Um ano volvido, após o
ataque à soberania e à democracia, temos o país em recessão, a dívida pública prestes
a atingir 117% do PIB em 2013, o financiamento da economia estrangulado e o
crédito mal parado com um aumento de mais 40%;
A taxa de desemprego
atingiu números recordes com a destruição de mais 204 mil empregos e o
desemprego a atingir mais de um milhão de trabalhadores. Mais de um em cada
três jovens estão no desemprego, a emigração intensificou-se e reduziu-se a
protecção social no desemprego.
Portugal mantêm-se como um
país de salários cada vez mais baixos enquanto o salário mínimo continua
congelado e a maioria das convenções colectivas não é revista.
O governo impõe a sua
política de classe com a consolidação de um modelo de competitividade baseado
em salários baixos e direitos mínimos e que irá comprometer o desenvolvimento
do país.
A Administração Pública
fortemente atacada com a imposição de medidas deliberadamente destinadas à
redução dos seus recursos, a provocar a privatização de serviços, a degradar a
sua qualidade e a provocar o desemprego dos trabalhadores é uma montra do modelo
neo-realista que o governantes professam: cortes nas funções sociais (segurança
social, saúde, educação) com consequências na diminuição da protecção social,
na degradação dos serviços públicos e com fortes restrições no direito ao seu
acesso.
A política de austeridade cega
é responsável pela situação actual de recessão em toda a zona euro e
particularmente em alguns dos países que mais contribuem para as nossas
exportações.
Esta
política origina a destruição de
empregos e o aumento do desemprego. No espaço de um ano perderam-se em
Portugal, mais de 200 mil postos de trabalho, sendo o nosso distrito afectado
com alguns milhares o que coloca a taxa de desemprego no Norte Alentejano a
atingir os 18%.
Daqui resulta uma
verdadeira catástrofe para o norte alentejano com o encerramento de centenas de
pequenas e micro-empresas por falta de clientes e o abandono do distrito por
parte de um significativo número de jovens, quase sempre os melhores preparados
e dos que mais necessitamos.
A política de mais do mesmo
que alguns setores persistem em receitar só irá agravar a situação que vivemos
no distrito e no país. O caminho a prosseguir tem que ser invertido.
Estou entre os que entendem
que só haverá futuro se privilegiarmos o
crescimento e o emprego assente em políticas de investimento público que possam
garantir quer emprego no curto prazo, quer o retorno do investimento feito
mesmo que a prazo largo e por isso defendo a necessidade de avançarmos com a
construção da Barragem do Pisão, cuja validade está desde há muito confirmada,
com a modernização e retoma do funcionamento da rede ferroviária, incluindo
ligação em alta velocidade entre Sines e
a Fronteira e entre Lisboa Madrid por CAIA/Badajoz, a concretização da Plataforma
logística do Caia e a melhoria da rede rodoviária no interior do distrito.
Defendo a valorização do
trabalho e o esbater da nossa dependência do exterior seja no sector alimentar
seja em bens e equipamentos e para isso entendo fundamental o regresso à
exploração da terra e ao fabrico e comercialização dos produtos
agro-alimentares e a uma politica que
aposte na industrialização do Norte Alentejano.
Defendo igualmente a renegociação da dívida no
sentido de que devem ser revistos o prazo de redução do défice orçamental, a
redução dos custos de financiamento, a discussão dos montantes e a trajectória
de diminuição da dívida pública de forma a garantir que possamos, a par da sua
contenção, atingir os patamares de crescimento necessários a combater o
desemprego e a vivermos, também aqui, com a dignidade que merecemos.
Diogo Serra
* artigo publicado no Jornal do Alto Alentejo
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