho de casa” e procurado aproximar as
posições expressas na Assembleia anterior.
Não o fez! Mais uma vez a arrogância da maioria CLIP se
sobrepôs ao que era necessário. Não só nada fez para garantir que Portalegre
pudesse ter um OE e GOPs aprovados como no que se refere à proposta de
participação variável no imposto sobre Rendimento das Pessoas Singulares (IRS)
de 2019, trabalhou para que o Município viesse a abdicar de somas de algum
significado.
A maioria CLIP/PSD sabedora de que a CDU é contrária à
alienação de partes dos orçamentos municipais para acudir a obrigações que ao
Poder Central dizem respeito e que na anterior Assembleia votara contra a
proposta do Executivo porque esta continha uma gritante desigualdade no
tratamento aos trabalhadores e às empresas, em vez de procurar encontrar pontos
de encontro com a CDU cedeu aos “ódiozinhos de estimação” da Sra. Presidente e
apostou, mais uma vez, na marginalização da CDU.
O resultado é conhecido: A proposta que a Presidente
apresentou em reunião de Câmara recolheu apenas o seu próprio voto tendo sido
aprovada a proposta que “retira” 600 mil euros ao Orçamento do Município para
2020 para serem devolvidos aos portalegrenses que pagam IRS.
Foi essa proposta que o Executivo levou à Assembleia
Municipal e que eu próprio e o grupo em que me integro optámos pela abstenção.
Abstenção por não estarmos de acordo que um município como
o nosso, com gritantes dificuldades financeiras, vá em 2020 abdicar de parte
significativa das suas receitas para substituir-se ao governo Central na
desoneração dos contribuintes.
Em declarações de voto finais e em tomadas de posição
públicas a CLIP e os seus eleitos lamentam-se deste “rombo” nos cofres
municipais e procura colocar na oposição as suas próprias culpas.
É um “filme” que já vimos muitas vezes. Talvez seja a hora
de mudar de “cartaz”.
Diogo Júlio Serra
Texto publicado no Alto Alentejo de 15/1/2019
Texto publicado no Alto Alentejo de 15/1/2019
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