Vir’ ó disco
e toca o mesmo!
Algumas dessas festarolas já
tiveram lugar e foram aproveitadas pelos chefes políticos para apresentarem as
“propostas de mudança”... Entre estas e merecendo os favores dos grandes meios
de comunicação aconteceu a festa que o PPD promove anualmente no Pontal. Desta
vez, porque no poder, com discurso do Primeiro-ministro com as também habituais
promessas que quem está no poder gosta de lançar e as oposições gostam de
denunciar como mentiras ou obscuras intenções eleitoralistas.
Cumpriu-se a tradição! Não
faltaram as inflamadas tiradas do Primeiro-ministro, o atirar-nos alguns
“rebuçados” e a esconder-nos quer as responsabilidade que tem (mais o seu
partido) na dificílima situação com que os trabalhadores e as populações se
confrontam quer, a sinistra intenção de continuar e acelerar as politicas
responsáveis por tal situação.
Também não faltaram os papagaios
pagos para nos fazerem acreditar nas maravilhas da governação e propagandearem
como extraordinário o discurso do “chefe” e a bondade das medidas anunciadas.
E eu, que fui premiado com uma
dessas medidas (em Outubro vou ter uma benesse extraordinária de… 100 euros)
não consigo compreender a bondade do discurso ou a sua novidade.
Na verdade o discurso do
primeiro-ministro foi mais do mesmo. Como outros discursos de outros primeiros-ministros
passou ao lado da situação dos trabalhadores e do país e não dá resposta aos
graves problemas que afectam quem cá vive, quem quer cá viver e trabalhar, não
responde aos anseios dos jovens e das necessidades dos idosos.
E não foi nem distracção nem
desconhecimento. Ele sabe, nós sabemos que ele sabe, que o que valoriza o
trabalho e os trabalhadores são salários dignos e respeito pelas carreiras e
sabe muito bem que é urgente e necessário um aumento dos salários que possa dar
resposta aos aumentos brutais do custo de vida.
Sabe que o que fará com que os jovens queiram viver e
trabalhar em Portugal são salários dignos, vínculos de trabalho estáveis, habitação acessível,
que lhes permitam perspectivar o seu futuro. Não é a redução de impostos que há
boleia abre caminho para a acumulação de mais lucros pelos mesmos do costume,
aprofundando desigualdades, que fará com que os jovens optem por ficar no País.
Sabe, como também o sabiam os anteriores governos,
que o que garantirá condições e qualidade de vida aos
reformados e pensionistas é o aumento significativo das pensões e reformas para
responder às necessidades e não medidas pontuais como o anunciado “suplemento
extraordinário” de 200, 150 ou 100 euros em Outubro. Esta migalha não pode
servir de pretexto para que não se proceda a um aumento das reformas necessário
e possível.
Ele, como os primeiros-ministros que o antecederam,
sabe que a grave situação que vivemos só será travada e invertida se forem
alteradas as políticas que têm sido seguidas nas últimas décadas e que impõem
que 62% dos trabalhadores por conta de
outrem têm um salário bruto até 1000€ e, 745 mil trabalhadores recebiam em 2023, o Salário Mínimo Nacional,
cujo valor líquido é, atualmente, de 729,80€.
E não nos venham dizer que não há dinheiro. Todos
sabemos dos avultados milhões desviados para alimentar a guerra.
Também o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, está em
marcha, com o argumento que não há dinheiro para contratar e pagar justamente
aos profissionais de saúde, enquanto se transferem milhões para as empresas do
negócio da doença.
Não é falta de dinheiro. É a política de classe da direita
no poder que impede uma outra distribuição da riqueza. É a política de classe
da direita no poder, agora e antes, que nos leva a que um em cada dez
trabalhadores encontra-se numa situação de pobreza enquanto os lucros dos
grandes grupos económicos no
nosso País atingiram no primeiro semestre 32,5 mil milhões de euros por dia.
Até quando o permitiremos?
Diogo Júlio Serra