Acordemos.
Ainda é tempo!
Quando a direita afastada do
poder pela ação unida das forças de esquerda conspirava, cá e lá fora, para
conseguir a vinda do “Demo” fosse através do fogo posto fosse através da
reposição das mesmas “técnicas” que havia colocado nas ruas em 1975, muitos de
nós (eu incluído) respondíamos com o sorriso ou com a convicção de que se o
quisermos poderemos travar o caminho para o abismo e garantirmos um futuro para
Portugal e para os portugueses.
Não tivemos em atenção (penso)
que o fascismo derrotado há 45 anos não foi extirpado da nossa sociedade e que,
na “clandestinidade” onde se refugiou foi refinando as bases conspirativas,
granjeando apoios, comprando aliados, infiltrando e catequizando a direita
defensora e ganhadora dos privilégios e dos capitais sugados ao povo e ao país.
Não estivemos (todos) suficientemente atentos!
Muitos defensores da democracia
política mas também do sistema capitalista e ávidos das migalhas que lhes
destinavam não viram ou fecharam os olhos às consequências que adviriam das
posições que iam permitindo ou mesmo operacionalizando.
E tudo começou logo no próprio
dia de Revolução quando os capitães vencedores deram palco a generais
anti-Abril e continuou quando em nome da “reconciliação” se abriram as portas e
os bancos aos “donos disto tudo” e fosse
em nome dos interesses do grande capital, fosse pela “cegueira politica e o
preconceito”, se apostou “no partir a espinha à Intersindical” em vez de, como
lhes competia, garantirem o cumprimento da Constituição que alguns juraram e
todos estamos obrigados a respeitar.
Os resultados estão agora aí! As
corporações que alimentaram vêm agora à rua procurando tirar partido das
situações que armaram. Os “arremedos” de sindicatos que criaram e mimaram (os
sindicatos amarelos, os paralelos e os paralelos dos paralelos) são agora
aproveitados para à margem das leis e da moral, credibilizarem no terreno as
palavra de ordem de caos e tragédia que os DDT ditaram para as suas marionetas
difundirem.
As falanges fascistas que alguns
teimaram em não ver e que foram renomeadas em extrema-direita, agora alojadas
em diversos órgãos de poder, sentem-se já suficientemente fortes para se
fazerem ouvir em vários patamares da nossa sociedade e em particulares no seio
das forças policiais e de segurança.
Chegados aqui a questão que se
coloca, o que se nos coloca é optar se continuamos ocupados a gerir o nosso
próprio umbigo ou se nos concentramos no que é preciso. Se continuamos a
afirmar “No pasa nada” e fingimos não perceber os ataques que visam a
destruição do Serviço Nacional de Saúde, as ações concertadas que visam a
destruição de direitos e a criminalização de formas de luta de quem trabalha, o
controlo ou no mínimo o condicionalismo das forças de segurança pela intervenção
de comandos fascistas ou pomos mãos à obra dando combate politico e legal a
quem não cumpre Abril?
Dito de outra forma e
parafraseando um Revolucionário que foi primeiro-ministro de Portugal é preciso
saber quem está com Abril e quem está contra Abril!
E agir em conformidade!
Diogo Júlio Serra