quinta-feira, 18 de abril de 2019

E no entanto ela move-se




 ….. e pur si muove!”

AMAlentejo voltou a fazer ouvir as suas propostas para o Alentejo e nos Olhos de Água, no coração da Serra de S. Mamede, assinalou o 30º aniversário do Parque Natural da Serra de S. Mamede com um seminário que mobilizou muitas dezenas de alentejanos.
No Seminário ali realizado e que teve comigo, na sessão de abertura, as honrosas presenças do Dr. Pedro Queiroz - Diretor do ICNF do Alentejo e da Dra. Adelaide Teixeira – Presidente da Câmara Municipal de Portalegre contou com um qualificado painel de oradores: Pedro – Biólogo; Margarida Cancela de Abreu – Arquiteta Paisagística; Helena Neves – Bióloga; Teresa Moreira – Técnica de Turismo e António Pita – Presidente da Câmara de Castelo de Vide.
O Jornalista Hugo Teixeira foi o moderador e foi colocando aos oradores os questionamentos que diariamente são levantados por quem habita a serra, quem nela investe e trabalha e quem dela gosta.
Na sala, o bem apetrechado e simpático auditório do Parque Natural, totalmente lotada, registava-se a presença de autarcas oriundos de 9 concelhos alentejanos: 8 do Alto Alentejo e um do Alentejo Central, de responsáveis do ICNF e do Parque, do Politécnico de Portalegre, de Associações Empresariais, Associações Locais, de Sindicatos e das estruturas regionais de três dos seis partidos políticos convidados (todos os que possuem representação parlamentar) e do Movimento Politico que dirige o Município de Portalegre.
Uma excelente jornada de trabalho, convívio e divulgação da joia que S. Mamede é.
Só que… foi o AMAlentejo quem, em parceria com o ICNF e o município de Portalegre a idealizaram e a realizaram. O AMAlentejo que com os alentejanos não desiste de reclamar o cumprimento da Constituição da Republica e a instituição do terceiro pilar do Poder Local Democrático que ela consagra e tal situação não podia deixar indiferentes quer o governo centralista quer os seus seguidores na região.
Dois dias antes montam uma ação para no mesmo dia e no mesmo local (só a hora não coincidiu), e com muitos dos mesmos protagonistas tentar “abafar” a iniciativa.
Valeu tudo. Convocam-se os Autarcas dos quatro concelhos onde o parque se insere, o ICNF e o Parque, faz-se deslocar uma Secretária de Estado e dois dias antes apela-se à presença da comunicação social.
Não conseguiram diminuir a dimensão e importância da iniciativa de AMAlentejo mas, com a conivência da Comunicação Social Local, conseguiram esconde-la da opinião pública.
Procurarão agora, os do costume, convencer-nos que tudo não passou de uma coincidência. Pois! Foi por coincidência que os nossos jornalistas não encontraram de manhã os caminhos, as canetas, os microfones e as máquinas fotográficas que afinal conseguiram na parte da tarde desse mesmo dia ou, que uma autarca do distrito que é também dirigente associativa não tenha podido integrar o Painel por não estar no distrito e pasme-se, aparecer à tarde no mesmo local, no mesmo palco e na companhia dos mesmíssimos que ali haviam estado de manhã.
Por acaso ou conspiração esconderam uma “bonita” iniciativa de quantos lá não puderam estar. Já outros há muitas centenas de anos quiseram tapar os olhos à verdade mas como então terá dito Galileu “ e no entanto ela move-se!”

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Viva o 10 de Junho e a Restauração


…”Viva o 10 de Junho e a Restauração”!

Quarenta e um anos depois as comemorações do 10 de Junho voltam a ter Portalegre como palco.

A cidade e o Alto Alentejo podem assim mostrar-se a Portugal e à Diáspora dando-lhes a conhecer a sua evolução (ou não) ao longo das últimas quatro décadas.

Esta possibilidade poderia/deveria mobilizar os portalegrenses na procura de encontrarmos a melhor maneira de mostrar o que somos e como estamos e, sobretudo, a nossa vontade de trabalhar para que possamos atingir os patamares de desenvolvimento e bem-estar que ambicionamos e merecemos.

E se é sabido que deixámos perder o “titulo” de capital industrial do Alentejo, que a nossa agricultura há muito deixou de ser uma realidade, que por “maldade” do centralismo que nos condena e do “centrão” que nos ostraciza, não poderemos deixar de fora as culpas próprias que a cada um devem ser assacadas.

Culpas que não são de outros e cujo exemplo está hoje e agora bem visível na forma como temos vindo a discutir a decisão de termos em Portalegre, este ano, em partilha com Cabo Verde, as comemorações do dia de Portugal e das Comunidades.

Na verdade o que tem motivado a discussão, em particular na comunicação social e nas redes sociais, não é a preocupação em potenciarmos a favor da cidade e do distrito “o tempo de antena” que nos será oferecido.

A discussão vai-se fazendo, não sobre as possibilidades que essa “montra” nos abre, mas sim, sobre a bondade da decisão presidencial de ter nomeado como Presidente da Comissão do 10 de Junho, um portalegrense. Um jornalista que reside e trabalha na “cidade grande” e a quem a aparição semanal na “caixinha mágica” tem dado alguma visibilidade.

Porque não tem “obra feita” que o justifica, dizem alguns. Porque é de direita, sentenciam outros. Porque…porque…porque…

Não tenho particular simpatia pelo Jornalista nem conheço pessoalmente este portalegrense. Aliás devo confessar-vos fiquei a simpatizar muito mais com a sua esposa (que não conheço) porque ele, João Miguel Tavares, confessou a “indignada” manifestação da senhora quando lhe anunciou a decisão da Município de Portalegre em outorgar-lhe a medalha de ouro da cidade. Mas
não consigo perceber as razões para tanta indignação por parte dos portalegrenses.

Já em relação aos não portalegrenses e em particular a uma certa “inteligência” lisboeta percebo-o facilmente. Custa-lhes entender que “Um Zé Ninguém” alentejano e portalegrense possa ser designado para um lugar que entendem dever ser de acesso restrito e só para os “iluminados” oriundos daquela estreita faixa onde tudo se decide e onde tudo se concentra.

Entendo por isso que é tempo de deixarmos de discutir o acessório e nos empenhemos, todos, em aproveitar ao máximo a possibilidade que se nos abre de mostrarmos as nossas potencialidades, a riqueza do nosso património cultural, arquitectónico, paisagístico e ambiental.  A excelência da nossa gente a nossa capacidade de acolher e a extraordinária localização desta terra que pode ser, só por si, uma vantagem para quem aqui queira investir e instalar-se.

Quanto ao saber se o João Miguel Tavares é mais ou menos de direita, se tem obra maior ou menor, se passou ou não pela universidades ditas de referência assumamos que tal é muito menos importante do que o facto de ter nascido e crescido espraiando o olhar pela nossa rua do comércio, respirando o ar da Serra de S. Mamede e interiorizando as dificuldades e desventuras de quem nascendo e vivendo numa cidade distante apenas 200 km da orla marítima, é rotulado de interior e, por isso, afastado das condições mínimas necessárias a garantirem, a todos, o direito de viverem e trabalharem na terra onde nasceram.


Diogo Júlio Serra