terça-feira, 28 de novembro de 2017




SALVEM A ROBINSON. SALVEMOS O FUTURO!*

     Os promotores Petição nº 267/XIII/2ª Salvem a Robinson têm hoje, no dia em que o Fonte Nova chega às nossas mãos, um dos seus pontos altos.
     A 28 de Novembro, pelas 15 horas, a Assembleia da Republica debaterá a petição subscrita por mais de quatro mil portalegrenses, entre os quais me incluo, e debaterá igualmente o projeto de resolução apresentado pelo PEV que recomenda ao Governo que salve e valorize o património industrial corticeiro da Fábrica Robinson em Portalegre.
      Espero que esta data marque o início dum segundo fôlego para a Robinson. Não como o baluarte operário e corticeiro de Portalegre, as mesmas águas dum rio não passam duas vezes a mesma ponte, mas como espaço de memória e alavanca de desenvolvimento da cidade e do concelho.
  Defendo há muito que o Espaço Robinson onde a fábrica se insere deve alavancar o desenvolvimento que ambicionamos, transformando a sua cultura industrial na indústria da cultura que pode e deve ser.
        Os cerca de 7 ha no centro da cidade e a ligarem a Serra ao Centro Histórico, com a presença de uma fábrica centenária mas em funcionamento até há muito pouco tempo, mantendo todas as infraestruturas físicas de pé (por quanto mais tempo?), com uma ligação profunda à cidade e tendo vivos (felizmente) um número significativo dos operários e técnicos que a mantiveram em funcionamento no início do século, fazem da velhinha Robinson um repositório de memórias e de saberes, capaz de garantir a atratividade de gente e de investimentos que este território precisa.
     Quer através da musealização da fábrica, quer pela concentração no espaço Robinson das associações culturais, da instalação de empresas criativas e de centros de saber a Robinson pode muito bem ser “o nosso Alqueva”!
         Foi com esse objetivo que, recordemos, foi criada a Fundação que herdou o seu espólio e o seu nome.
     Como todos sabemos, tal desiderato não foi atingido. A sujeição quase total às políticas municipais (ou à falta delas), a dependência económica de um município afogado em dívidas, o ter-se visto envolvida, desde as primeiras horas, em arma de arremesso nas lutas político-partidárias, impuseram que a Fundação fosse, nos primeiros tempos, instrumento de captação de financiamentos comunitários e, por fim, quando o município não conseguia sequer garantir a componente nacional desses financiamentos, assumir-se como corpo odiado condenado a servir de desculpa para “todas as maldades do reino”.
        Talvez ainda estejamos a tempo de retomar o percurso para que foi criada.
       Talvez estejamos em condições de SALVARMOS A ROBINSON e SALVARMO-NOS enquanto território e comunidade!
       Que seja Agora!

Diogo Júlio Serra

 * publicado no Jornal Fonte Nova de 28-11-17

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

PORTALEGRE, Cidade Branca,

     

      Portalegre, cidade branca é para muitos portalegrenses, os menos moços, uma imagem de tempos idos. Os mais jovens não têm sequer a menor ideia das razões deste título.
     Os últimos tempos, a falta de civismo de muitos e o "desinteresse" da autarquia transformaram a "cidade branca" numa quase lixeira a céu aberto onde a sujidade das ruas, a decadência de muitas construções a falta de manutenção dos contentores e ilhas ecológicas, o cheiro nauseabundo sentido em algumas artérias da cidade competiam para nos colocarem em patamares terceiro-mundistas reforçados pela ausência de manutenção do mobiliário urbano, das zonas verdes e nos parques e jardins da cidade.
     Como estava distante a cidade branca que os vereadores Adriano Capote e Casimiro Menezes mantinham impecavelmente limpa. 
     Mesmo assim e apesar das manifestações de indignação que passaram a invadir as redes sociais tal situação não foi suficiente para derrotar o preconceito e, por isso, as últimas eleições autárquicas continuaram a apostar em soluções diferentes das preconizadas pela candidatura que dava continuidade à acção desses vereadores.
     Todavia, fruto dos resultados eleitorais terem negado as maiorias absolutas e ser necessário garantir a governabilidade do concelho, o vereador eleito pela CDU (a força política que permitira a eleição dos vereadores atrás lembrados), assumiu a responsabilidade (entre outras) de garantir a cada portalegrense e a quem nos visita uma cidade de cara lavada e o direito a usufruirmos os nossos parques e jardins.
     Foi há uma semana mas algumas diferenças já se fazem sentir. As ilhas ecológicas apareceram de cara lavada e com muitas das mazelas (falta de tampas) saradas, alguns espaços verdes, especialmente em algumas das rotundas da cidade começaram a ter a relva aparada e, talvez o principal, os trabalhadores do sector começaram a sentir que agora têm um vereador visível, presente, disponível, motivado e motivador.
     Isto basta? Claro que não!
     Reconstruir a cidade branca passa pela autarquia e as suas politicas ambientais mas passa também por cada um de nós.
     À autarquia compete garantir os meios materiais e as politicas incentivadoras da mudança que todos queremos: colocação e manutenção do mobiliário urbano adequado, trabalhadores suficientes e mobilizados, politicas que estimulem a participação cidadã de cada munícipe. 
     Ao portalegrenses (de nascimento ou de opção) compete que reforcemos um comportamento cívico, que em muitos casos tem andado ausente, e que nos imponha a necessidade de colocar o lixo no lixo, de impedir a destruição do mobilário urbano, de transformar as nossas praças e jardins em espaços de lazer para nós e para os nossos filhos e não, como agora, em depósito de dejectos dos cãezinhos que teimamos em ter nos apartamentos.
     Se todos assumirmos a nossa parte, Portalegre voltará a ser a Cidade Branca!

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Socialismo, um projeto de futuro!


SOCIALISMO, UM PROJECTO DE FUTURO!*
A sete de Novembro deste ano, dia em que o Jornal Alto Alentejo chega às mãos dos seus leitores, cumpre-se o primeiro centenário da Revolução de Outubro – a primeira revolução triunfante, dirigida pela classe operária e seus  aliados e que viria a mudar a face do mundo.
Neste ano de centenário, quando ainda estão bem vivos os acontecimentos que ditaram a derrota do socialismo na União Soviética e no leste da Europa e os efeitos nefastos para os trabalhadores de todo o mundo importa refletir, debater, aprender sobre os erros cometidos mas sobretudo reafirmar a validade do projeto que deu forma e vida ao sonho de libertação que animou gerações de explorados e oprimidos.
Até então o homem explorado e oprimido, quando consciente da sua situação, imaginou e sonhou a sua liberdade, construiu sonhos e revoltas, chegou a assumir a direção da sua vida na Comuna de Paris mas foi na Rússia semifeudal dominada pelo poder autocrático dos czares, com um povo faminto e pouco ilustrado que o “sonho “ se transformou numa revolução vitoriosa apostada em por fim à exploração do homem pelo homem, a Revolução de Outubro.
O seu carácter anticapitalista e antibeligerante granjearam-lhe de imediato uma profunda simpatia entre os trabalhadores de todo o mundo, mas também ódio e o medo por parte dos setores capitalistas e dos seus governos que desde a primeira hora a fustigaram com boicotes, sabotagens, agressões continuadas das potências de então e o estímulo e apoio aos inimigos internos que dariam origem a uma sangrenta guerra civil.
Simpatias e ódios que seriam acentuados quando, cinco anos mais tarde, foi fundada a União das Republicas Socialistas Soviéticas que corporizava o início da tarefa gigantesca de construir uma sociedade nova com os recursos e meios do estado colocados ao serviço do povo.
Um Estado que instaurou o verdadeiro poder popular – os sovietes e num curto espaço de tempo pôs em pratica ou desenvolveu direitos sociais fundamentais, como o foram: direito ao trabalho, proibição do trabalho infantil, jornada máxima de 8 horas de trabalho, férias pagas, igualdade de direitos de homens e mulheres na família, na vida e no trabalho para citar apenas alguns entre muitos, muitos outros. 
A segunda grande guerra e os tacticismo das principais potências que se opunham ao Nazi-fascismo impuseram à jovem Nação a necessidade de durante três anos enfrentar sozinha o monstro nazi e os seus exércitos e depois, foi de novo o heroísmo do povo soviético e do exército vermelho que determinou o curso da guerra e permitiu a derrota do nazi-fascismo.
A Revolução de Outubro não ficou acantonada nas fronteiras. O conhecimento das experiências no país dos sovietes e das medidas tomadas em defesa da classe operária e de todos os trabalhadores suscitaram em todo o mundo o impulso do movimento operário que foram arrancando dos seus governos e classes dominantes direitos até então impensáveis.
Os ventos da Revolução de Outubro chegaram também a Portugal e atingiram um enorme impacto no movimento operário e nas suas organizações e mais tarde a Pátria da Revolução de Outubro seria um apoiante seguro dos trabalhadores e do povo português na sua luta contra o fascismo em Portugal.
O desaparecimento da União Soviética e as derrotas do socialismo tiveram como resultado palpável um grande salto atrás nos direitos e conquistas dos povos, resultado bem à vista quanto, hoje, os rendimentos de 1% da população mundial são iguais à dos restantes 99% ou o imperialismo se arroga o direito de intervir militarmente em qualquer ponto do mundo.
A desagregação da União Soviética e o consequente desequilíbrio de forças a nível mundial permitiu ao capitalismo desenvolver uma intensa ofensiva, que perdura, contra os direitos dos trabalhadores e dos povos mas tal situação não desvaloriza a importância da primeira experiência, conseguida, de uma sociedade livre da exploração do homem pelo homem e muito menos apaga as grandes realizações e conquistas do povo soviético.
Mais, não altera a natureza exploradora e predadora do capitalismo nem faz esmorecer o sonho e a determinação dos que em todo o mundo lutam por um mundo melhor.
Pessoalmente encontro-me entre os que estão firmemente convencidos de que os trabalhadores ao longo da história da humanidade tomaram o poder por 60 dias, no século XVIII (Comuna de Paris), por 60 anos, no século XX (URSS) haverão de tomá-lo (num tempo que espero próximo) por 60 Séculos e em todo o Planeta!
Com isso continuo a sonhar. Para isso continuarei a contribuir com o que sei e posso.

Diogo Júlio Serra
* publicado no Jornal Alto Alentejo de 8-11-2017