segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

MUDAR DE RUMO, CONSTRUIR O FUTURO!



Apesar de serem conhecidas desde 1983 algumas movimentações operárias visando a constituição de associações de classe e de também aqui terem chegado quer as notícias sobre os acontecimentos de Chicago quer as ideias oriundas do Congresso Socialista de 1899 em Paris (que instituiu o 1º de Maio como o dia internacional de luta”) o facto é que o Movimento Operário em Portalegre foi, até aos primórdios da Republica, profundamente mutualista.
Essa situação não impediu que as ideias anarquistas comecem a proliferar desde 1894 data em que são registadas algumas prisões entre os operários portalegrenses devido a terem propagado os ideários libertários.
A partir de 1910 a classe operária de Portalegre desperta para a “acção directa” convocando e realizando um número significativo de greves em particular depois da implantação da Republica, mas é em 1911 que em Portalegre como no resto do país se fala pela primeira vez em Greve Geral. Face ao assassinato pela Guarda Republicana de operárias conserveiras de Setúbal em greve, é proclamada uma greve geral para o dia 20 de Março. A greve cumpre-se sobretudo em Lisboa, na margem sul do Tejo e no Alentejo.
É igualmente em 1910/1911 que os operários agrícolas são ganhos para a organização sindical, acontecimento particularmente importante no Alentejo onde a maioria da população trabalha no campo.
Em 1910 ocorre a primeira greve dos rurais no distrito em Cabeços de Vide – Fronteira e em 1911 registam-se importantes movimentos grevistas em Arronches, Campo Maior, Crato e Elvas..
Em Évora, ainda em 2010 (Novembro), realizam-se sessões de propaganda em todas as freguesias, aldeias e vilas do distrito que visam a criação de sindicatos rurais e em 1 de Janeiro de 1911 é inaugurado o Sindicato dos Rurais de Évora . Este sindicato virá em Maio desse ano a convocar a assembleia magna de sindicatos rurais que proclamou para o último dia do mês a primeira greve geral dos rurais do distrito de Évora.
Será uma outra greve também iniciada pelos rurais em Évora que irá trazer a Portalegre, a “dureza” de uma greve geral.
A 1 de Janeiro de 1912 inicia-se em Évora a segunda greve geral dos rurais.
Esta greve brutalmente reprimida pelas autoridades republicanas que mandam encerrar o Sindicato dos Rurais e prender trabalhadores recebe a solidariedade das outras classes profissionais: corticeiros, construção civil e artes auxiliares, manufactores do calçado e pedreiros entram em greve e o sindicato dos empregados do comércio declara-se moralmente ao seu lado. A greve continua. Ao 20º dia a guarda republicana assassina um grevista e em todo o distrito de Évora e em Beja é declarada a Greve Geral enquanto que a Comissão Executiva do Congresso Sindicalista proclama a greve geral em Lisboa que rapidamente se estendeu a Setúbal, Seixal, Montijo, Barreiro, Moita, Vila Franca de Xira.
Em Portalegre o proletariado procura responder aos apelos de solidariedade que entretanto lhes chegam. Corticeiros, Manufactores de Calçado e Alvanéus convocam uma sessão de apoio aos grevistas de Évora que tem lugar na Cooperativa Operária Portalegrense a 20 de Janeiro e que culmina com uma manifestação frente ao Governo Civil, no decorrer da qual são presos oito trabalhadores (três corticeiros, quatro sapateiros e um barbeiro) que ficarão detidos durante 51 dias.
Das greves gerais de 1917 e 1918 convocadas pela União Operária Nacional não encontramos registos de adesões em Portalegre.
Com a fascização dos Sindicatos a luta operária faz-se em condições de clandestinidade. Todavia são conhecidas as lutas e greves desenvolvidas pelo proletariado agrícola pela conquista das 8 horas de trabalho diário.
Foi após a reconquista da liberdade que os trabalhadores e trabalhadoras do Distrito de Portalegre foram chamados a cumprir um maior número de greves gerais. Até ao momento foram convocadas pela CGTP-IN e cumpridas no distrito, cinco greves gerais, estando em preparação uma outra, a sexta, que será concretizada a 24 de Novembro próximo.
A primeira greve geral do pós 25 de Abril realizou-se a 12 de Fevereiro de 1982, durante o governo da AD liderado por Francisco Balsemão. Decorreu sob o lema “Uma só solução, AD fora do Governo” e fez-se sentir com grande intensidade em todos os concelhos e em todos os sectores de actividade do distrito.
A segunda greve geral realizou-se três meses depois da primeira, a 11 de Maio. Foi convocada para protestar contra o assassínio de dois trabalhadores que no Porto exerciam o direito de comemorar o 1º de Maio na Praça da Liberdade. Teve igualmente uma forte adesão dos trabalhadores e trabalhadoras do distrito.
Seis anos mais tarde, a 28 de Março de 1988, com um governo liderado por Cavaco Silva, a CGTP convoca a greve geral contra o “Pacote Laboral de Bagão Félix” e a tentativa de enfraquecer os direitos dos trabalhadores, facilitar os despedimentos e o trabalho precário. Pela primeira vez desde a sua criação a UGT declarou-se ao lado da greve.
No Distrito de Portalegre esta “nova” situação foi visível no facto de alguns estabelecimentos bancários terem encerrado.
Em Dezembro de 2002 a CGTP-IN convoca a quarta greve geral. A greve geral concretiza-se no dia 10 e visa protestar contra o aumento do desemprego, a precariedade laboral e a destruição dos serviços públicos levados a cabo pelo governo da coligação PSD/CDS liderado por Durão Barroso.
De novo a greve chega a todos os concelhos e a todos os sectores de actividade.
Já com Sócrates no Governo a CGTP-IN convoca a 5ª greve geral depois de Abril. A greve tem lugar a 30 de Maio de 2007 e tem como objectivo dar combate à política social do governo e às tentativas de imposição da flexisegurança e da precarização.
Para dia 24 de Novembro está marcada uma nova greve geral. Desta vez a greve é não só a favor dos trabalhadores e dos seus direitos mas também a favor do povo e em particular dos jovens, em favor do futuro do país.
No Norte Alentejano a greve geral é também uma resposta à necessidade de provocar uma rotura com as políticas que nos têm vindo a impor a destruição do nosso sector produtivo, o desemprego e os salários em atraso. No distrito de Portalegre a greve geral não vai ser – mais uma greve geral – vai ser um contributo dos trabalhadores e da população por em movimento a força necessária para quebrar a barreira do esquecimento a que esta região tem sido votada e tornar eficaz a exigência de que o Norte Alentejano possa atingir os patamares de desenvolvimento a que aspira e merece.
As adesões à greve geral estão a ser, também aqui, muitas e diversificadas. Não poderia ser de outra maneira. O Norte Alentejano tem sobejas razões para estar na luta: uma taxa de desemprego que ronda os 10 mil, as principais empresas encerradas ou com salários em atraso, os serviços públicos a serem desmantelados os jovens mergulhados na mais profunda precariedade. Tem ainda uma forte razão para vir à luta: a certeza de que juntos podemos e vamos conseguir a mudança necessária.

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