Trabalho de qualidade.
Um direito elementar da humanidade!*
No passado dia 15 de dezembro
dirigentes sindicais de toda a União Europeia, reunidos em Bruxelas,
reafirmaram o seu empenho em garantirem empregos de qualidade para todos os
trabalhadores e concordaram que a criação de tais empregos deveria ser uma prioridade
política importante para a economia europeia.
A alta taxa de desemprego, o
investimento insuficiente e a proliferação de plataformas on-line e de serviços
de baixos salários significam que muitos novos empregos são mal remunerados,
precários e de má qualidade.
Conforme afirmou Katja Lehto-Komulainen –
vice-secretário-geral da Confederação Europeia de Sindicatos, “os empregadores
aproveitaram-se da crise, oferecendo salários reduzidos e condições de trabalho
precárias e agora que a economia está a crescer a atenção dos decisores
políticos deve mudar para garantir a qualidade do emprego”.
É tempo, na Europa e no nosso
país, de abandonarmos a ideia desesperada de que qualquer trabalho é melhor que
nenhum trabalho e, por isso, devemos sujeitar-nos a abdicar dos mais
elementares direitos humanos. O trabalho deve abrir caminho para uma vida digna
e o certo é que os trabalhos sem qualidade têm repercussão bem para lá do local
de trabalho.
Ao contrário, os trabalhos de
qualidade geram desempenho de qualidade e o aumento da produtividade que é
exatamente o que a Europa precisa e quer.
Está mais que provado que os
trabalhos de qualidade são fundamentais para aumentar a competitividade, a
inovação e a procura.
Não são meras aspirações dos
trabalhadores. Todos os estudos elaborados pela União Europeia mostram que as
economias fortes dependem de empregos de alta qualidade.
Nem precisamos de recorrer aos
estudos. Se fosse ao contrário, se o crescimento das economias estivesse ligado
a politicas de baixos salários e mão de obra desqualificada o nosso país seria
detentor duma economia pujante e duradoura.
Mas importa definir o que
significa, para os líderes sindicais europeus e para os estudiosos destes
temas, emprego de qualidade? Em Bruxelas, no passado dia 15 de dezembro, os
líderes sindicais adoptaram uma definição que deve ser apropriada por todas as
instituições europeias e para os responsáveis pela politica económica dos
países da comunidade.
Um trabalho de qualidade é aquele
que oferece:
·
Um bom salário;
·
Segurança no Trabalho;
·
Aprendizagem ao longo da vida;
·
Um local de trabalho seguro e saudável;
·
Um tempo de trabalho razoável;
·
Representação sindical.
Por último os dirigentes
sindicais decidiram que a CES – Confederação Europeia de Sindicatos renovará
todos os seus esforços para abordar a questão da qualidade do emprego no
desenvolvimento da política económica da União Europeia.
Quer este encontro de dia 15 quer
as conclusões dele saídas mereceram uma grande atenção por parte dos
responsáveis europeus e da comunicação social.
Por cá, no país e no Alto
Alentejo, não temos estado tão atentos e interessados. No Conselho de
Concertação Social quando da discussão do Salário Mínimo Necessário, só a
CGTP-IN se bateu pelo cumprimento de decisões anteriores que impunham que o salário
mínimo fosse de 600€ a partir de 1 de Janeiro de 2018 e se bate para que seja
revogada a legislação anti contratação coletiva e no nosso território a nossa
comunicação “nem reparou” na importante iniciativa organizada pela CGTP-IN na
cidade de Portalegre e que trouxe ao auditório do Centro de Formação o
Secretário-Geral da CGTP-IN e os principais dirigentes sindicais de todo o
país.
E no entanto, são inúmeros os que
se afadigam a bater no peito e a afirmarem-se como os campeões do europeísmo.
Diogo Serra
* publicado no Jornal Fonte Nova de 9-1-2018
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