quinta-feira, 27 de outubro de 2011

CGTP. “Quem se prepara para governar já mandou a Constituição às malvas”



Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, fez hoje a promessa que vai marcar a dinâmica desta central sindical no futuro próximo: “Vamos vigiar atentamente todos os passos do novo Governo e prometemos resposta rápida a todos os ataques aos direitos dos trabalhadores”. A linha de horizonte da luta dos trabalhadores aponta, segundo este dirigente sindicalista, “para a Constituição da República Portuguesa”. Isto quer dizer que “os próximos tempos vão ser de acção, muita acção”, promete Carvalho da Silva. O sindicalista mostra-se preocupado com "a permissividade com que alguns contitucionalistas andam a fazer leituras da Constituição". E acrescentou que " quem se prepara para ir para o governo já mandou a Constituição às malvas".

As forçosas alterações constitucionais que o acordo com a troika implica poderão significar “um golpe de Estado constitucional, um ataque fortíssimo à democracia e à soberania nacional e uma negação do desenvolvimento do país", conforme se pode ler na resolução, hoje aprovada, onde se analisa os resultados eleitorais. Carvalho da Silva quer lembrar ao povo português de que "há sempre alternativas em democracia e que este não é o único caminho a seguir, apesar do que o Presidente da República, o PSD, o CDS e o PS têm dito desde o início". Alterações na legislação laboral, "com vista a facilitar os despedimentos", redução da Taxa Social Única, redução das pensões, entre outras matérias, "são pontos em que a CGTP vai estar muito atenta às propostas que forem surgindo".
É fácil adivinhar que, para a CGTP, "a vitória da direita é muito preocupante" e coloca "um cenário de possibilidade concreta de mobilização sindical". Esta vitória eleitoral é fruto de factores como o "descrédito acumulado do anterior governo, do PS, e a ocultação na campanha do que realmente vai acontecer".
As acções já delineadas pela CGTP passam por três fases: "Jornada de debate aprofundado sobre as formas de luta e de tomada de consciência da situação geral do país"; "aprofundar o debate sobre a agenda política do Governo e da troika" e "resposta oportuna a cada medida ou proposta que seja feita em relação aos direitos dos trabalhadores".
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Resolução dos Participantes na Acção de Rua de 27 de Outubro organizada no âmbito da semana de Luta convocada pela CGTP-IN



O Norte Alentejano, como o país está confrontado com a apresentação pelo Governo PSD-CDS, de um novo e agravado programa de austeridade, sem paralelo desde o 25 de Abril.

Este novo pacote de austeridade não significa apenas a recessão económica, o empobrecimento generalizado da população e o aumento do desemprego. Representa um ataque brutal à democracia e também um recuo civilizacional, que põe em causa princípios basilares de estruturação social e direitos e garantias fundamentais, consagrados na Constituição da República Portuguesa.
Estamos perante um programa de agressão aos trabalhadores, ao povo e ao país. As medidas apresentadas são desastrosas, porque não só não resolvem a crise da dívida, como a agravam.
Estas medidas, a concretizarem-se, mergulhariam ainda mais o país na recessão económica, que o Governo já admite seja da ordem dos 3% em 2012, o que irá agravar, em vez de reduzir, o peso da dívida.
O empobrecimento dos trabalhadores, não só da Administração Pública, mas também do sector privado, dos reformados e pensionistas e da população em geral é, não só socialmente injusto e intolerável, como contraproducente, porque a quebra do poder de compra está a ter efeitos devastadores no mercado interno, levando ao encerramento de empresas e à consequente perda de postos de trabalho.
No que ao nosso distrito diz respeito a generalidade da população está a pagar a factura de uma crise que não provocou. O desmantelamento do caminho-de-ferro e o desinvestimento nas vias rodoviárias, o encerramento de escolas, de extensões dos centros de saúde e de freguesias impõe novas formas de isolamento e de abandono de inúmeras aldeias, o brutal corte dos meios financeiros dos municípios e da região retira-nos a possibilidade de contar com algumas almofadas que ainda vinham amenizando a situação das populações.
Todos sabemos que foram as políticas seguidas por sucessivos Governos que levaram:
  • às perdas de competitividade da economia portuguesa;
  • à liquidação de parte do nosso tecido produtivo;
  • aos contratos desastrosos para o Estado no âmbito das parcerias público-privadas;
  • ao buraco do BPN, que poderá consumir 3 mil milhões de euros;
  • à não canalização do crédito ao sector produtivo;
  • à falta de eficiência e a baixa produtividade de muitas empresas;
  • à corrupção, à fraude e evasão fiscais e economia clandestina.
Os buracos de que o Primeiro-ministro fala têm origem nestas políticas levadas a cabo por sucessivos governos e que este prossegue e agrava com a sua política de terra queimada!
A não ser travada, a concretização de mais privatizações, nomeadamente da captação, tratamento e distribuição de água e resíduos, de redução de serviços nas empresas de transportes, e de cortes no Estado Social, designadamente na segurança social, na saúde e na educação, a par do agravamento da inflação, conduzirá a efeitos desastrosos no desenvolvimento do país, na qualidade dos serviços públicos, na política de prevenção e provocarão o aumento da precariedade, do desemprego, da pobreza e da exclusão social.
A Luta não pode parar!
Rejeitamos o aumento da duração do trabalho em 2,5 horas, das 40 para as 42,5 horas semanais, porque vai reduzir, em média, os salários em 7% e aumentar o desemprego, mas também porque é ilegal e subverte a negociação da contratação colectiva.
Tal como a redução dos feriados, que também se recusa, esta é uma medida que nada tem a ver com a redução da dívida ou do défice. Trata-se, tão só, de uma transferência directa dos rendimentos dos trabalhadores para os bolsos dos grandes accionistas e do grande patronato.
Portugal e o distrito precisam de uma outra política que exija a renegociação da dívida – dos prazos, dos juros e dos montantes a pagar –, e promova o crescimento e o emprego com direitos, aposte na dinamização do sector produtivo, garanta o aumento dos salários e das pensões, assegure a defesa e o reforço das Funções Sociais do Estado e dos serviços públicos, valorize o trabalho e dignifique os trabalhadores.
A USNA/cgtp-in não aceita e tudo fará para combater o roubo do subsídio de Natal de todos os trabalhadores em 2011, e dos subsídios de Natal e de férias dos trabalhadores da Administração Pública e do Sector Empresarial do Estado, assim como dos pensionistas em geral para os próximo 2 anos, os cortes nos salários, o agravamento dos impostos, a diminuição do valor e do poder de compra das pensões, a redução do subsídio de desemprego e a eliminação do abono de família e do rendimento social de inserção a milhares de famílias.
Neste sentido, os participantes na jornada de 27 de Outubro na cidade de Portalegre decidem:
                    Saudar a decisão da CGTP-INTERSINDICAL de convocar a Greve Geral para o dia 24 de Novembro de 2011, contra a exploração e o empobrecimento; por um Portugal desenvolvido e soberano; pelo emprego; salários; direitos; serviços públicos;
                    Intensificar o esclarecimento e a mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras para os objectivos e a importância da luta pelos direitos laborais, sociais e políticos e em particular da Greve Geral.
                     Apelar a todas as organizações políticas e sociais do distrito vítimas do programa de agressão em curso que se integrem nas acções de resistência e luta indispensáveis à defesa dos interesses das populações e da região.
                    Saudar as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras já definidas e que anteciparão a greve geral e em particular as lutas já anunciadas pelo sector dos transportes para o dia 8 de Novembro e da manifestação nacional anunciada pela Administração Pública para o próximo dia 12 de Novembro.
                    Assumir a intenção de tudo fazer para que a Greve Geral atinja, também no Norte Alentejano, a dimensão que os problemas que se colocam aos trabalhadores e à região merecem e exigem. 

Portalegre, 2011-10-27

sábado, 15 de outubro de 2011

Manuel da Fonseca ...um maltês do nosso tempo!


Era o ano de 1989. O executivo municipal que eu integrava como vereador da cultura aprovou a minha proposta de criação da biblioteca municipal.
Propus então que fosse nomeada uma comissão instaladora da biblioteca constituída por um conjunto de arronchenses que se preocupavam com as politicas culturais do conccelho e estavam disponíveis para ajudar na sua concretização.
A 4 de Abril desse ano no edifício dos Paços do Concelho, o Presidente Miguel Lagarto dava posse à Comissão Instaladora: Ana Maria Venâncio, professora do ensino secundário; J. Conde, Jesus Balbino, Emília Costa e Daniel Balbino, professores do 1º ciclo e Fernando Santos então ainda estudante. Era acompanhado nesse acto pelo escritor Manuel da Fonseca que se disponibilizara para apadrinhar o acto e proferir uma conferência na Escola B.I. Srª da Luz.
Posteriormente o executivo municipal haveria de decidir atribuir o nome de Manuel da Fonseca à sua biblioteca. Decisão cuja execução foi sendo adiada, até hoje...
Hoje, 15 de Agosto de 2011, cumpre-se um século do seu nascimento.
Foi a data escolhida para tentarmos "pagar a dívida" que o Município de Arronches tem para com o escritor e por isso, reunidos no salão da Cooperativa Trabalho e Progresso, fálamos do homem, do contista, do remancista, do poeta e do Homem Alentejano que ele sempre foi.
Três amigos e admiradores que com ele privaram falaram das suas memórias e da sua obra.
Eu próprio falei da sua vinda a Arronches, o professor Daniel Balbino falou do Neorealismo e do romancista e o Ten. Coronel Matos Serra mostrou-nos o estraordinário poeta que Manuel da Fonseca foi.
Uma tarde cultural marcada pela redescoberta de Manuel da Fonseca.