sábado, 26 de março de 2011

“Tão ladrão é o que rouba como o que fica à espreita”



Em Évora existe um Call-Center que explora os jovens alentejanos, com contratos precários... há muitos anos... usando-se o sistema de rescindir com uma empresa e fazer contrato com outra.
Estes Jovens trabalham com todos os sistemas informáticos do grupo Caixa Seguros, Império Bonança, Fidelidade Mundial e Multicare, só não têm o direito a receber um preço mais justo pelo seu trabalho equiparado aos funcionários das Companhias para quem de facto trabalham.
Quando contactam os clientes das Companhias é como se fossem funcionários destas Companhias, mas para receberem o ordenado já não identificados como tal: Recebem entre 300,00€ e 500,00€ e são tratados como máquinas, pior ainda… pois quando os computadores não funcionam, não há apoio… para irem à casa de banho já têm tempo estipulado: é nos minutos destinados “à bucha” e … depressa, depressinha.
O Call-center já funciona há muitos anos, muitas empresas passaram muitos “escravos” ficaram…: empresas ditas de gestão de recursos humanos (o nome que o capital inventou para designar as empresa de escravatura dos tempos modernos)
Agora a gestão do Call Center voltou a mudar. Saíu a RH e entrou a Redware, do grupo Reditus. Os escravos do século XXI mantém a mesma situação, mas a empresa decidiu proceder à inauguração do Call Center como se fosse algo de novo.
Este grande acontecimento teve lugar ontem, dia 25 de Março, e teve direito à visita do Secretário de Estado para a Inovação Carlos Zorrinho, do Presidente da Câmara de Évora, do Presidente da Caixa Geral de Depósitos Fernando Faria de Oliveira, do Presidente das Companhias de Seguros do Grupo Caixa Seguros Jorge Magalhães Correia e das suas ilustres comitivas.
Á porta activistas sindicais e jovens trabalhadores confrontavam os “ilustres” visitantes com a verdade que estes fingiram ignorar tendo mesmo o Secretario de estado afirmado que se tratava da criação de 400 postos de trabalho.
Será que esta gente não sabe que esses “postos de trabalho” há muito são desempenhados?
Será que desconhecem que na sua maioria são horários de 4 ou seis horas indecentemente mal pagos?
Será que desconhecem que a esses trabalhadores, na sua esmagadora maioria licenciados é pago um preço/hora miserável e que os querem “obrigar a fazer horas extraordinárias não pagas?
Não sabem que até são controladas (ao minuto) as idas ao banheiro?
Vieram inaugurar o quê? A sua capacidade para continuarem a exploração de pessoas, que têm que se sujeitar às condições destes empregos porque não existe mais nada?
Tendo em conta que as pessoas obrigadas a trabalhar nestas condições: com horários incompletos, com salários de miséria, com ritmos de trabalho só comparáveis aos do inicio da revolução industrial são portadores de qualificações elevadas como é possível que governantes deste país, oriundos de Évora e portanto conhecedores das situações e das pessoas que as sofrem, venham a Évora dar cobertura às politicas de escravatura desenvolvidas pelo capital financeiro.
É uma vergonha!

Diogo Serra

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