NÃO VOU POR AÍ…
As
eleições autárquicas são já, por mais alterações e surpresas que tenham
imposto, apenas passado.
O
que se nos coloca agora, no país e também no nosso território, é a necessidade
de encontrarmos respostas para os problemas que recaem sobre o país e cada um
de nós. Problemas que são o resultado de décadas de políticas de direita e que
o surto pandémico veio mostrar com maior nitidez.
São
os velhos e importantes défices estruturais que afectam particularmente o nosso
território, o agravamento da exploração, de injustiças e de desigualdades que
as troikas (internacional e local) agravaram para além do limite do suportável.
Foi
na procurar de fazer regredir as medidas mais gravosas que essas políticas
impuseram que se desenhou a fórmula politica que permitiu ao PS formar governo
e manter-se no poder desde então.
No
momento em que se volta a pôr à prova a validade dessa formula e se procura
aferir da validade dessa construção, para o país e em particular para os
setores da sociedade em nome dos quais foi criada, vale a pena relembrar a
“construção politica” que alguns apelidaram, jocosamente, de geringonça e medir
os resultados atingidos.
A
aprovação (ou não) de mais um Orçamento de Estado pelas forças de esquerda do espectro
eleitoral só se justifica, a meu ver, se esse orçamento consagrar as políticas
necessárias a manter os objectivos iniciais: desarmadilhar as políticas neo
liberais impulsionadas pela troika interna – Direita politica, Patronato,
Presidente da República, repor os direitos entretanto roubados.
Relembremos:
Quando
naquela noite de Outubro de 2015, perante o “atirar da toalha ao chão” do
Partido Socialista, que não conseguira uma votação que lhe permitisse suplantar
o PSD de Passos Coelho, o Secretário-Geral do PCP lançou o repto de que o PS só
não governaria se o não quisesse porque a esquerda ficara maioritária na nova
composição parlamentar, trazia implícita a vontade de travar as politicas mais
agressivas da direita politíca e a recuperação dos direitos que essa direita e
o seu governo nos haviam roubado: os direitos sociais e laborais, os feriados extintos,
os salários e pensões congelados, o aumento da carga horária para os
trabalhadores da Administração Pública, o empurrar da juventude para fora do
país…
Os
direitos roubados foram recuperados? Todos os objectivos foram conseguidos? Colocam-se
hoje, e o orçamento consagra, novos direitos?
Sim
e não.
Sim,
foi travada a dinâmica de destruição do aparelho produtivo e particularmente do
desmantelamento do sector público, veja-se a questão da saúde, da TAP, da
estrutura ferroviária.
Sim,
foi travada a política de empobrecimento acelerado dos trabalhadores e pensionistas
e invertida a postura de corte sistemático nos salários e nas pensões.
Atente-se à reposição dos subsídios de férias e de Natal, ao aumento anual do
SMN e a implementação de aumentos extraordinários para as pensões mais baixas.
Sim
foram repostos os feriados que haviam sido “roubados” e recuperadas pela função
pública as 35 horas que haviam sido retiradas.
Mas
subsistiram muitos (demasiados) nãos.
Não
foram repostos (O PS e o governo não o permitiram) os direitos laborais em
particular a reposição do Direito do Trabalho e da visão de que este é
fundamental no equilíbrio entre o capital e o trabalho.
E
quanto ao território que é o nosso?
Como
estamos quanto às nossas aspirações e necessidades para além do (re)anúncio do Pisão?
Está
garantida, e para quando, a electrificação e modernização da Linha do Leste, a
modernização do material circulante e a atribuição de novos horários para
mercadorias e passageiros e a sua aproximação à cidade de Portalegre?
Está
garantido e para quando a ligação em via rápida entre a A6 e a A23 com passagem
por Portalegre?
Está
garantido e em que medida que o nosso distrito será um “alvo” da tão propalada
bazuca?
Parece
que o não estão e a ser assim, o que interessa e a quem interessa, fazer pagar
à esquerda os custos políticos de novas políticas da direita?
Penso
ser tempo de na região e no país relermos e citarmos José Régio.
“Não sei para onde vou… sei que não vou por aí!”
Diogo Júlio Serra