quarta-feira, 6 de junho de 2012

Um ano de troika e de política do Governo do PSD-CDS deixaram-nos um território mais debilitado e com mais e maiores desigualdades sociais, num país em recessão*


Um ano volvido, após o ataque à soberania e à democracia, temos o país em recessão, a dívida pública prestes a atingir 117% do PIB em 2013, o financiamento da economia estrangulado e o crédito mal parado com um aumento de mais 40%;

A taxa de desemprego atingiu números recordes com a destruição de mais 204 mil empregos e o desemprego a atingir mais de um milhão de trabalhadores. Mais de um em cada três jovens estão no desemprego, a emigração intensificou-se e reduziu-se a protecção social no desemprego.

Portugal mantêm-se como um país de salários cada vez mais baixos enquanto o salário mínimo continua congelado e a maioria das convenções colectivas não é revista.

O governo impõe a sua política de classe com a consolidação de um modelo de competitividade baseado em salários baixos e direitos mínimos e que irá comprometer o desenvolvimento do país.

A Administração Pública fortemente atacada com a imposição de medidas deliberadamente destinadas à redução dos seus recursos, a provocar a privatização de serviços, a degradar a sua qualidade e a provocar o desemprego dos trabalhadores é uma montra do modelo neo-realista que o governantes professam: cortes nas funções sociais (segurança social, saúde, educação) com consequências na diminuição da protecção social, na degradação dos serviços públicos e com fortes restrições no direito ao seu acesso.

A política de austeridade cega é responsável pela situação actual de recessão em toda a zona euro e particularmente em alguns dos países que mais contribuem para as nossas exportações.  

Esta política origina a destruição de empregos e o aumento do desemprego. No espaço de um ano perderam-se em Portugal, mais de 200 mil postos de trabalho, sendo o nosso distrito afectado com alguns milhares o que coloca a taxa de desemprego no Norte Alentejano a atingir os 18%.

Daqui resulta uma verdadeira catástrofe para o norte alentejano com o encerramento de centenas de pequenas e micro-empresas por falta de clientes e o abandono do distrito por parte de um significativo número de jovens, quase sempre os melhores preparados e dos que mais necessitamos.

A política de mais do mesmo que alguns setores persistem em receitar só irá agravar a situação que vivemos no distrito e no país. O caminho a prosseguir tem que ser invertido.

Estou entre os que entendem que só haverá futuro se  privilegiarmos o crescimento e o emprego assente em políticas de investimento público que possam garantir quer emprego no curto prazo, quer o retorno do investimento feito mesmo que a prazo largo e por isso defendo a necessidade de avançarmos com a construção da Barragem do Pisão, cuja validade está desde há muito confirmada, com a modernização e retoma do funcionamento da rede ferroviária, incluindo ligação em  alta velocidade entre Sines e a Fronteira e entre Lisboa Madrid por CAIA/Badajoz, a concretização da Plataforma logística do Caia e a melhoria da rede rodoviária no interior do distrito.

Defendo a valorização do trabalho e o esbater da nossa dependência do exterior seja no sector alimentar seja em bens e equipamentos e para isso entendo fundamental o regresso à exploração da terra e ao fabrico e comercialização dos produtos agro-alimentares e a  uma politica que aposte na industrialização do Norte Alentejano.

Defendo igualmente a renegociação da dívida no sentido de que devem ser revistos o prazo de redução do défice orçamental, a redução dos custos de financiamento, a discussão dos montantes e a trajectória de diminuição da dívida pública de forma a garantir que possamos, a par da sua contenção, atingir os patamares de crescimento necessários a combater o desemprego e a vivermos, também aqui, com a dignidade que merecemos.


Diogo Serra

* artigo publicado no Jornal do Alto Alentejo

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