Woke versus Anesthtize
As guerras (frias ou quentes), os
extermínios seletivos ou em massa, são a parte mais visível dessa agenda que é
bem mais vasta, embora mais subtil.
A propaganda, declarada ou
escondida por detrás dos "estudos científicos", das palestras e
artigos encomendados, o controlo absoluto dos meios de comunicação, das
centrais de dados e da emissão de conteúdos com insinuações e mentiras, agora
em fase de acentuação com a introdução da IA - inteligência artificial, são
instrumentos que permitem manipular, formatar e comprar consciências, isolar e
imolar quem ousa pensar diferente ou agir fora do formato estabelecido, impedir
ação e protesto.
Se a guerra e o extermínio em
massa só agora entraram no nosso quotidiano, mesmo assim seguindo os cânones
que impõem a difusão do olhar dos "bons", com a guerra na Ucrânia e o
extermínio do povo palestiniano, o facto é que, a agenda desta extrema direita
imperialista está presente desde que os povos começaram a contestar a justeza
da sua governação.
Foi esta agenda (pelo menos os
mesmos objetivos) que arrastou a europa e o mundo para duas guerras mundiais,
que alimentou a sua divisão em blocos e fomentou a conflitualidade entre eles
(guerra fria), que dividiu povos, destruiu países e arrasou cidades. Lembremos
tão só o assassínio de milhões em Hiroxima e Nagasaki, a invenção da
"cortina de ferro" na europa saída da segunda grande guerra, a
destruição, com guerra civil, da Jugoslávia ou o semear de
"primaveras" no mundo árabe, na América Latina ou no leste da Europa.
É essa agenda, com os mesmíssimos
objetivos e contando com os mesmíssimos agentes executores: a extrema-direita
racista e xenófoba, organizada em partidos ou agindo de forma isolada,
recrutando fiéis, "idiotas úteis" ou gente desatenta que se instalou
e age à luz do dia em Portugal e na nossa cidade.
Os objetivos, as técnicas e os
agentes são velhos de séculos mas usando ferramentas novas continuam a ser
eficazes: as políticas de difusão do ódio e da intolerância a partir das
próprias instituições do estado; a propagação do medo como fator de adormecimento
de consciências e tolerância contra a perda de direito individuais e coletivos;
a diabolização de quantos cidadãos e instituições, ousam questionar a narrativa
oficial, fazer guerra à guerra e exigir a paz, exigem e usam os direitos
constitucionais, persistem em pensar e agir conforme a sua consciência.
Exemplos não faltam.
O branqueamento do fascismo e a
"condenação" da Revolução de Abril e dos que a concretizaram a par da
glorificação dos que a traíram e hoje, ousam já defender o salazarismo, o colonialismo
e a rede bombista que pôs o país a ferro e fogo.
A incorporação do discurso do
ódio e da glorificação do racismo e da xenofobia nas politicas e ações do
governo e do estado. Veja-se a vergonhosa iniciativa montada recentemente no
Martin Moniz em Lisboa e também a ação repressiva contra os que se manifestam
contra tais iniciativas.
As iniciativas de alarmismo em
curso na nossa cidade visando multiplicar o medo com o papão da insegurança e
levando-nos a aceitar restrições à liberdade individual e coletiva em vez de,
como seria necessário e desejável dotar de meios e de pessoal as instituições
de segurança da cidade.
A campanha de propaganda e
intolerância, também na nossa cidade, contra os que ousam remar contra a
corrente, tem a ousadia de denunciar, insistem em não fechar os olhos e as
mentes face à intolerância, o ódio, o racismo e a xenofobia. Campanha que se
faz boca a boca mas também na comunicação social disfarçada de inquietação
intelectual. De combate, dizem, ao "Wokismo mais extremado" mas, de
facto, de divulgação dos valores e vontades da extrema-direita retrógrada e
arruaceira que Abril havia colocado na clandestinidade.
A receita já foi testada com êxito noutros períodos da
história do país e do mundo.
Que saibamos e queiramos neutralizá-la enquanto (ainda) há
tempo e vontade suficientes.
Diogo Júlio Serra
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