quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

 

CONTRA CORRENTE

            Desde há muito “virou moda” bater na Fundação Robinson.
            As diferentes forças políticas do concelho elegeram esta instituição da cidade como saco de areia para o seu apuramento enquanto boxeurs!
            As motivações não serão iguais mas o resultado é praticamente o mesmo: colocar sobre a Fundação Robinson as suas próprias frustrações e o resultado das suas debilidades técnicas e políticas.
            É também perfeitamente claro que muitas vezes a Fundação se tem “colocado a jeito”. Vejam-se a quase ausência de relações comerciais com as empresas do concelho, o “abandono” nunca explicado do que era o seu projecto inicial, a pouca informação e a “má imprensa” que cultivou ao longo dos anos, as dificuldades em explicar à cidade e ao concelho as diferentes opções que foi tomando, mesmo quando era fácil mostrar as vantagens de tais opções.
            Neste momento assiste-se ao incentivar das campanhas anti-Fundação, insistindo-se em apresentá-la como culpada pelo incumprimento permanente em que a autarquia se mantém: com as freguesias, com as instituições culturais e desportivas, com os seus fornecedores e os seus cidadãos. A Fundação é acusada de sugar os subsídios de outras colectividades e de, ela própria, ser subsio-dependente necessitando de subsídios da autarquia até para pagar os vencimentos dos seus trabalhadores.
            É tudo mentira? Não. Até porque como dizia o poeta,  “para a mentira ser segura/ e atingir profundidade/ tem que trazer à mistura/qualquer coisa de verdade”.
            Se a discussão (que deve/tem que ser feita) tivesse como objectivo a defesa do concelho e a necessária e desejável preservação da memória da “fábrica da rolha” e da actividade corticeira em Portalegre, muito diferente teriam que ser os discursos quer do Executivo Municipal quer das forças politicas nele representadas.
            O muito que há para dizer e sobretudo para (continuar a) fazer poderá não se inscrever nas estratégias politico-eleitorais de cada uma dessas forças mas ajudaria certamente à compreensão de todo este processo.
            Neste início de 2015, quando as diferentes forças politicas alinham já as suas agendas com os olhos postos nos diferentes actos eleitorais, não poderemos aspirar a posições diferentes das habituais tiradas demagógicas com que uns e outros visam fixar as franjas do eleitorado que cada uma elegeu já como seu. E no entanto todos ficaríamos a ganhar se o caminho fosse diferente.
            Todos os portalegrenses ganhariam se a Câmara Municipal quebrasse o ruidoso silêncio a que se remeteu e viesse explicar as causas que levaram a Fundação a ter que solicitar ao Executivo Municipal que assuma mensalmente o pagamento dos funcionários da Fundação.
            Deveria ainda informar os seus munícipes acerca dos projectos e das obras em que a Fundação se substitui à Câmara e quais as razões que o impõem. O facto da Fundação ter sido agora, mais uma vez, a entidade capaz de garantir o financiamento para as infra-estruturas do espaço Robinson, poderia a ajudar nesse esclarecimento.
            Também os partidos e movimentos que nas últimas décadas passaram pelos diferentes executivos deveriam substituir a guerrilha em que se têm envolvido pela informação séria e necessária a podermos avaliar o seu comportamento e em particular:
            - Quantos dos seus membros e durante quanto tempo participaram nos órgãos e nas decisões da Fundação?
            - Quantos dos seus membros e durante quanto tempo estiveram nos Executivos Municipais que (dizem) usou a Fundação para fugir ao controlo democrático do próprio Executivo e da Assembleia Municipal?
            - Que defendem, de facto, para a Fundação Robinson?
            Se assim agissem certamente todos (munícipes, autarquias, fundação) estaríamos melhor preparados para ajuizar os passos dados e definirmos o futuro da nossa comunidade.
            Já agora, seria igualmente interessante saber o que cada força política conhece e defende em relação ao ICTVR-International Center for Technology in Virtual Reality.

 

Diogo Serra