quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Woke versus Anesthtize

 




Woke versus Anesthtize

 A extrema-direita totalitária, instrumento essencial ao capitalismo e ao imperialismo, tem uma agenda bem definida visando preservar até ao limite do possível, o seu caduco modo de vida e de poder.

As guerras (frias ou quentes), os extermínios seletivos ou em massa, são a parte mais visível dessa agenda que é bem mais vasta, embora mais subtil.

A propaganda, declarada ou escondida por detrás dos "estudos científicos", das palestras e artigos encomendados, o controlo absoluto dos meios de comunicação, das centrais de dados e da emissão de conteúdos com insinuações e mentiras, agora em fase de acentuação com a introdução da IA - inteligência artificial, são instrumentos que permitem manipular, formatar e comprar consciências, isolar e imolar quem ousa pensar diferente ou agir fora do formato estabelecido, impedir ação e protesto.

Se a guerra e o extermínio em massa só agora entraram no nosso quotidiano, mesmo assim seguindo os cânones que impõem a difusão do olhar dos "bons", com a guerra na Ucrânia e o extermínio do povo palestiniano, o facto é que, a agenda desta extrema direita imperialista está presente desde que os povos começaram a contestar a justeza da sua governação.

Foi esta agenda (pelo menos os mesmos objetivos) que arrastou a europa e o mundo para duas guerras mundiais, que alimentou a sua divisão em blocos e fomentou a conflitualidade entre eles (guerra fria), que dividiu povos, destruiu países e arrasou cidades. Lembremos tão só o assassínio de milhões em Hiroxima e Nagasaki, a invenção da "cortina de ferro" na europa saída da segunda grande guerra, a destruição, com guerra civil, da Jugoslávia ou o semear de "primaveras" no mundo árabe, na América Latina ou no leste da Europa.

É essa agenda, com os mesmíssimos objetivos e contando com os mesmíssimos agentes executores: a extrema-direita racista e xenófoba, organizada em partidos ou agindo de forma isolada, recrutando fiéis, "idiotas úteis" ou gente desatenta que se instalou e age à luz do dia em Portugal e na nossa cidade.

Os objetivos, as técnicas e os agentes são velhos de séculos mas usando ferramentas novas continuam a ser eficazes: as políticas de difusão do ódio e da intolerância a partir das próprias instituições do estado; a propagação do medo como fator de adormecimento de consciências e tolerância contra a perda de direito individuais e coletivos; a diabolização de quantos cidadãos e instituições, ousam questionar a narrativa oficial, fazer guerra à guerra e exigir a paz, exigem e usam os direitos constitucionais, persistem em pensar e agir conforme a sua consciência.

Exemplos não faltam.

O branqueamento do fascismo e a "condenação" da Revolução de Abril e dos que a concretizaram a par da glorificação dos que a traíram e hoje, ousam já defender o salazarismo, o colonialismo e a rede bombista que pôs o país a ferro e fogo.

A incorporação do discurso do ódio e da glorificação do racismo e da xenofobia nas politicas e ações do governo e do estado. Veja-se a vergonhosa iniciativa montada recentemente no Martin Moniz em Lisboa e também a ação repressiva contra os que se manifestam contra tais iniciativas.

As iniciativas de alarmismo em curso na nossa cidade visando multiplicar o medo com o papão da insegurança e levando-nos a aceitar restrições à liberdade individual e coletiva em vez de, como seria necessário e desejável dotar de meios e de pessoal as instituições de segurança da cidade.

A campanha de propaganda e intolerância, também na nossa cidade, contra os que ousam remar contra a corrente, tem a ousadia de denunciar, insistem em não fechar os olhos e as mentes face à intolerância, o ódio, o racismo e a xenofobia. Campanha que se faz boca a boca mas também na comunicação social disfarçada de inquietação intelectual. De combate, dizem, ao "Wokismo mais extremado" mas, de facto, de divulgação dos valores e vontades da extrema-direita retrógrada e arruaceira que Abril havia colocado na clandestinidade.

A receita já foi testada com êxito noutros períodos da história do país e do mundo.

Que saibamos e queiramos neutralizá-la enquanto (ainda) há tempo e vontade suficientes.

Diogo Júlio Serra


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