Diogo J. Serra*
Foram décadas de políticas de direita e a subordinação do interesse nacional aos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros que colocaram Portugal na situação em que hoje se encontra: perda da independência e empobrecimento.
Essas políticas foram traçadas e executadas por quantos integrados no chamado arco do poder se foram revezando nos mais altos cargos públicos e a partir daí foram executando as políticas delineadas para transferirem toda a riqueza produzida para os cofres dos agiotas internacionais e/ou dos amigos externos e internos.
Quem decidiu e beneficiou com a destruição da agricultura e das pescas? Quem destruiu o tecido produtivo nacional e fez do encerramento de empresas chorudos negócios? Quem trocou a produção nacional pelas importações e o endividamento do país? Quem decidiu e lucrou com a destruição do sector empresarial do estado e com a desnacionalização da banca?
A resposta é conhecida. Foram os grandes accionistas da banca entretanto desnacionalizada e dos grandes grupos económicos (energia, comunicações, distribuição alimentar, etc…) que acumularam fortunas impressionantes em resultado dessas políticas e do empobrecimento do país. Foram os países mandantes da União Europeia que nos transformaram em mercado para os produtos que precisamos e que eles nos impuseram não poder produzir.
São esses que não pararam de engordar à custa do esforço de todos os que gritam agora que é necessário reduzir as gorduras do estado e dos portugueses e querem liquidar os direitos dos trabalhadores e das famílias, que sonham com o acerto de contas com o 25 de Abril e ao mesmo tempo mantém para si o crescimento continuado de benesses e fortunas.
O distrito de Portalegre é só por si um manancial de razões que nos impõem cumprir a Greve Geral e aumentar e intensificar o combate que é “obrigatório” travar.
A população do distrito de Portalegre diminuiu na última década mais de 6 mil habitantes, tendo a quebra sido mais acentuada entre a população mais jovem do que entre os idosos.
O PIB do distrito cresceu numa percentagem quatro vezes inferior à média nacional (12,9%) e o PIB per capita (que mede a riqueza criada por habitante), no valor de 13 mil euros por ano, é inferior à média nacional em mais de 15%.
Foi praticamente destruído o aparelho produtivo nacional e em particular o sector industrial com a destruição das principais empresas do distrito: fábrica de Lanifícios, Jonhson Control, Robinson Bros, Delphi/Inlan, Lactogal, e tantas outras.
Foram postos em causa serviços públicos fundamentais como o ensino e a saúde através do encerramento de escolas e de extensões de centros de saúde e dificultado o seu acesso quer com o seu afastamento das populações mais isoladas, quer com a retirada do transporte necessário para os usufruir.
Foi-nos imposto um feroz isolamento quer pela não construção das necessárias infra-estruturas rodoviárias quer, como agora pela extinção do transporte de passageiros pelo caminho-de-ferro.
Agora, quando os impactos de todos esses desvarios fazem sentir-se de forma brutal no distrito, afadigam-se em roubar-nos direitos, salários, serviços. Condenam-nos ao trabalho não pago e impõe-nos o retorno aos caminhos da emigração como a saída possível.
Estas são algumas das muitas razões para estarmos na primeira linha da resistência à destruição de um território e de uma região e das formas de vida que são nossas.
Por tudo isto esta Greve Geral é um tempo de dizer BASTA!
* publicado no Jornal Alto Alentejo
23-11-2011