quinta-feira, 1 de maio de 2014

1º de Maio em POrtalegre


 

Camaradas:
O 1º de Maio que hoje comemoramos acontece num momento determinante da nossa vida colectiva, num quadro em que aumenta a exploração na razão directa da acumulação e concentração de riqueza nos grupos económicos e financeiros e nos seus serventuários, em que cresce e alastra o empobrecimento para a generalidade da população ao mesmo tempo que disparam as desigualdades, em que os valores e conquistas de Abril são atacados tendo por base a mais vil campanha ideológica desde 1974.
É neste contexto que saudamos os trabalhadores, os jovens, os reformados e pensionistas e os desempregados que por todo o país, no Continente e Regiões Autónomas, comemoram o Dia do Trabalhador lutando, lembrando a memorável jornada de há 40 anos atrás, quando o movimento operário e os trabalhadores, firmes e unidos em torno da sua organização de classe, a Intersindical Nacional, ergueram e juntaram a sua voz ao povo nas ruas, marcando de forma indelével o curso da Revolução de Abril!
Saudamos aqueles que durante os 48 anos do fascismo, enfrentando com coragem a repressão, despertaram consciências, mobilizaram vontades, derrotaram fatalismos e forjaram as condições para acontecer Abril.
 
Saudamos os capitães de Abril e o MFA, que abriram as portas à liberdade, à democracia e à participação do povo na construção da sua vida e destino colectivo.
Nas comemorações dos 40 anos do 25 de Abril e do primeiro 1º de Maio em Liberdade, tem-se dito e escrito muitas coisas. Afirma-se que o Abril consolidado em Maio não tem donos, para tentar ocultar o carácter popular, de classe e de massas da nossa Revolução. Dizem que é de todos, para esconder que, sendo dos trabalhadores e do povo, Abril não é dos grandes grupos monopolistas, nem das sete famílias que detinham o poder no nosso país, não é dos exploradores, nem dos que subordinam a vontade popular à ditadura da finança.
Não são neutros os direitos conquistados.
Não são neutras as conquistas na área da educação e da escola pública, gratuita e de qualidade, na saúde com a edificação do Serviço Nacional de Saúde para todos, na segurança social, com prestações sociais universais e solidárias!
Não é neutra a construção da reforma agrária, as nacionalizações e todos os avanços consagrados na Constituição da República Portuguesa!
Por mais que tentem branquear os anseios e aspirações dos trabalhadores e do povo expressos naquele 1º de Maio de há 40 anos, que também inundou Portalegre, aquilo que esteve e está em causa, é a opção entre a valorização do trabalho e a opressão do capital, entre a justiça social e a perpetuação das desigualdades, entre o desenvolvimento e a estagnação económica, entre um projecto soberano e a subserviência perante as grandes potências, entre o emprego de qualidade e o desemprego, a precariedade e a emigração forçada.
O que está em causa ao longo dos últimos 37 anos é a inversão destes valores, deixando a economia de estar aos serviço do povo, para estar subjugada aos ditames do capital, transformando os trabalhadores em mero instrumento de reprodução da força de trabalho, para satisfazer as necessidades e vontades dos ditos mercados.
Ao contrário do que os arautos do capital afirmam, não é Abril, nem os direitos políticos, económicos, sociais e culturais ganhos com a luta, que estão na origem da crise, mas sim o afastamento dos valores de Abril e a imposição da política de direita que foi prosseguida e está a ser continuada.
 As medidas de austeridade impostas aos trabalhadores e ao povo, quer na versão dos PEC,s quer pela aplicação do memorando das troikas, e que tanto o Governo do PS/Sócrates como o actual Governo do PSD/CDS apelidaram de  “êxito” e de  “sucesso”, são o exemplo acabado dos efeitos nefastos e brutais da opção em continuar a política de direita:
Um “êxito” para os agiotas que ganham milhões com a especulação de uma dívida pública insustentável, e para os defensores da redução do défice à custa do crescimento económico, com Portugal a ter, pela primeira vez na sua história, três anos consecutivos de recessão que já destruiu mais de 9 mil milhões de riqueza produzida.
Um “êxito” para os milionários que todos os anos aumentaram espectacularmente as suas fortunas, quando a pobreza e a exclusão social atinge 1 em cada 4 portugueses.
Um “sucesso” para os que vêem nos serviços públicos fonte de lucros e no direito à educação, saúde e segurança social importantes áreas de negócio, mesmo que tal hipoteque o desenvolvimento humano, a coesão social e territorial e inviabilize o urgente combate às desigualdades!
Um “sucesso” dizem os que vivem à conta das SWAP, PPP e dividendos livres de impostos, em relação a uma política que generaliza a precariedade laboral, que empurra mais de um milhão e quatrocentos mil trabalhadores para o desemprego, e força centenas de milhar a emigrar.
Um “sucesso” para os que engordam à custa da exploração, com o enfraquecimento e individualização das relações de trabalho e o ataque sem precedentes à contratação colectiva para reduzir as retribuições e libertar assim mais recursos para o capital, como é exemplo a redução das indemnizações por despedimento, o aumento da jornada de trabalho na Administração Pública e a transformação em definitivas de medidas que juraram ser provisórias.
Um “êxito” para o grande capital e as grandes potências com o aprofundamento do ataque à soberania nacional, com a situação de “protectorado” a manter-se por mais 20 anos.
Daqui, desta cidade de Portalegre que no longínquo ano de 1895, deu início às comemorações do 1º de Maio com acções de rua,  afirmamos com convicção:  da mesma forma que rejeitámos e derrotámos o papel colonizador do nosso país por ser injusto, rejeitamos e derrotaremos a colonização a que nos querem submeter, porque é ultrajante!
Se os trabalhadores não pararem quanto antes tal ofensiva a política que tem sido seguida contra todos os trabalhadores do sector público, do sector empresarial do Estado e do sector privado, vai ser continuada.
O aumento brutal do IRS suportado por quem trabalha e trabalhou, ao mesmo tempo que se reduz o IRC para as grandes empresas, é apenas mais um exemplo da opção por beneficiar os que muito têm em prejuízo dos muitos que pouco ou nada detêm.
Está visto que a ofensiva não cessa, enquanto não derrotarmos a política de direita e pusermos este Governo na rua. Para eles os sacrifícios nunca são suficientes e é sempre necessário mais cortes para os trabalhadores e a população!
Encenam preocupações sociais, mas aquilo que impõem e preparam são mais cortes nas prestações de desemprego, no abono de família, nas pensões de sobrevivência e querem aumentar ainda mais a idade da reforma.
Bem podem apelar ao consenso e à união nacional, que nós não confundimos o interesse nacional com a espoliação imposta pelo capital, não aceitamos o empobrecimento dos trabalhadores e do povo para alimentar os mesmos de sempre e combateremos e derrotaremos o aprofundamento da exploração e da alienação da soberania, porque temos propostas para uma política alternativa, de esquerda e soberana, de desenvolvimento e justiça social, de exigência de direitos, porque nós cumprimos com os nossos deveres!
Uma política alternativa assente no aumento dos salários, para dinamizar a procura interna e reequilibrar a repartição da riqueza!
Uma política que promova o aumento do salário mínimo nacional, para os 515€ já a 1 de Junho de 2014.
Os trabalhadores estão a ser roubados há 1215 dias, desde que o anterior e o actual Governo fizeram tábua rasa do Acordo em sede de Concertação Social! É hora de desmascarar o Governo e exigir que clarifique a sua posição, poise não aceitamos que continue a esconder as suas intenções.
Exigimos uma política que impulsione o emprego de qualidade e com direitos, para fixar a força de trabalho qualificada e combater a precariedade e a instabilidade profissional. A dinamização da contratação colectiva é um imperativo e um dos alicerces da democracia de Abril, consolidada em Maio.
Esta é a hora de derrotar a tentativa de aumentar o horário de trabalho na Administração Pública, respeitar a autonomia do poder local democrático e fazer vingar os mais de 200 acordos que contemplam as 35 horas semanais. É hora de estender este direito a todo sector público e progressivamente ao sector privado!
Reivindicamos a redução do tempo de trabalho sem perda de retribuição, para promover uma maior justiça social, com os trabalhadores a beneficiar dos enormes avanços científicos e tecnológicos introduzidos no sistema económico e produtivo.
Redução do tempo de trabalho para dinamizar uma melhor distribuição da riqueza e criar mais emprego para aqueles que hoje vêem negado o direito ao trabalho.
Exigimos a dinamização da produção nacional, o incremento do valor da produção e o investimento num aparelho produtivo moderno e de alto valor acrescentado. Sem produzir mais o país nunca estará melhor!
Defendemos uma nova política fiscal, que liberte os assalariados e pensionistas e incida sobre os rendimentos do capital!
Exigimos o reforço das funções sociais do Estado, da escola pública, do serviço nacional de saúde e da segurança social universal e solidária!
É hora de promover e desenvolver os serviços públicos e travar as privatizações em curso!
Temos de subordinar o défice ao crescimento económico e rejeitar as imposições do Tratado Orçamental!
Temos de renegociar a dívida, no seu montante, prazos e juros. Esta foi uma reivindicação que, durante muito tempo, só a CGTP-IN no plano social e muito poucos no plano político defenderam… de dia para dia crescem aqueles que constatam a insustentabilidade da dívida!
As propostas que fazemos, em cada um e em todo o seu domínio, implicam uma ruptura com o projecto de estagnação económica, regressão social e aumento das desigualdades, que a política de direita tem para o nosso país. Em simultâneo significa mais desenvolvimento económico, mais direitos para os trabalhadores e o povo.
Só com a força dos trabalhadores, organizados nas suas estruturas representativas será possível empreender a inversão de política! Só com uma CGTP-IN mais forte e interventiva, com a responsabilização de mais quadros e uma acção sem tréguas em cada empresa, em cada local de trabalho, será possível forçar a demissão do governo e derrotar a política de direita.
É este o nosso compromisso: continuar e intensificar a luta.
Luta que temos de levar até ao voto no próximo dia 25 de Maio, dia de eleições para o Parlamento Europeu, aproveitando esta ocasião para mostrar o cartão vermelho aos que lá, como cá, trazem a miséria, o desemprego, o empobrecimento e a desesperança para as nossas vidas.
Vamos rejeitar os apelos ao voto em branco ou nulo. Vamos votar em consciência, naqueles que defendem os nossos interesses, rejeitam inevitabilidades e que, de forma consequente, têm combatido e combatem a política de direita, apresentam soluções para o país e estão ao lado dos trabalhadores e do povo.
Luta que vai continuar, com uma semana, de 26 a 31 de Maio, para celebrar os 40 anos da conquista do SMN e exigir a sua actualização para os 515€, já a parir de 1 de Junho!
E nos dias 14 e 21 de Junho, no Porto e em Lisboa, vamos promover duas importantes manifestações, porque a nossa luta não vai parar, mas antes será intensificado o combate para derrotar o governo e a política de direita, abrir caminho à construção de uma política alternativa, de Esquerda e Soberana, que sirva os interesses dos trabalhadores, do povo e do país, afirmando os valores e as conquistas de Abril no futuro de Portugal.  
 

 VIVA O 1º DE MAIO!

VIVAM OS TRABALHADORES!

A LUTA CONTINUA!

sábado, 26 de abril de 2014



…Ainda um dia hás-de cantar!

O Alentejo, desde sempre vitima da organização territorial e política do estado-nação e da “inabilidade” para se posicionar face aos detentores do poder continua, quarenta anos depois da reconquista da democracia politica, em patamares de desenvolvimento que ilustram a descriminação de que é vítima.

No momento em que nos preparamos para iniciar mais um ciclo de utilização de fundos comunitários constatamos que continua a ser difícil o aproveitamento integral dos meios financeiros colocados à disposição do país.

Muitos dos obstáculos para conseguirmos transformar esses envelopes financeiros em instrumentos de mudança e de progresso continuam a existir apesar de há muito estarem sinalizados.

Acabados de aprovar um novo Plano de Acção Regional, o PAR Alentejo 2020, podemos constatar que muitas das barreiras identificadas continuam a condicionar a sua implementação e desde logo a teimosia do estado centralista em cumprir a Constituição da Republica, também, no que respeita à Regionalização e, no que a nós respeita, à criação da Região Alentejo.

Apesar de partir de um quadro que não questiona a subordinação dos fundos estruturais à Estratégia Europa 2020 e ao cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento e como isso vai retirar ainda mais capacidade para podermos, o país e a região, definir as politicas de acordo com as nossas necessidades e não com imposições exteriores, o Plano Regional – Alentejo 2020, foi aprovado por unanimidade pelo Conselho da Região e revestir-se-á de grande importância para o próximo futuro.

O Movimento Sindical de Classe que a CGTP-IN corporiza deixou bem claro nas diferentes fases de “construção” do Plano que recusa a subordinação do princípio da coesão social aos objectivos que visam a liberalização dos principais mercados de serviços e bens, com o acelerar do processo de privatização e a desregulamentação do mercado de trabalho.

Uma estratégia de desenvolvimento para o Alentejo só tem préstimo se servir para melhorar a vida de quem aqui vive e trabalha. Tem que ser este o seu objectivo principal.

No nosso caso a perda de postos de trabalho e de população foi de tal grandeza que os principais objectivos que qualquer estratégia de desenvolvimento tem que assumir deverão ser: a facilitação da criação de emprego de qualidade e o aumento dos níveis de vida e de bem-estar da população.

Desde logo medidas para a revalorização do trabalho e para uma industrialização que abranja todas as sub-regiões.

Persistir em centrar os apoios às empresas exportadoras e situadas em “ilhas” dentro do território será o continuar das apostas erradas ou insuficientes para as necessidades da região. O caminho passa pela aposta nos bens transaccionáveis na sua globalidade como consta aliás nos contributos que em nome da CGTP-IN/Alentejo, fiz chegar à Presidência da CCDRA.

“…A proposta centra os apoios às empresas no fomento das exportações, o que consideramos insuficiente para o desenvolvimento regional. Tem sido assim no INALENTEJO, como concluiu a avaliação intercalar do mesmo (pág. 6). Na nossa opinião o próximo período de programação tem que apostar nos bens e serviços transaccionáveis na sua globalidade e não apenas ou primordialmente nas exportações, com o objectivo de substituir importações. Com este objectivo os regulamentos dos apoios deveriam premiar os projectos que visam aumentar a produção para o mercado nacional…”[1]

Este aspecto é particularmente relevante nos bens alimentares uma vez que o país não garante a auto-suficiência em praticamente nenhum produto agrícola tendo a situação vindo a piorar desde a década de 90 do século passado.

A nossa elevada dependência alimentar, gritante nas leguminosas secas (produzimos apenas 8,5% das necessidades do país, mas com grande peso também nos cereais e no arroz (produzimos menos de 30% das necessidades do país) e nas raízes e tubérculos (56,7% das necessidades). Apesar de mais reduzida essa dependência assinala-se também nas carnes, nos frutos e no azeite.

A região poderia e deveria apostar nesses sectores contribuindo para satisfazer as necessidades do país e para criar emprego.

Para o Alentejo e as suas gentes os fundos estruturais e de investimento a serem disponibilizados até 2020 têm que ser (bem) utilizados para que possamos garantir: crescimento económico e criação de emprego de qualidade; aumento da produção regional em particular em sectores que contribua para substituir exportações e diminuir a nossa dependência; diminuição das assimetrias com o exterior e no interior da região; redução da pobreza e da exclusão social; reabilitação urbana e preservação do património cultural.

Sendo certo que nos debatemos com fortes constrangimentos ao desenvolvimento: o comportamento recessivo da demografia regional, a desvitalização social e económica de importantes aglomerados urbanos e dos territórios de baixa densidade, reduzido dinamismo do tecido empresarial, debilidades dos factores estruturantes da atracção de novos investimentos e desvantagens competitivas face a regiões concorrentes, [2] a que acrescem os resultados do desinvestimento público a que grande parte da região foi votada durante décadas. Não é menos certo existirem potencialidades suficientes para que tais constrangimentos possam ser ultrapassados.

O Alentejo detém no seu vasto território recursos suficientes para atrair pessoas e investimentos mas tal não chega para construir o desenvolvimento sustentável que os/as Alentejanos/as reclamam e merecem.

Para atingir esse patamar é essencial uma estratégia de desenvolvimento que aposte na revitalização e modernização do sector produtivo, na revalorização do trabalho e na melhoria dos serviços públicos.

Diogo Serra



[1] PAR Alentejo 2020 – Contributos da CGTP/Alentejo
[2] PAR Alentejo 2020


(Publicado na Revista Alentejo de Abril/2014

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014



Intervenção do Coordenador da USNA/cgtp-in*

     Hoje, na tarde que agora começa, os representantes das forças de ocupação estão em Lisboa a reunir com os parceiros sociais.
     Estarão, certamente, a tentar convencê-los de que é necessário cortar, ainda mais, os salários de quem trabalha. Que é preciso intensificar a destruição do Estado e das suas funções sociais.
     Fazem-no alicerçados nos discursos dos seus mandatários em Portugal: o PPD/PSD, o CDS e o Presidente da Republica que se afadigam em fingir que a situação do país está melhor, que as políticas de recuperação do poder do capital estão a fazer com que o país esteja melhor.
     Uns e outros sabem que são falsas tais afirmações.
     São os números (deles) que o demonstram:
     O malvado défice melhorou? Vamos ver.
     Em 2007 o défice era igual a 60% do PIB.
     Em 2010 o défice era de 94% do PIB e,
     em 1 de Janeiro de 2014 atingia já os 130% do PIB.
     O desemprego que eles dizem ser uma das suas principais preocupações, atingia em 2010 os 11% da população ativa. Em Janeiro deste ano ultrapassa os 17%.
     Onde estão os êxitos desta gente?
     Eles sabem-no. Nós também sabemos onde estão. Estão nos roubos aos trabalhadores que as suas politicas conseguiram garantir.
     Mais uma vez vejamos os números deles.
     Em 2013 o custo com salários diminuiu 7,4% em relação ao ano anterior mas o IRS cobrado aos trabalhadores foi no mesmo período superior a 24%. Ou seja, estas politicas e esta gente retiraram aos trabalhadores mais 31,4% que haviam tirado no ano anterior e transferiram-no direitinho para os bolsos dos grandes empresários e acionistas.
     Mas há mais. No mesmo período, quando o desemprego disparou, o subsídio de desemprego pago, baixou 15% e, o complemento solidário para idosos (destinado a quem recebe pensão inferior a 300 euros) diminuiu 13%.
     Tal significa que também os desempregados  e os reformados com pensões miseráveis, contribuiram  para enriquecer os do costume.
     Olhemos o nosso distrito.
     Durante quatro meses os governantes e os seus papagaios na região, afadigavam-se a encher-nos os ouvidos com a diminuição do desemprego. Diziam que em cada mês o desemprego diminuia apesar de não se ter criado um único emprego. Este mês tiveram que mudar o disco. Afinal, dizem eles, em Janeiro o desemprego aumentou mais 626 desempregados.
     Mas ainda não dizem (dizemos nós) que no Norte Alentejano o desemprego atingiu os 12.289 trabalhadores dos quais, 4019 são mantidos em trabalho escravo (seja em ações de autodenomida formação a troco de subsídio de refeição ou em trabalhos ditos de integração social em que realizam trabalho sem receberem salário) e dos que restam a maioria não usufrui quaisquer rendimentos e são empurrados para a SOPA DOS POBRES.
     Queremos afirmar que reconhecemos o trabalho desenvolvido no distrito pelas diferentes associações que lutam para que as vitimas das politicas de roubo e de exclusão possam ver garantidas algumas refeições.
     Saudamos o esforço que desenvolvem mas queremos reafirmar a nossa convicção que o caminho não pode ser esse. Que o futuro da nossa terra e das nossas gentes não passa por aí.
     O futuro passa por construirmos, todos e todas, as condições necessárias para correr com esta gente dos órgãos de poder.
     O futuro passa pelo retomar dos caminhos de Abril.
     E que ninguém se iluda, a hora que vivemos é a hora das decisões. Todos e todas estamos confrontados com a necessidade de tomar decisões: ou estamos com os trabalhadores na construção do futuro ou estamos do lado da traição.
    Nós, os trabalhadores e o seu Movimento Sindical de Classe, já há muito decidimos.
    Estamos e somo o futuro e por isso e para issa a luta vai continuar!


* Diogo Serra

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

“Contra a violação dos direitos fundamentais; Pelo emprego, salários, saúde, educação, proteção social!”


Como bem sabemos o Governo tem em curso uma política que visa reconfigurar o Estado de direito e as Funções Sociais do Estado.

A violação dos direitos fundamentais dos trabalhadores, dos jovens, dos reformados e pensionistas, dos desempregados é procurar desmembrar  o último reduto de defesa dos cidadãos contra a arbitrariedade do poder.

É o continuar e intensificar as medidas destinadas a vedar ou reduzir o acesso da população aos direitos sociais, económicos e culturais básicos, aumentando as situações de carência, de pobreza e de exclusão social, particularmente em territórios como o nosso e negando, assim, a um número crescente de pessoas o direito a uma vida digna.

Ao violarem, reiteradamente, os direitos fundamentais consagrados na Constituição da República Portuguesa, muitas medidas do Governo afrontam, também, direta ou indiretamente, pelas suas consequências, instrumentos jurídicos internacionais a que o país se encontra vinculado e  põem em causa um conjunto de avanços que Portugal conseguiu, no âmbito do desenvolvimento humano.

Esta é uma política que por estar em rota de colisão com a Constituição da República Portuguesa, precisa de ser contestada e travada quanto antes. A demissão do Governo e a convocação de eleições antecipadas torna-se, neste contexto, um imperativo nacional.

Neste sentido, é de saudar a decisão da DR da USNA de convocar para o dia 26 de Fevereiro, véspera de uma nova visita da troica a Portugal, uma  marcha  “Contra a violação dos direitos fundamentais; Pelo emprego, salários, saúde, educação, proteção social!”, com início às 15 horas frente à sede da USNA e desfile até à porta do Centro de Emprego onde se realizará uma tribuna pública.

A Marcha que terá por base o conjunto de dirigentes e ativistas sindicais impõe de cada um de nós o esforço necessário para que a mesma seja visível e mobilizadora. Que se faça ouvir e tenha o poder de atração necessário para aumentar a participação nas outras iniciativas já definidas.

Contamos com todos e todas para darem corpo a esta ação e para reafirmarem a sua determinação em pôr fim a este estado de coisas.