Porquê?Porquê?Porquê?*
A Assembleia Municipal aprovou na última reunião, um conjunto
de iniciativas que, são público reconhecimento do percurso de vida de algumas
personalidades do nosso concelho ou que a ele estiveram ligados.
Alguns, infelizmente, através do voto de pesar pela sua morte,
como foram os casos de José Manuel Barradas e do Padre Américo e outros dois,
um deles igualmente já falecido, pela obra ímpar que nos legaram.
São os casos de Jorge Feliciano Arranhado a quem a Assembleia
Municipal propôs homenagear, dando o seu nome ao edifício onde irá instalar-se
o ninho de empresas e que foi sede da primeira instituição operária não
mutualista, a Sociedade União Operária e mais tarde sede do Sport Clube
Estrela, agremiação que Jorge Arranhado presidiu e de Fernando Soares, primeiro
Presidente de Câmara eleito pelos portalegrenses e que, entre outras obras, nos
legou o maior núcleo habitacional do concelho, o Bairro dos Assentos.
Honram o concelho e os seus órgãos democráticos, as posições
então aprovadas pela Assembleia Municipal. A maioria delas por unanimidade dos
presentes e só uma, estranhamente, contra a vontade do CLIP que votou em bloco
contra este reconhecimento a Jorge Feliciano Arranhado e fê-lo sem qualquer
explicação, sem ter feito qualquer intervenção durante a discussão da proposta,
sem qualquer declaração de voto que nos elucide das razões do seu não.
Terá aquela bancada razões poderosas para não se integrar na
justa homenagem da Assembleia Municipal? Talvez, mas como não as elucidou, fica
a dúvida que não sejam as mesmíssimas razões que levaram alguns, durante muitos
anos da vida deste ilustre portalegrense a procurarem isolá-lo, retirarem-no ao
convívios dos seus e da sua cidade, retirarem-lhe a liberdade e calarem a sua
voz.
Os portalegrenses ainda estão lembrados das perseguições que
lhes moveram mas também da sua (e de muitos outros) resistência. E lembram
sobretudo o seu percurso profissional e social que o texto aprovado regista com
exatidão: “Jorge Arranhado, empresário
portalegrense já falecido, foi um empreendedor e impulsionador da atividade
comercial em Portalegre, modernizando-a e conferindo-lhe um importante caráter
social de promoção de emprego e prestação de serviços.
Um inovador, na sua
época, Jorge Arranhado foi também um filantropo e benemérito de atividades
culturais e desportivas das diversas associações portalegrenses, tendo
presidido ao Sport Clube Estrela, mesmo quando esteve proibido devido às suas
posições contra o regime do Estado Novo…”
Estarão aqui as razões que justificam o voto contra do CLIP?
Ou o porquê de tal posição encontra-se no que aqui não está escrito mas que levou
a que também a PIDE não gostasse da sua obra?
Ou porque, tão só, não sabem quem foi e o que fez? Porque não
conhecem Portalegre e os portalegrenses?
Na verdade, são muitos os porquês que tal posição nos
suscita. E não os conhecendo atrevo-me a vaticinar que independentemente desses
porquês o CLIP resolveu dar (mais) um tremendo tiro no pé!
Diogo Júlio Serra
* publicado no jornal do Alto Alentejo de 7-7-2021
1 comentário:
Completamente de acordo com o texto e profundamente desiludida com o poder local portalegrense...Nunca imaginei tanto atavismo....Não consigo perceber essa animosidade contra um homem de quem todos dizem bem!!!!
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