terça-feira, 25 de agosto de 2015

Em jeito de conversa!


Castelo de Vide volta a ter  a “sua” universidade!

Iniciou-se na passada segunda-feira e durará até domingo a iniciativa que o PSD apelidou de Universidade de Verão e através da qual algumas dezenas de meninos e meninas filiadas naquele partido ou nas suas secções juvenis, tomam contacto com a nossa região e em particular com os bares de Castelo de Vide.

É uma semana dura, não tanto pelo trabalho ou pelo estudo mas porque as noites são longas e não fica bem dormitar quando uma qualquer tia ou um outro tio vem falar aos "universitários", particularmente se o tio/a ou tia for membro do governo. É que, o mais inocente cabecear pode pôr em causa o “tal emprego catita” muito bem remunerado e óptimo trampolim para voos mais arriscados.

Resultados práticos, existem sempre. Seja para a economia local que não fica indiferente à permanência de umas dezenas de jovens e aos “senhores professores” que por cá passam, seja para o partido organizador que sempre garante mais uns largos minutos de tempo de antena.

No distrito nada fica, nem sequer a certeza de que os ministros que durante esta semana por cá passam ficam a conhecer a trágica situação de quem cá vive.

Numa semana em que o distrito se afirma através da cultura do seu povo e da organização de eventos culturais capazes de atrair  muitos milhares (Festa do Povo – Campo Maior e Festival do Crato), este ajuntamento dos betinhos do PPD só não passa despercebida porque os grandes meios de comunicação social sabem bem que é preciso dar importância mesmo ao que a não tem!

Estamos conversados!

d.s.

sábado, 22 de agosto de 2015

 
Festa dos Artistas/festa de "artistas"

     Há hora em que escrevo, Campo Maior fervilha, estou certo, com a alegria dos homens e mulheres que mostram finalmente o resultado de milhares de horas de trabalho.
     A alegria da noite de enramar as ruas só é "travada" pelas dificuldades funcionais que a presença dos "mirones" acaba por impor. 
     A visão do que estará a ser essa noite faz-me retornar aos tempos em que, ainda criança, visitei pela primeira vez a Festa dos Artistas. Com os meus pais, junto a alguns outros arronchenses, envergando os fatos guardados para as grandes ocasiões, lá tomámos assento na "caminete da carrera" e rumámos a Campo Maior.
     Recordo o deslumbramento em que me colocaram quer a multidão onde me integrei, quer a beleza que emoldurava a vila que eu já conhecia mas despida de papel.
     Era um tempo em que a festa se realizava de sete em sete anos. Um interregno enorme mas que se justificava quer pelo custo das festas, em gente e em materiais, quer pela necessidade de não a banalizar.
     Por razões perfeitamente compreensíveis: a entrada em cena dos meios de comunicação que a proximaram do mundo, uma maior facilidade de angariar os meios económicos necessários, a afirmação do poder local democrático e a manutenção da vontade dos e das campomaiorenses entre outros, levaram à diminuição desse tempo de espera entre uma e outra edicção.
     Recordo algumas das sessões em que o mau tempo conseguiu num único dia destruir toda a ornamentação feita e a vontade inquebrantável daquele povo que teimava em repor nas ruas a beleza saída das suas mãos.
     Era esta a Festa dos Artistas. A festa feita pelo querer da população organizada rua a rua, a força da tradição e cultura de um povo de antes quebrar que torcer.
     Nos últimos anos a FESTA mantendo os mesmos níveis estéticos e artísticos, e o envolvimento das populações acabou por "mudar".
     A periodicidade que passou a estar ligada aos ciclos eleitorais e aos interesses partidários de quem pode decidir da sua realização, a "profissionalização" da sua gestão e promoção, começam a enredá-la em teias de interesses que extravasam a tradição e a cultura de um povo e, na minha modesta opinião, deixaram de ser a Festas dos Artistas para passarem a ser festas de "artistas".
     E no entanto, continuam lindas!

ds

domingo, 16 de agosto de 2015

Quando uma porta se fecha abre-se sempre uma janela!


Quando uma porta se fecha abre-se sempre uma janela.
Será?

     A afirmação que assumo como título deste texto, o último a ser subscrito como Coordenador da USNA/cgtp-in é a transcrição de um ditado popular usado na nossa região.
     A dúvida colocada é justificada tão só pela proximidade da data em que deixo a coordenação da União e procuro "acertar o passo" com o que quero que seja o meu futuro imediato.
     Os projectos, em particular os que deixaram de ser projectos de vida para se assumirem como o projecto de uma vida, como foi o caso, marcam-nos sempre, mesmo que o não queiramos admitir. Este não foi diferente, tanto mais que o Movimento Sindical de classe e a União fazem parte da minha vida desde a juventude. Foram a  família mesmo antes de ter constituído a minha família.
     Quando casei em 1980, quando nasceram os meus filhos, hoje com 34 e 31 anos, os meus dias ( e tantas vezes as noites) eram guiados a partir da velha sede da União, na travessa da liberdade, no edifício onde hoje está sedeada a delegação local do Novo Banco.
     Ali, com outros camaradas e amigos, desenhei o programa das comemorações do 1º de Maio de 1978 e com o Joaquim Miranda então à frente do Secretarado Distrital das UCP's e Cooperativas e o António Ramos do Sindicato Agrícola, preparámos a vinda e distribuição das máquinas agrícolas oferecidas pela União Soviética às cooperativas do distrito.
     Ali, com dezenas de outros camaradas, defendemos o edifício perante a turba enraivecida convocada pela CAP para o Rossio, naquela que seria a primeira manifestação da CAP a sul do Tejo.  
     Foi ainda a partir daquele edifício, onde estavam sedeados o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura, o Secretariado das UCP´s e Cooperativas e a União dos Sindicatos do Distrito de Portalegre, que planificámos, coordenámos e dirigimos a primeira Greve Geral realizada no pós 25 de Abril.
     Foram trinta e sete anos de intensa actividade em que percorri com muitos outros o caminho que une a minha condição de jovem acabado de deixar o serviço militar obrigatório (os vencedores do 25 de Novembro passaram-me de forma compulsiva à disponibilidade a 2 de Dezembro de 1975) e profundamente empenhado no processo revolucionário e em particular no desenvolvimento das Unidades Colectivas de Produção Agrícolas, ao homem que ultrapassou os sessenta, marido, pai e avô que continua a acreditar que os homens e mulheres, todos e todas hão-de um dia libertar-se das grilhetas e, como dizia o poeta refereindo-se ao Alentejo, hão-de cantar!
     Agora aos 24 dias de Junho de 2015, 37 anos depois daquela noite de Fevereiro de 1978, é preciso aprender a gostar de mim. Aprender a libertar-me dessa carapaça que me acompanhou ao longo de décadas e a tornar possível que sejam outros e outras, jovens, entusiastas e sonhadores a assumirem o seu papel.
     Procurar ( acreditem que não vai ser fácil ) estar disponível se solicitado sem atrapalhar quem ficou e assumir novos projectos e batalhas.
D.S
2015-06-24