SALVEM A ROBINSON. SALVEMOS O FUTURO!*
Os promotores Petição nº 267/XIII/2ª Salvem a Robinson têm hoje, no dia em
que o Fonte Nova chega às nossas mãos, um dos seus pontos altos.
A 28 de Novembro, pelas 15 horas, a Assembleia da Republica debaterá a
petição subscrita por mais de quatro mil portalegrenses, entre os quais me
incluo, e debaterá igualmente o projeto de resolução apresentado pelo PEV
que recomenda ao Governo que salve
e valorize o património industrial corticeiro da Fábrica Robinson em
Portalegre.
Espero que esta data marque o início dum
segundo fôlego para a Robinson. Não como o baluarte operário e corticeiro de
Portalegre, as mesmas águas dum rio não passam duas vezes a mesma ponte, mas
como espaço de memória e alavanca de desenvolvimento da cidade e do concelho.
Defendo há muito que o Espaço Robinson onde a
fábrica se insere deve alavancar o desenvolvimento que ambicionamos,
transformando a sua cultura industrial na indústria da cultura que pode e deve
ser.
Os cerca de 7 ha no centro da cidade e a ligarem
a Serra ao Centro Histórico, com a presença de uma fábrica centenária mas em
funcionamento até há muito pouco tempo, mantendo todas as infraestruturas
físicas de pé (por quanto mais tempo?), com uma ligação profunda à cidade e
tendo vivos (felizmente) um número significativo dos operários e técnicos que a
mantiveram em funcionamento no início do século, fazem da velhinha Robinson um
repositório de memórias e de saberes, capaz de garantir a atratividade de gente
e de investimentos que este território precisa.
Quer através da musealização da fábrica, quer
pela concentração no espaço Robinson das associações culturais, da instalação de
empresas criativas e de centros de saber a Robinson pode muito bem ser “o nosso
Alqueva”!
Foi com esse objetivo que, recordemos, foi criada
a Fundação que herdou o seu espólio e o seu nome.
Como todos sabemos, tal desiderato não foi
atingido. A sujeição quase total às políticas municipais (ou à falta delas), a
dependência económica de um município afogado em dívidas, o ter-se visto
envolvida, desde as primeiras horas, em arma de arremesso nas lutas político-partidárias,
impuseram que a Fundação fosse, nos primeiros tempos, instrumento de captação
de financiamentos comunitários e, por fim, quando o município não conseguia
sequer garantir a componente nacional desses financiamentos, assumir-se como
corpo odiado condenado a servir de desculpa para “todas as maldades do reino”.
Talvez ainda estejamos a tempo de retomar o
percurso para que foi criada.
Talvez estejamos em condições de SALVARMOS A
ROBINSON e SALVARMO-NOS enquanto território e comunidade!
Que seja Agora!
Diogo Júlio Serra
* publicado no Jornal Fonte Nova de 28-11-17