domingo, 21 de outubro de 2012

Primeiro levaram os comunistas, não me importei!...


     Os jornalistas foram eles próprios notícia nos últimos dias.
     As greves decretadas e cumpridas pelos Jornalistas do Público e da Lusa trouxeram para a ribalta os problemas de uma classe profissional que nos traz a notícia mas que raramente a integra.
     Para os norte alentejanos estas notícias foram chegando através da comunicação social nacional e foram sendo acompanhadas com mais ou menos atenção um pouco por todos e todas os que trabalham ou são próximos da comunicação social seja ela local ou nacional.
     Para a classe não deixa de ser motivo de profunda reflexão tanto mais, que também aqui, já alguns profissionais perderam o posto de trabalho e a generalidade vive "o medo" de lhes seguir o exemplo uma vez que nesta região onde a vontade de uns poucos impõe que não tenhamos direito ao emprego, à saúde, ao ensino, a transportes dignos, a energia eléctica decente, a captações da TV... dispor de imprensa livre será sempre encarada pelos mandantes como  um luxo a que não temos direito.
     Mas o momento que atravessamos pode também (pelo menos) permitir-nos uma outra reflexão:      
     Será que vale a pena abdicarmos da missão que as democracias destinam à comunicação social e que uma citação de George Orwell agora em moda nas redes sociais, mostra com total clareza?
     Será que aquilo a que aqui, entendemos como notícia é a verdadeira notícia?
     Será que é por desconhecimento e distração que não vimos muito do que por aqui acontece?
 
Dois exemplos entre muitos que valerá a pena analisar.
  • Qual ou quais razões impuseram que apenas a LUSA tivesse reparado que, quando da visita do Ministro da Administração Interna a Portalegre, para o compromisso de honra dos militares da GNR, o aguardava uma manifestação exigindo que o Norte Alentejano não continuasse a ser discriminado?
  • Mais recentemente quando da Marcha contra o Desemprego, iniciativa que todos conheciam e noticiaram, nenhum órgão de informação regional tenha feito a cobertura da passagem da Marcha pelo Distrito e particularmente da Manifestação que às 8,30 da manhã do dia 9 de Outubro percorreu a vila de Avis?
Quando a classe luta, e faz muito bem, pelos direitos dos profissionais da comunicação social mas também pelo direito dos portugueses e da nossa democracia a disporem de informação livre, talvez valha a pena refletir do papel que deve assumir a comunicação social e os seus profissionais na resistência à extinção das condições para vivermos com dignidade em regiões como a nossa.
Diogo Serra
Outubro de 2012

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