quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Há futuro?


Há futuro?

A greve geral de dia 14 de Novembro que a CGTP-in convocou e foi cumprida por muitos milhares de trabalhadores por todo o país, em todos os sectores de actividade, foi um momento alto da luta contra as políticas e o governo que a mando de interesses estrangeiros está a destruir a economia portuguesa e a impor o empobrecimento acelerado das populações e do país.

            Foi também um momento de viragem na percepção do que está em causa com as politicas e as birras que o governo vem assumido e, principalmente, de que há caminhos alternativos ao roubo organizado aos rendimentos das famílias e aos direitos dos trabalhadores e das populações.

 Mesmo em regiões como a nossa, onde a dimensão dos ataques costuma superar a nossa capacidade de reacção, foi possível colocar na opinião pública a existência de alternativas às políticas prosseguidas ao longo de décadas e agora brutalmente intensificadas.

 Digamos que também aqui, os trabalhadores e as suas organizações de classe, cumpriram com as suas responsabilidades mas, como todos verificamos isso não é suficiente.

            Em regiões como a nossa onde a ação política dos governos, deste e dos que o antecederam com políticas parecidas, tem vindo a desmantelar a nossa capacidade produtiva e a destruir empregos, a encerrar os serviços públicos e a impor-nos o mais completo isolamento, é preciso que outras camadas da população assumam a necessidade de irem, também, ao combate.

            O tempo que vivemos é um tempo de ação. Agora já não há mais tempo de fingir que não vemos, nem ouvimos e muito menos para continuarmos a eleger como inimigos os que são efectivamente os nossos aliados e a considerar amigos os que são, efetivamente, os carrascos das nossas condições de vida e de trabalho.

Hoje, no nosso distrito e na nossa cidade, ninguém pode continuar a fingir que não percebe que se continuarmos a deixar que nos roubem o salário e nos atirem para o desemprego, aos vinte e sete estabelecimentos comerciais já encerrados na rua do Comércio, juntar-se-ão muito mais.

Hoje, no nosso distrito e na nossa cidade, ninguém pode continuar a fingir que não percebe que se continuarmos a assobiar para o lado o nosso IPP encerrará nem que seja por falta de alunos, que ao Hotel de S. Mamede, ao Restaurante do Castelo, à Fabrica de Bolos do Alentejo e a tantos outros, juntar-se-ão muitos mais.

Hoje no nosso distrito e na nossa cidade, ninguém pode fingir que não percebe que é a cidade e o distrito que estão em risco de continuarem a ter vida se permitirmos que continuem a encerrar serviços como já encerraram dezenas de escolas e centros de saúde, se aceitarmos o desmantelamento do serviço de transporte ferroviários, se deixarmos que continue o ataque ao poder local democrático, começando pelas freguesias mas visando os próprios municípios.

Faço parte daqueles que acreditam que o país e o distrito têm em futuro. Mas esse futuro só será possível se outros sectores seguirem o exemplo dos trabalhadores e da sua central sindical e se disponibilizarem para passar do queixume à ação. Se todos e todas passarmos a uma posição de proposta e de combate.

Não vão faltar, infelizmente, motivos e ocasião para nos encontrarmos em novas batalhas!

Diogo Serra
(publicado no Jornal Alto Alentejo de 5/12/2012

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