quarta-feira, 27 de novembro de 2024

FALHA DE PROTOCOLO OU FALTA DE CHÁ?

 


Falha de protocolo ou falta de "chá"?

Portalegre inaugurou recentemente mais um equipamento social na cidade, fruto da recuperação de um imóvel há muito "abandonado".

Tratou-se do antigo edifício dos Paços do Concelho, o edifício que dava nome à Praça  onde está  sedeado e albergou durante décadas os governos do concelho.

Depois de obras de restauro que levantaram alguma celeuma a devolução deste importante espaço à cidade, agora com a função de Centro Documental  e integrando também o Posto Municipal de Turismo, contou com a presença da Sra. Secretária de Estado da Cultura que enalteceu a iniciativa e a classificou como um "valioso contributo para a requalificação do centro histórico".

Pessoalmente concordo quer com a apreciação da Sra Secretária de Estado quer com a utilização que o Município lhe destinou: Centro documental do património de Portalegre  e sede do Posto Municipal de Turismo sendo, todavia, necessário resolver rapidamente um problema (grave) que parece não ter merecido a atenção do município e/ou do projetista: as acessibilidades  e em particular para aquelas e aqueles com mobilidade reduzida.

Mas é por uma outra razão que elegi hoje a requalificação dos antigos Paços do Concelho. O facto de mais uma vez o executivo municipal e particularmente a sua presidente serem acusados de ostensivo afastamento dos anteriores presidentes de quaisquer cerimónias municipais e particularmente de inaugurações que, dizem estes contestatários, foram os anteriores presidentes os primeiros responsáveis pelas obras inauguradas.

Não sei se é assim que as coisas têm ocorrido e se o é a que se deverá tal atitude. Há uma falha no  protocolo municipal, dizem-me uns; há uma deliberada intenção da atual presidente em esconder o trabalho da sua antecessora, dizem-me outros e, ainda, sussurram os mais críticos, é educação a menos  e prepotência a mais do executivo atual.

Neste esgrimir de razões e argumentos sou dos que hesitam em tomar "partido". 

Conheço pessoal e politicamente a atual e a anterior Presidentes da Câmara Municipal de Portalegre e sinceramente não vislumbro razões para tamanha (a ser intenção deliberada de apropriação  de protagonismo)"maldade". Mais, não me parece verosímil essa intenção por parte da Presidente atual nem , parece-me, a anterior Presidente se incomodaria com tal, a ser verdadeira, manifestação de intolerância.

Sendo assim. Estando correta a leitura que faço da sistemática ausência dos anteriores autarcas em eventos e inaugurações, esta só pode dever-se a uma falha de protocolo municipal.

Estarem arredados do Protocolo Municipal os anteriores autarcas e particularmente os anteriores Presidentes de Câmara  pode até ser legal mas é objetivamente imoral, É um erro e deve ser reparado.

Sim eu sei que em politica, particularmente politica partidária, a moral não é dos primeiros critérios a ter em conta. Sei que o PSD, puros e impuros como é o caso, não é sensível ao reconhecimento. Veja-se como tem tratado o ex-Presidente Mata Cáceres, eleito nas suas listas, votado de forma esmagadora pelos Portalegrenses e que é até hoje, não contabilizando a ex- Presidente Adelaide Teixeira  que deixou muito recentemente essas funções, o único Presidente de Câmara de Portalegre eleito a quem não foi atribuída a medalha de mérito municipal.

 Mas ainda assim, recuso-me a acreditar na "maldade". Espero não estar enganado!

Diogo Júlio Serra

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

São diferentes? São iguais?

 São diferentes? São iguais? 

São o Centrão que bem conhecemos!



Em Portugal a pobreza atinge actualmente  mais de dois milhões de pessoas, mesmo que estando a trabalhar. Um em cada 10 trabalhadores é pobre, quase 3 milhões de trabalhadores recebem menos de mil euros por mês e um milhão de reformados e pensionistas recebe menos de 510 euros.

É porque o país não pode, porque não existem recursos suficientes para nos arrancar da pobreza, dizem-nos, mas sabemos que é uma falsidade.

Para o constatarmos basta recordar que apenas no primeiro semestre deste ano os grupos económicos que mandam nos governos e decidem as politicas, obtiveram 32 milhões de euros de lucro por dia.

Em tempo de discussão de Orçamento e depois duma colossal acção de propaganda dos partidos do centrão e de chantagens dos governantes, o Orçamento de Estado (OE) foi aprovado na generalidade e com a declaração, por parte do PS, que permitiria a sua aprovação na especialidade e na votação global.

Possivelmente porque é bom, dizem-nos do governo e dos seus apoiantes. Porque não havia alternativa, argumentam do PS, enquanto a extrema direita ( a "civilizada" e a caceteira) votam contra porque o Orçamento apresentado não vai tão depressa e tão fundo à rapina total dos recursos nem à destruição total do que a Constituição consagra.

Nada mais falso! O OE recentemente discutido e aprovado na generalidade não responde antes agrava aos problemas nacionais, aprofunda as injustiças e desigualdades, ataca os direitos sociais e debilita ainda mais a nossa soberania.

Em vez de atacar o grave probema estrutural, que é o empobrecimento dos trabalhadores e das famílias, este OE oferece milhões e milhões de euros aos grupos económicos, aumente a injustiça fiscal, destina metade do orçamento da Saúde para os grupos privados que fazem da doença negócio e agrava ainda mais os problemas na habitação em benefício dos especuladores e da banca.

Este  OE que o PS decidiu viabilizar é um orçamento  que espalha a propaganda e a ilusão, que acelera e aprofunda os ataques aos direitos sociais a milhões de pessoas em vez de dar resposta às vozes que gritam, muito justamente, que é preciso um firme combate às injustiças, às desigualdades, às discriminações. Um OE que ignora a necessidade de dar combate à ausência de perspectivas e de fuuro, fruto das políticas que negam o direito ao trabalho, a um salário digno, à habitação, à educação, à saúde, à cultura, uma realidade que precisa de resposta.

Quando é cada vez mais claro que o País tem recursos, meios, forças e gente capaz de construir uma vida melhor. Quando é cada vez  mais visível  que é possível e urgente uma distribuição mais justa da riqueza, um País mais justo com melhores salários e melhores pensões, em vez dos baixos salários e das carreiras e profissões desvalorizadas. Que o País precisa do investimento público, precisa de resolver o problema do acesso à habi¬ação, da creche gratuita, do alargamento da rede do pré-escolar, do SNS e da Escola Pública. Torna-se ainda mais visível que  Portugal precisa de combater as privatizações e a corrupção que lhe está associada, assegurar a justiça fiscal, reduzir o IVA para seis por cento na electricidade, telecomunicações, gás natural e de botija. Precisa de apoiar a cultura, a agricultura, as micro, pequenas e médias empresas.

Não é nada disto que o OE nos traz! É rigorosamente o seu contrário o que o Governo PPD/CDS apresenta e o PS viabilizou.

Os trabalhadores e o seu Movimento Sindical de Classe não podem, nem vão baixar os braços. Sabem que é, sempre foi, com a sua luta que o "mundo gira e avança" e não deixarão de fazer bandeira da exigência de justiça, direitos, salários, pensões, acesso à saúde, à educação e à habitação!  

Que assim vai ser já está, hoje, bem visível no facto de vos estar a escrever estas linhas, horas antes de terem início as manifestações convocadas pela CGTP-IN para o Porto e para Lisboa, com as ruas do Porto já inundadas por um mar de gente e com as perspetivas de que também assim será em Lisboa.

É pela luta que lá vamos! Façamos Acontecer!

Diogo Júlio Serra