quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

POR UMA ESCOLA DE REFERÊNCIA EM PORTALEGRE!



Nos últimos tempos a pacatez de Portalegre tem vindo a ser perturbada com o renovar da discussão sobre a instalação, ou não, de uma nova escola que uns querem instalar sobre o Estádio Municipal e que outros entendem não ser ali, o local apropriado.
Recorde-se que esta discussão já vinha sendo travada desde as últimas eleições autárquicas; não sobre a necessidade, ou não, de uma ou mais escolas mas sim, sobre o desmantelamento, ou não, do Estádio Municipal.
Da anterior discussão ficou claro para todos que a candidatura de Mata Cáceres apostava na destruição do estádio, enquanto que todas as outras se posicionavam pela manutenção de um equipamento que, apesar de carente de manutenção, continua a ser imprescindível para a actividade desportiva dos clubes da cidade.
Foi perante estas posições em confronto que “ o povo lagóia” decidiu eleger para o seu/nosso município uma maioria que não aceita a destruição do Estádio Municipal.
Os mais recentes acontecimentos estão bem vivos na memória dos portalegrenses: Mata Cáceres perdeu a sua maioria “absolutíssima” e quer agora, em minoria, impor a sua vontade.
Apesar de conhecer a posição das outras forças políticas que compõem o Executivo, vem agora propor em reunião de Câmara, aquilo que não fez quando tinha uma maioria esmagadora. A diferença é que agora a destruição do estádio vem escondida por detrás da construção de uma nova escola – a tal Escola de Referência que Mata Cáceres quer à força toda colocar em pleno campo de jogos do Estádio Municipal de Portalegre.
Trata-se é claro de uma operação de mera propaganda. O Presidente da Câmara e o “seu” PSD sabiam que a sua proposta não poderia ser aprovada, mas sabiam/desejavam que a decisão lhes permitiria continuarem por mais algum tempo com a demagógica campanha de culpar os outros pelo que não fizeram ou fizeram mal.
Posto isto, analisemos agora a bondade, ou não, da tal Escola de Referência e em primeiro lugar situemo-nos sobre o significado de uma “Escola de Referência”.
Para mim, espero que para a generalidade da comunidade escolar, uma Escola de Referência é uma escola onde todos, alunos, professores, pessoal não docente e pais encontrem as condições necessárias para o exercício pleno dos seus direitos e deveres.
Uma escola onde os professores tenham turmas com o número de alunos ajustado aos interesses dos alunos e da docência e não ajustados aos interesses economicistas do Ministério que as tutela.
Uma escola com trabalhadores não docentes em quantidade e qualidade que garantam a todos a segurança e o bem-estar ideais para quem aprende e para quem ensina.
Uma escola inclusiva mas que garanta a alunos, pais e professores que a violência não terá lugar no seu seio.
Uma escola onde os seus profissionais, docentes e não docentes, seja detentores de um vinculo estável e as condições adequadas ao fim último de uma escola: formar cidadãs e cidadãos livres e responsáveis.
Pelo que temos ouvido aos defensores da “Tal Escola de Referência” não será este o conceito que defendem. Para eles a Escola de Referência é uma mega escola onde caibam crianças e adolescentes entre os 8 e os 18 anos. Quanto ao número de alunos por turma, à estabilidade do corpo docente, número e qualificação do pessoal não docente, às políticas que contrariem a violência entre alunos – como acontece já em algumas das escolas da cidade – ao uso e abuso de desempregados no exercício no exercício de tarefas regulares e de responsabilidade, como o são a vigilância e o controlo das entradas, todos eles dizem ZERO.
Que José Mata Cáceres e o seu representante à frente da estrutura local do PSD tenham esta visão “latifundista” da escola até podemos entender: o primeiro pela sua formação e o segundo pela necessidade de obediência. Muito difícil de aceitar é o silêncio das vereadoras do PSD. É que ambas são docentes, ou não?

Diogo Serra
(artigo publicado no Jornal Alto Alentejo)

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