Há futuro?
A greve geral
de dia 14 de Novembro que a CGTP-in convocou e foi cumprida por muitos milhares
de trabalhadores por todo o país, em todos os sectores de actividade, foi um
momento alto da luta contra as políticas e o governo que a mando de interesses
estrangeiros está a destruir a economia portuguesa e a impor o empobrecimento
acelerado das populações e do país.
Foi
também um momento de viragem na percepção do que está em causa com as politicas
e as birras que o governo vem assumido e, principalmente, de que há caminhos
alternativos ao roubo organizado aos rendimentos das famílias e aos direitos
dos trabalhadores e das populações.
Mesmo em regiões como a nossa, onde a dimensão
dos ataques costuma superar a nossa capacidade de reacção, foi possível colocar
na opinião pública a existência de alternativas às políticas prosseguidas ao
longo de décadas e agora brutalmente intensificadas.
Digamos que também aqui, os trabalhadores e as
suas organizações de classe, cumpriram com as suas responsabilidades mas, como
todos verificamos isso não é suficiente.
Em
regiões como a nossa onde a ação política dos governos, deste e dos que o
antecederam com políticas parecidas, tem vindo a desmantelar a nossa capacidade
produtiva e a destruir empregos, a encerrar os serviços públicos e a impor-nos
o mais completo isolamento, é preciso que outras camadas da população assumam a
necessidade de irem, também, ao combate.
O
tempo que vivemos é um tempo de ação. Agora já não há mais tempo de fingir que
não vemos, nem ouvimos e muito menos para continuarmos a eleger como inimigos
os que são efectivamente os nossos aliados e a considerar amigos os que são, efetivamente,
os carrascos das nossas condições de vida e de trabalho.
Hoje, no nosso
distrito e na nossa cidade, ninguém pode continuar a fingir que não percebe que
se continuarmos a deixar que nos roubem o salário e nos atirem para o
desemprego, aos vinte e sete estabelecimentos comerciais já encerrados na rua
do Comércio, juntar-se-ão muito mais.
Hoje, no nosso
distrito e na nossa cidade, ninguém pode continuar a fingir que não percebe que
se continuarmos a assobiar para o lado o nosso IPP encerrará nem que seja por
falta de alunos, que ao Hotel de S. Mamede, ao Restaurante do Castelo, à
Fabrica de Bolos do Alentejo e a tantos outros, juntar-se-ão muitos mais.
Hoje no nosso
distrito e na nossa cidade, ninguém pode fingir que não percebe que é a cidade
e o distrito que estão em risco de continuarem a ter vida se permitirmos que
continuem a encerrar serviços como já encerraram dezenas de escolas e centros
de saúde, se aceitarmos o desmantelamento do serviço de transporte
ferroviários, se deixarmos que continue o ataque ao poder local democrático,
começando pelas freguesias mas visando os próprios municípios.
Faço parte daqueles
que acreditam que o país e o distrito têm em futuro. Mas esse
futuro só será possível se outros sectores seguirem o exemplo dos trabalhadores
e da sua central sindical e se disponibilizarem para passar do queixume à ação.
Se todos e todas passarmos a uma posição de proposta e de combate.
Não vão
faltar, infelizmente, motivos e ocasião para nos encontrarmos em novas
batalhas!
Diogo Serra
(publicado no Jornal Alto
Alentejo de 5/12/2012
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