Diogo Serra*
O desemprego registado nos Centros de Emprego do distrito tem vindo a desacelerar embora não se consiga perceber se tal desaceleração se fica a dever a uma maior taxa de empregabilidade, ao continuar de habilidades contabilísticas ou à continua diminuição da população ativa.
Certezas apenas no facto de tais diminuições não serem reflexo do aumento do emprego.
Os últimos números conhecidos (Julho de 1916) mostram-nos que o desemprego no distrito atingia 8383 trabalhadores, (3.817 homens e 4.566 mulheres) e que, naquele mês as ofertas de emprego disponibilizadas, não sabemos se respondidas, foram de 166.1
Se comparados com os registos do mês anterior (8.606 desempregados) ou com o mês homólogo do ano anterior (9.860 desempregados) a situação regista algumas melhorias mas, ainda assim, fortemente penalizadora para o norte alentejano e as suas gentes.
É que por detrás destes números estão homens e mulheres, mais ou menos jovens e que na sua maioria não tem acesso a quaisquer apoios sociais e por isso, tem de optar entre a exclusão social, a emigração ou a “escravatura moderna” que se expressa ou por trabalho sem direitos, e muitas vezes sem salário.
A análise concelho a concelho mostra-nos que a taxa de desemprego no distrito atingiu os 16,6% com três concelhos: Monforte, Elvas e Gavião a ultrapassarem os 20%
Fonte: Gabinete de Estudos da USNA/cgtp-in
1 Gabinete de Estudos da USNA/cgtp
O desemprego é de facto o grande problema do norte alentejano. É o responsável primeiro pela perda de população e pelo seu envelhecimento e, se não for contrariado levará inevitavelmente ao desaparecimento da região.
Só a cegueira política impede que este problema tenha solução.
A destruição do nosso tecido produtivo, em particular o desmantelamento da indústria, o abandono de grande parte dos terrenos cultiváveis e a deslocalização dos serviços públicos, não pode ser compensada apenas com atividades que embora lucrativas não garantem às populações a estabilidade e a vida digna que todos anseiam e merecem.
É fundamental que os órgãos de poder, central e local, assumam estratégias que garantam ao distrito o desenvolvimento da agricultura com o aumento da área regada e com medidas que garantam a boa utilização da área agrícola e garantam à cidade capital de distrito o retomar da sua cultura industrial.
E não nos digam que não há dinheiro para investir aqui.
Pensemos apenas quanto custa ao distrito e ao país mantermos os mais de 8 mil desempregados.
Se estivessem a produzir e a receber o salário médio nacional ( 829€) entravam na economia distrital cerca de 28 milhões de euros/ano e a segurança social arrecadaria mais 6 milhões em vez dos cerca de um milhão pagos a subsidiar o desemprego.
*Animador Educativo e Sociocultural
Deputado Municipal