Dez anos. Uma fração ou uma
eternidade?*
Dez anos é muito tempo? Sim e
não!
Sim, se estivermos a falar da
idade de espécies cuja esperança de vida é muito curta. Não, se estivermos a
falar do ser humano e da sua história.
E, se estivermos a falar de
organizações e em particular de órgãos de comunicação? Igualmente, Sim e Não.
Se estivermos a falar de
Comunicação Social de âmbito nacional, ou de âmbito regional e local mas
situadas nos grandes centros populacionais ou, como é o caso, se nos referimos
a um jornal local que nasceu, cresceu e vive no concelho de Portalegre, dez
anos medem “tempos” diferentes. No primeiro caso diremos que só agora está a
atingir a velocidade de cruzeiro enquanto no segundo, sabemos que já merece ver
“medalhado” o esforço desenvolvido para chegar à década.
Viver em Portalegre, pessoas e
organizações, é sempre um ato de resistência. São a baixa densidade
populacional, o pouco hábito de ler e sobretudo comprar, o peso quase residual
da atividade empresarial a postura recuada dos vários poderes, públicos e
privados, que aqui se exercem.
Pois bem, quando com tudo isto,
apesar de tudo isto, um jornal teima em manter-se de pé e atuante, assumindo-se
“também” como projeto empresarial mas não abdicando do seu estatuto editorial. Quando assume que deve ser voz dos que menos se conseguem fazer ouvir e em
primeiro lugar da cidade e da região e opta por dar voz a todas as verdades
existentes no território (com os custos que a “independência” sempre implica)
então, uma década é sempre muito mais que o somatório dos 10 anos que medeiam
entre o primeiro número e os dias de hoje.
Poderemos então classificar o
Jornal do Alto Alentejo, porque é dele que temos vindo a falar, como coisa
velha apesar dos seus apenas 10 anos? E se estivesse sediado num grande centro
no Litoral, seria a criança que a década pressupõe? Claro que não. O Jornal do
Alto Alentejo é, como quaisquer outros com a mesma idade, uma criança com muita
vida pela frente. A diferença é que este, porque teima em sobreviver em
território difícil, já foi chamado a tarefas que num outro lugar e com
condições diferentes só conheceria em “idade adulta”.
Nas organizações como nas
pessoas há, continua a haver, “homens (e mulheres) que nunca foram meninos”.
É pois, esta década grande, que
comemoramos. O Jornal do Alto Alentejo tem vindo, contra ventos e marés, a
impor-se como instrumento de defesa do direito que todos temos de viver e
trabalhar no distrito de Portalegre. Fruto da vontade, capacidade e… teimosia de
quantos, semana a semana, o colocam nas bancas afirma-se como espaço de
reflexão, debate e denuncia do que somos e queremos.
Que assim continue por muitas
décadas.
Diogo Serra
* Publicado no Jornal do Alto
Alentejo por ocasião do seu 10º aniversário.
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